Com custo de 15 milhões de euros, Ralf Schumacher diz que caminho para a F1 é inacessível para "meros mortais"
Alemão, cujo filho tentou chegar à F1 e hoje corre no DTM, acredita que FIA tem parcela de culpa por estreitar caminho ao Mundial
Nos últimos anos, o panorama do caminho à Fórmula 1 mudou muito. A FIA simplificou o caminho ao centralizar os campeonatos nas Fórmulas 2 e 3, enquanto os custos aumentaram e as opções reduziram. Segundo Ralf Schumacher, hoje é preciso 15 milhões de euros para subir essa escada. Uma soma absurda para o alemão, cujo filho, David, tenta seguir.
Ralf, vencedor de seis GPs na F1, acompanha de perto esse desenvolvimento ainda por outro motivo. Além de David, ele é cofundador da US Racing, equipe que corre nos principais campeonatos de Fórmula 4.
Em entrevista à publicação-irmã do Motorsport.com na Alemanha, Formel1.de, Schumacher dá uma visão desanimadora da situação em relação aos orçamentos necessários para jovens pilotos.
"É certamente impensável que um mero pai mortal possa pagar isso. Já vemos isso nas categorias do kart. Há um ou dois campeonatos nacionais em que isso é possível mas, fora, sem apoio, fica muito difícil".
"Eles começam no kart com seis ou sete anos. Os primeiros anos não são tão caros, mas em toda uma carreira com Fórmula 2 e Fórmula 3, incluindo testes e preparação, eu diria que a soma chega entre 13 e 15 milhões de euros".
David Schumacher, Charouz Racing System
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Segundo Ralf, os custos seguem mais ou menos razoáveis em relação à qualidade da competição e ao tempo de permanência no kart, com uma temporada de 250 mil euros para grandes competições internacionais e 300 mil euros para a Fórmula 4 (sem incluir custos de danos e testes).
Porém, indo adiante, a partir da Fórmula Regional Europeia by Alpine (FRECA), campeonato intermediário entre as Fórmulas 4 e 3, "só vai complicando, porque a Fórmula 3 e a Fórmula 2 são explosivas, é muito caro. Para lhe dar um número: para David, a F3 custou 1,3 milhão de euros por um ano, com apenas seis dias de testes".
David Schumacher passou uma temporada na F4, uma FRECA e duas na F3, antes de ir para o DTM. Na F3, o jovem alemão não somou nenhum ponto em sua temporada inaugural com a Charouz mas, no ano seguinte, venceu com a Trident.
"Claro, algumas equipes oferecem [uma vaga na F3] por menos de um milhão, mas uma boa equipe é 1,3 milhão", disse Ralf, que afirma que, na F2, é o dobro. "Há equipes que oferecem uma vaga por menos de dois milhões, mas o número de corridas aumentou, há muito mais... As equipes mais caras já se aproximam dos três milhões de euros".
"Claro, existem equipes que podem cobrar mais porque são bem-sucedidas. A Prema é um exemplo disso. Eles são os mais caros, já estão perto de 2 milhões de euros para a F3, ou mais, dependendo de quem quer correr".
"Mas o custo de compra de uma vaga, com equipamento, caminhão e tudo necessário para ir ao circuito, mecânicos, viagens, tudo isso é muito caro. Você não ganha dinheiro lá, e o risco não é proporcional ao rendimento das equipes"
Assim, segundo Schumacher, a Federação tem um dedo nessa culpa: "A FIA tentou interferir e criou essas categorias, o que não é ruim em teoria, mas estreitou o cenário e, obviamente, não há alternativas".
Mick Schumacher, Haas F1 Team e Ralf Schumacher
Photo by: Andy Hone / Motorsport Images
O contexto é particularmente preocupante para a Alemanha que, em poucos anos, perdeu sua Fórmula 3, seu GP de F1 e vários pilotos no grid do mundial. Há dez anos, era o país mais representado na elite; porém, desde então, apenas dois estreantes chegaram lá: Pascal Wehrlein e Mick Schumacher. Ambos de carreiras breves.
Nenhum alemão disputou uma temporada completa na F3 ou na F2 neste ano. Mesmo no horizonte de 2026, com a chegada da Audi ao lado da Mercedes, Schumacher não se mostra otimista com os representantes do país.
"Nas fórmulas de base, não vejo ninguém atualmente, pelo menos não tenho ninguém que me venha à mente diretamente pelos próximos quatro anos".
Ralf fez também uma retrospectiva do início de sua carreira, chegando à F1 após dois anos na Fórmula BMW, duas na F3 Alemã e uma na Fórmula Nippon, hoje Super Fórmula, onde venceu. Ele reconhece que "o nível não era tão elevado" e que "teve muita sorte".
"Na época, a ADAC [Federação Alemã de Automobilismo] realmente apoiava seus pilotos. Entrei para as fórmulas com apoio, e tive a sorte de ser piloto de fábrica da Opel na Fórmula 3. Depois, graças ao GP de Macau, um piloto japonês entrou em contato para que eu testasse na Fórmula Nippon que, na época, era a Fórmula 2, na minha opinião, e os testes foram bons".
"Pude pilotar de graça, porque eles me queriam. Conquistei o título e as coisas seguiram seu curso. Mas isso já não é mais possível hoje".
Ralf Schumacher, TeamLe Mans
Photo by: Sutton Images
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