F1: Após fim de vínculo com a Red Bull, relembre linha do tempo da demissão de Horner
De uma investigação sobre sua gestão à queda no desempenho do carro, aqui está tudo o que precedeu a saída do ex-chefe de equipe

Christian Horner, Red Bull Racing
Foto de: Red Bull Content Pool
Demitido em julho deste ano após 20 anos como chefe de equipe, Christian Horner deixou oficialmente a Red Bull após um acordo com a marca austríaca. Embora sua gestão tenha transformado o time em um dos mais bem-sucedidos da história da Fórmula 1, ele também trouxe algumas controvérsias.
Horner se juntou à equipe quando ela foi criada a partir das cinzas da antiga Jaguar, antes da temporada de 2005. Desde então, ele liderou o time em dois períodos de domínio, com Sebastian Vettel conquistando quatro títulos consecutivos em 2010 e Max Verstappen repetindo o feito entre 2021 e 2024.
Com o britânico no comando, a Red Bull conquistou 124 vitórias em corridas (para efeito de comparação, mais do que a histórica Williams, com 114), 287 pódios e mais de 8.000 pontos no campeonato mundial.
No entanto, o desempenho da Red Bull caiu nos últimos meses e o próprio Horner se envolveu em polêmicas que, para muitos, distraíram a equipe e levaram a resultados medíocres. Agora, com o chefe da Red Bull substituído por Laurent Mekies, detalhamos os principais eventos que levaram à queda de Horner.
Fevereiro de 2024 – Horner investigado por 'comportamento inapropriado'
As coisas começaram a sair do controle de Horner em fevereiro de 2024, quando o chefe da Red Bull foi acusado de comportamento inapropriado por uma funcionária da equipe.
Alegações não especificadas foram trazidas à equipe pela mulher e, posteriormente, a Red Bull abriu uma investigação oficial sobre o assunto, trabalhando com um advogado independente para chegar ao fundo das acusações.
Em um comunicado divulgado na época, a equipe afirmou que "leva esses assuntos extremamente a sério e a investigação será concluída o mais breve possível" e que "não seria apropriado fazer mais comentários neste momento". Quando as alegações surgiram, Horner as "negou completamente".
A investigação ofuscou o lançamento do carro de 2024 mas, no final das contas, inocentou Horner de qualquer irregularidade — o que deveria ter encerrado o assunto.
Março de 2024 – Vazamento de mensagens online
No entanto, isso não aconteceu e, na véspera do início da temporada do ano passado, a história sobre o suposto comportamento inapropriado de Horner em relação a uma funcionária da Red Bull voltou aos holofotes.
Quase exatamente 24 horas depois de Horner ter sido inocentado de qualquer irregularidade pela investigação da Red Bull, dois endereços de e-mail anônimos distribuíram um dossiê de documentos que, segundo eles, estavam relacionados ao caso.
Os e-mails, que continham um link para uma pasta do Google Drive contendo os documentos, diziam: “Após a investigação e as declarações recentes da Red Bull, você terá interesse em ver os materiais em anexo”. O conteúdo foi compartilhado entre cerca de 100 pessoas de dentro da F1, incluindo membros da mídia e funcionários da equipe.
A Red Bull não confirmou se os documentos eram reais ou falsificados, mas compartilhou uma declaração de Horner na época dizendo que ele "não comentaria sobre especulações anônimas".
Abril de 2024 – Adrian Newey anuncia saída da Red Bull
Embora nunca tenha sido oficialmente ligado ao drama envolvendo Christian Horner, o famoso designer Adrian Newey anunciou sua saída da equipe poucas semanas após a divulgação das acusações contra o chefe da equipe.
Newey foi um membro de longa data da Red Bull, tendo se juntado à equipe em 2006, vindo da McLaren, onde ele projetou carros vencedores de campeonatos para Mika Hakkinen em 1998 e 1999.
Seu sucesso continuou no time austríaco, tendo sido o responsável por liderar as equipes que projetaram carros vencedores de oito campeonatos de pilotos e seis de construtores ao longo de apenas 14 anos.
A saída de Newey, agora na Aston Martin, abalou a equipe e outra peça-chave do time, o diretor esportivo Jonathan Wheatley, também se despediu e foi para a Sauber/Audi, onde agora é chefe de equipe.
Maio de 2024 – Começa o domínio da McLaren
Enquanto a Red Bull lidava com dramas fora da pista, seu desempenho dentro dela começou a cair. Após um período dominante, que lhe rendeu títulos consecutivos de pilotos e construtores, a equipe começou a temporada de 2024 com força total e venceu quatro dos cinco primeiros GPs. Mas, em Miami, a maré mudou quando a McLaren trouxe uma atualização drástica para o MCL38, o que desbloqueou um 'desempenho oculto' para a equipe.
Lando Norris venceu a primeira corrida com a atualização, em Miami, e a equipe rapidamente começou a diminuir a diferença para a Red Bull. Após as férias de verão, a McLaren voltou à luta e assumiu a liderança do campeonato de construtores após uma dobradinha no Azerbaijão.
Junho de 2024 – A derrocada de Pérez
Enquanto Verstappen continuou vencendo e liderou consistentemente a classificação de pilotos ao longo de 2024, a Red Bull foi atingida por uma seca de pontos do segundo carro, pilotado por Sergio Pérez.
O mexicano começou bem a temporada, terminando no pódio em quatro das cinco primeiras corridas do ano. Mas, à medida que a McLaren se recuperava, Pérez parecia perder a forma com abandonos consecutivos em Mônaco e no Canadá, seguidos por uma série de chegadas em posições com menor pontuação.
