Petição contra desmatamento para construção de pista no RJ é destaque no Twitter
Manifestação ganhou força após divulgação da carta de Chase Carey, CEO da F1 ao governador em exercício do Rio, Cláudio Castro
A carta enviada por Chase Carey ao governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), divulgada pelo Motorsport.com na segunda-feira (05) segue repercutindo. Após o CEO da Fórmula 1 dizer que aguarda as licenças ambientais para viabilizar a construção do Autódromo de Deodoro, diversas petições online contra a derrubada da mata ganharam força com uma campanha que foi destaque no Twitter nesta terça (06).
No documento, enviado no dia 14 de setembro ao governador em exercício, Carey diz a Castro que a categoria chegou a um desfecho positivo nas negociações com o consórcio Rio Motorsports e o CEO ainda destaca que aguarda as licenças necessárias das autoridades do Rio.
"Estou escrevendo para atualizá-lo de que nós agora finalizamos os acordos para uma corrida com o Rio Motorsports LLC, que vai sediar, organizar e promover eventos da Fórmula 1 no Rio de Janeiro", escreveu Carey. "Esses acordos estão prontos para execução e anúncio por parte da Fórmula 1 assim que todas as licenças necessárias forem expedidas pelas autoridades relevantes, como INEA/CECA, no Rio de Janeiro, Brasil".
A carta é de 14 de setembro e menciona as licenças pendentes para o início das obras para construção do autódromo na região de Deodoro. O estudo de impacto ambiental do projeto ainda precisa ser aprovado para que o complexo 'saia do papel'.
O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) ainda está elaborando o parecer técnico a respeito do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para a construção. Concluída essa etapa, o parecer será submetido primeiro à Procuradoria e, só posteriormente, à Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA), responsável pela emissão da licença.
Nesse contexto, muitas pessoas estão usando as redes sociais desde a noite da segunda (05) para fazer pressão ao poder público para que impeça a liberação das obras de construção do Autódromo de Deodoro, que visa receber o GP do Brasil no futuro. No Twitter, a hashtag #BrazilSaysNoToDeforestation (Brasil diz não ao desmatamento) ocupa as primeiras posições entre os assuntos mais comentados nesta terça.
Os internautas cobram também ações da F1 e de pessoas importantes do esporte, como o hexacampeão Lewis Hamilton que, no ano passado, não se mostrou favorável à construção de Deodoro devido a derrubada da Floresta do Camboatá.
"Isso significa que vão derrubar árvores?", disse Hamilton em 2019. "Não aprovo isso. Temos um país muito bonito aqui, uma floresta importante para o futuro. Temos de focar no meio ambiente. Amo o Rio, gostaria de passar mais tempo lá, mas não quero correr em um circuito que prejudicou o meio ambiente, uma terra tão bonita para o nosso futuro".
Muitas manifestações ainda questionam se é realmente necessário construir o Autódromo na Floresta do Camboatá sendo que o Parque Olímpico da Barra poderia passar por modificações e assumir um papel similar ao de Sochi.
Já a petição, que é endereçada ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella, visa impedir a construção do espaço. "Precisamos da ajuda de todos que amam a natureza, pois não queremos um autódromo nesta região", diz um dos trechos da petição.
"A Floresta do Camboatá, em Deodoro, é o último lugar de Mata Atlântica de áreas planas do Município do Rio de Janeiro, com nascentes e áreas úmidas. Ela precisa ser protegida!". A petição foi criada pela artista plástica e educadora Ana Sonegheti, um dos principais nomes do SOS Floresta do Camboatá.
Essa petição, publicada no site O Bugio, visa coletar 25 mil assinaturas. Por volta do meio dia desta terça, já possuía mais de 20 mil. Outra petição, no site Avaaz.org, com o nome "Pela preservação da Floresta do Camboatá! Que o autódromo seja em outro lugar", criada em junho de 2019, já tem mais de 28,5 milhões de assinaturas.
Segundo a empresa de consultoria ambiental Terra Nova, contratada pela Rio Motorsports, consórcio que pretende levar o GP do Brasil à capital carioca, o projeto de construção deve causar mais de 30 impactos ambientais na Floresta e o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) mostra que a floresta conta com Áreas de Preservação Permanente e espécies de fauna e flora sob risco de extinção.
No estudo, a Rio Motorsport promete usar 810 mil metros quadrados do espaço como área de preservação ambiental, além da implantação de área de soltura e recuperação de animais silvestres e a criação de um horto florestal.
Rio de Janeiro busca desbancar São Paulo como sede do GP do Brasil de F1
Desde antes do ano passado, as duas cidades travam disputa para receber a etapa brasileira da F1 no futuro. Embora a capital paulista já tenha um autódromo pronto e bastante popular (Interlagos), falta à 'candidatura' paulistana o aporte financeiro que os cariocas dizem ter. São Paulo tem o 'ônus' de ser uma das duas provas da F1, junto de Mônaco, que não pagam taxa para a categoria para sediar uma corrida.
Os promotores da etapa de Interlagos querem uma renovação com a F1. Porém, enfrentam a concorrência fluminense. O Rio teria oferecido cerca de US$ 65 milhões (R$ 353 milhões). Já São Paulo teria feito proposta de US$ 20 milhões (R$ 109 milhões). Segundo o Estadão, os cariocas estariam perto de desbancar os paulistas para ter a prova brasileira da categoria máxima do automobilismo. Entretanto, o Rio Motorsports deu calote recente na MotoGP.
Presidente Bolsonaro quer F1 no Rio
O projeto de levar a F1 para o Rio tem forte apoio político do presidente. O mandatário é paulista, mas fez sua carreira política no Rio e um de seus filhos, Flávio Bolsonaro, é senador pelo estado. Outro herdeiro de Jair, Carlos Bolsonaro é vereador na capital. Todos já defenderam publicamente a construção do autódromo em Deodoro. A iniciativa também tem contrato para receber a MotoGP em 2022, mas as obras parecem longe de começar.
De todo modo, a Secretaria de Esporte do Rio de Janeiro aprovou, em novembro, o projeto para a realização da prova por dez anos na na capital, autorizando captação de R$ 302 milhões em incentivos fiscais para o GP do Brasil de F1 em 2021 e 2022.
Seriam R$ 151 milhões por evento, mas, como o valor começará a ser pago antes, não haverá estouro do limite de R$ 138 milhões anuais previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O valor será investido para pagar parte da taxa à Liberty Media para a realização da prova.
Os detalhes da carta de Chase Carey sobre GP do Brasil e o que falta para o Rio ser confirmado na F1
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