"Fórmula E estreia com tecnologias que vão mudar os automóveis", diz Di Grassi

De "casa nova", piloto brasileiro espera aproveitar bom retrospecto na Cidade do México no ePrix em que defenderá a Mahindra Racing

Lucas di Grassi, Mahindra Racing

Foto de: Andrew Ferraro / Motorsport Images

Com um treino nesta sexta-feira (13), às 19h (de Brasília), o Campeonato Mundial de Fórmula E começará sua temporada 2022-2023 no circuito Hermanos Rodriguez, localizado na Cidade do México.

Uma das principais novidades é a estreia de Lucas Di Grassi na equipe indiana Mahinda Racing em um palco onde o brasileiro venceu três vezes em suas 100 participações na categoria de carros elétricos.

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A mudança de equipe acontece em um momento importante. A etapa mexicana também será a estreia do novo carro da Fórmula E, o chamado Gen3, produzido pela francesa Spark. O novo monoposto representa uma grande evolução técnica frente à versão anterior, o Gen2.

Podendo chegar a até 322 km/h, o modelo aumenta a velocidade máxima em mais de 40 km/h frente ao equipamento anterior e coloca na pista, segundo o piloto, tecnologias que farão parte da evolução dos carros de rua nos próximos anos.

A nova equipe

Com sede em Mumbai, na Índia, o Grupo Mahindra está presente em mais de 100 países, atuando em diversas áreas, que vão da automotiva (carros, caminhões, motos) até a agrícola, aeroespacial e militar. É também é uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, sendo a proprietária, por exemplo, do legendário estúdio italiano Pininfarina.

Sua equipe está na Fórmula E desde a primeira temporada, 2014/2015, quando estreou tendo Bruno Senna entre seus pilotos – o brasileiro disputaria ainda o campeonato seguinte pelo time indiano. A melhor temporada aconteceu em 2016/2017, justamente quando Lucas foi campeão da categoria correndo pela Audi. Com o sueco Felix Rosenqvist e o alemão Nick Heidfeld, o time indiano terminou no terceiro lugar entre as equipes.

No ano passado, a Mahindra contou com os britânicos Oliver Rowland e Alexander Sims e terminou na oitava colocação no campeonato das equipes. O melhor resultado na pista durante aquela temporada foi de Rowland, que permanece na Mahindra como parceiro de Lucas, com um segundo lugar na penúltima etapa, disputada em Seul, Coréia do Sul.

A contratação de Di Grassi tem um claro objetivo de ajudar o time a voltar a vencer corridas, fato que não acontece desde a temporada 2010/2011, quando o britânico Alex Lynn venceu o ePrix de Londres. A aptidão técnica e o nível competitivo do brasileiro, que detém diversos recordes na categoria, são os principais ativos para o projeto da Mahindra.

Temporada imprevisível

“É muito complicado de saber agora como nossa equipe vai estar em termos de competitividade. Eu espero que a temporada seja difícil. Meu objetivo na Mahindra é mais de longo prazo, de reconstruir a equipe”, resumiu o brasileiro.

“O carro mostrou uma boa performance nos testes de Valência (Espanha), andamos no ritmo dos demais, mas isso não significa muito agora. E eu, vindo de outras equipes, sei que precisamos fazer muita coisa ainda no carro”, ponderou.

Lucas acredita que há muito espaço para evolução e que a temporada da Mahindra pode até surpreender. “Se agora, atrasados no desenvolvimento, já temos um carro mais ou menos no mesmo nível de equipes que já têm o carro desenvolvido, isso significa que se a gente trabalhar direito vamos ter um bom produto”, avalia.

“Vamos evoluir muito, mas será com o campeonato em andamento. Nós temos todo o equipamento necessário para brigar pelo título. Mas vamos ter que acelerar o ritmo do trabalho. O desenvolvimento do carro da Mahindra está mais atrasado do que eu esperava".

"Nós ainda temos praticamente metade dos testes permitidos pela F-E para fazer. Ainda podemos evoluir bastante o carro, mas começamos o ano com menos testes que as outras equipes”, definiu.

Futuro do automóvel na pista

Famoso por seu envolvimento e paixão pela tecnologia, Di Grassi diz que o Gen3 testará ao longo do ano pelo menos duas tecnologias que serão incorporadas definitivamente aos automóveis do futuro.

“Uma delas é a capacidade de frear usando somente os motores elétricos. O Gen3 é o primeiro carro de corridas do mundo sem freios na traseira”, destaca ele. “Quando você pisa no freio, o motor elétrico de trás funciona como se fosse um ABS. 100% da frenagem traseira é com o motor elétrico".

"É uma novidade que, em um carro de rua comum, poderia economizar mais de 100kg de peso e ganhar de 50 a 100km de autonomia para o veículo”.

Fabricada pela Williams Advanced Engineering, que pertenceu à equipe de F1, a bateria a ser utilizada em 2023 é revolucionária. Ela permitirá que a F-E possa realizar pitstops de recarga rápida e, segundo Di Grassi, deve ser uma grande novidade também nos carros de rua. Os pitstops devem ser introduzidos pela categoria na segunda metade da temporada.

“Essa tecnologia vai mudar, daqui três ou quatro anos, a forma como os carros elétricos do consumidor comum serão carregados”, aponta ele. “Estamos falando de carregar 100% a bateria de um carro elétrico em cinco ou seis minutos".

"Imagine você parar num posto, ir pagar a conta e quando voltar o carro já estar carregado. Isso muda tudo para um mercado no qual a tendência já é o crescimento exponencial do uso da energia elétrica para a mobilidade, especialmente a urbana”, completa.

O Generation 3

O novo carro tem duas unidades motrizes, uma na frente e outra atrás. O Gen3 teve o peso reduzido de 900 kg para 760 kg, mas agora conta com um máximo de 350kW (476 cv) de potência, contra 250kW (340 cv) do modelo anterior.

A capacidade de regeneração de energia também foi aumentada, de 25% para 40% da carga da bateria durante uma corrida. A fornecedora de pneus mudou pela primeira vez na história do campeonato, passando da francesa Michelin para a sul-coreana Hankook – a mesma anunciada recentemente pela Stock Car brasileira. Segundo a fabricante, os novos compostos dos pneus radiais incorporam biomateriais e borracha sustentável.

“O carro é ainda uns 10cm menor, é mais estreito e teve o entreeixos reduzido. Tudo isso deixa o Gen3 mais ágil e veloz, superando os 300km/h”, destaca Di Grassi.

“Mas os dois principais fatores decisivos para as equipes serão o quanto cada uma vai entender como funcionam os novos pneus e a gestão de energia com a nova bateria. Os pneus dessa temporada são muito resistentes e aposto que poderíamos correr o ano todo com o mesmo jogo".

"De outro lado, eles deixaram os carros com muito menos aderência – então ficarão bem mais ariscos. Já a gestão de energia é feita por um software fabricado pela equipe, é exclusivo dela. E como uma das filosofias da Fórmula E é avançar na evolução da autonomia dos carros elétricos, as corridas são feitas para todos andarem sempre no limite do consumo. No meu ver, são os dois pontos críticos da equação”, completa.

Retrospecto

Com um título, dois vice-campeonatos e três terceiros lugares, Di Grassi é uma referência na Fórmula E. O brasileiro possui ainda um bom retrospecto no México, onde conquistou vitórias em 2017, 2019 e 2021. O ePrix da Cidade do México acontece no sábado, com a definição do grid a partir das 14h30 e a largada às 17h. A corrida será exibida pelo BandSports.

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