Um novo contrato para Pérez foi anunciado em junho de 2024, na tentativa de dar alguma estabilidade ao mexicano e potencialmente melhorar seu desempenho. Mas isso não funcionou e ele conquistou apenas 21 pontos no campeonato após as férias de verão. Em contraste, Verstappen acumulou 160 pontos nessas 10 corridas.
A situação estava se compondo para o mexicano e, no final de 2024, a Red Bull anunciou que encerraria o contrato mais cedo e promoveria o jovem Liam Lawson.
Dezembro de 2024 – Red Bull perde título de construtores
O desempenho instável de Pérez abriu caminho para outras equipes superarem a Red Bull e, depois que a McLaren saltou para a liderança da classificação no Azerbaijão, a queda da equipe sediada em Milton Keynes continuou.
Sem um defensor na retaguarda para dar suporte a Verstappen enquanto ele lutava por vitórias, a Red Bull foi ultrapassada pela Ferrari na classificação de equipes. Isso significava que, após duas temporadas em que o time conquistou o título, terminando centenas de pontos à frente dos rivais mais próximos, o reinado da Red Bull havia chegado ao fim.
No final, a equipe conquistou o terceiro lugar em 2024, mais de 60 pontos atrás da segunda colocada, a Ferrari. Verstappen manteve a liderança entre pilotos e conquistou o quarto título consecutivo no final da temporada, mas os resultados finais provaram que algo estava errado.
Março de 2025 – Liam Lawson rebaixado
Depois que a performance ruim de Pérez foi responsabilizada pela queda da Red Bull, Lawson assumiu o segundo lugar na Red Bull cheio de confiança e promessa de que ele era o piloto que finalmente poderia igualar o ritmo de Verstappen.
Ele se juntou à equipe após boas atuações no carro da Racing Bulls nos estágios finais da temporada de 2024, mas sua passagem como quinto companheiro de equipe de Verstappen (desde que o holandês foi promovido à Red Bull no meio de 2016) teve um início fraco quando ele não conseguiu brilhar nos testes de pré-temporada no Bahrein.
As coisas pioraram na primeira corrida do ano, na Austrália, qaundo Lawson não conseguiu terminar e na China, onde terminou em 12º e não marcou nenhum ponto para a equipe principal. Por isso, a Red Bull escolheu rebaixar o neozelandês e promover Yuki Tsunoda o GP do Japão.
Lawson conquistou seu primeiro ponto pela equipe em sua segunda corrida no Bahrein, mas isso não abriu caminho para uma série de povas com pontuação dobrada. Aliás, a performance de Tsunoda parecia ter piorado desde que chegou à Red Bull, passando por uma sequência de cinco corridas sem pontuar na F1 e tendo somado apenas sete pontos.
Junho de 2025 – Red Bull cai para quarto lugar
A seca de pontos de Tsunoda no campeonato afetou a posição da Red Bull e, após o GP da Espanha de 2025, ela caiu para o quarto lugar no campeonato de construtores, atrás de Mercedes, Ferrari e McLaren.
A culpa pela queda de desempenho dificilmente pode ser colocada inteiramente nos ombros de Tsunoda, já que tanto o piloto japonês, Verstappen e até mesmo Lawson e Pérez destacaram problemas com os carros da Red Bull.
O RB21 é supostamente um carro difícil de guiar, já que tem uma janela de funcionamento muito pequena na qual os pilotos podem extrair o desempenho ideal. Verstappen evidentemente consegue colocar seu carro nessa janela de tempo em algumas ocasiões, já que conquistou duas vitórias em 2025, mas o quinto lugar em Silverstone confirmou que nem ele é um 'milagreiro'.
Verstappen e Tsunoda estão supostamente trabalhando duro com a equipe para superar os problemas enfrentados pelo RB21, que decorrem de sua pequena janela operacional e uma falta geral de ritmo.
Junho de 2025 – Rumores sobre a saída de Max Verstappen
O desempenho decrescente e a nítida ausência de vitórias ao longo da temporada de 2025 levantaram questões sobre o futuro de Verstappen na equipe Red Bull. O holandês tem contrato com a equipe até o final de 2028 e, embora Horner tenha tentado repetidamente silenciar o "barulho" sobre o futuro do tetracampeão, rumores sobre uma saída de Verstappen continuaram circulando.
Essas alegações atingiram o auge após o GP da Áustria, onde o abandono de Verstappen quase fechou as portas do seu quinto título consecutivo de F1. Surgiram questionamentos sobre as cláusulas de rescisão baseadas em desempenho no contrato do holandês, com a Mercedes supostamente à espreita para tentar roubar o tetracampeão mundial.
Verstappen pouco fez para silenciar esses rumores e manteve-se em silêncio quando questionado sobre seu futuro antes do GP da Grã-Bretanha em Silverstone. Será que a possível saída iminente de Verstappen da Red Bull foi o último prego no caixão de Horner? Ou o ex-chefe da equipe foi demitido para tentar manter o holandês na posição até o término de seu contrato?
Setembro de 2025 - Christian Horner deixa oficialmente a Red Bull
Após ser substituído no cargo de CEO e chefe de equipe da Red Bull Racing por Laurent Mekies em julho de 2025, a equipe de Milton Keynes confirmou em 22 de setembro de 2025 que Horner deixa oficialmente a equipe no mesmo dia, após chegar a um acordo.
Os detalhes financeiros do acordo não foram confirmados, e é improvável que sejam, mas espera-se que fique entre 70 milhões e 100 milhões de dólares (R$374 a 534 milhões) para cobrir a perda de rendimentos e possíveis pagamentos de bônus até o final de seu contrato, que duraria até 2030.
Agora que as negociações chegaram ao fim, entende-se que Horner estará livre para retornar à F1 em 2026, embora prazos específicos não tenham sido confirmados.
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