Generosidade que sobrou em Gordon, falta a Stewart
Atitudes do tricampeão da NASCAR fazem de ano de despedida diferente de final de carreira de outra estrela da categoria
Dois dos nomes mais pesados da NASCAR dão adeus aos fãs, mas de maneira distinta. Jeff Gordon anunciou que 2015 seria o último ano como piloto da principal categoria do automobilismo norte-americano. O que se viu a partir da divulgação da decisão do piloto foi que em cada oval que recebia o #24 pela última vez, se fazia questão de deixar registrada sua reverência ao tetracampeão. Mesmo com campanha inferior à de 2014, Gordon conseguiu chegar à final em Homestead, dando o que na época era seu último adeus de forma competitiva e honrosa. Seu retorno em 2016 competiu em atenção ao sério problema de saúde de Dale Jr., fazendo com que o fã dos dois pilotos se sentisse culpado em querer ver Gordon novamente, tamanha importância, competitividade e carisma que possui.
Na temporada seguinte à de Gordon, outro peso pesado da NASCAR também anunciou aposentadoria após Homestead. Tony Stewart não tem os mesmos números que o (ex?)piloto da Hendrick, mas em matéria de importância para a categoria, consegue rivalizar com o #24. Mas, diferentemente da aposentadoria de 2015, Stewart vem enfrentando um ano difícil de deglutir.
A começar com a ausência das oito primeiras provas por um acidente fora das pistas. Em seguida, após o retorno, com declarações demonstrando falta de motivação com o esporte. Se recuperou de maneira avassaladora, com uma vitória emocionante em Sonoma e com cinco Top-5 e a vaga para o Chase.
Mas o cuidado que Gordon sempre teve no ano passado, com a preocupação de deixar uma última imagem positiva, falta a Stewart neste momento.
Em Indianápolis, um toque em cima de Jamie McMurray, em que não fez questão de evitar a colisão com o #1, era o prenúncio de atitudes que não fazem parte de um verdadeiro campeão.
Na prova de Darlington, mais do que o acidente grosseiro em cima de Brian Scott, se notava ali a decepção maior com a pessoa do que o resultado de um carro destruído e poucos pontos a somar.
"Aparentemente, ele ficou com raiva de mim. Eu tenho um grande respeito por Tony. Ele sempre foi limpo. Não sei o que ele estava pensando", disse Brian Scott.
A última foi no sábado, durante a prova de Richmond, em que se definiu os 16 pilotos do Chase. Um dos candidatos, Ryan Newman, ex-piloto da Stewart-Haas, desabafou após ter a corrida abreviada por um acidente em que o Smoke parecia fazer questão de tirar o #31 da linha.
"Acho que ele pensou que estava em um sprint car novamente e não conseguiu controlar sua raiva", disse Newman. "Ele tem problemas. Nós todos sabemos que ele tem problemas. Provou isso novamente esta noite. Tony Stewart pensa que é dono de tudo. É lamentável, mas eu não esperaria nada menos do que isso."
As pessoas são diferentes e seria falta de bom senso exigir o mesmo comportamento dos pilotos no esporte a motor. A diferença de personalidades dá tempero especial, principalmente a uma categoria que foca tanto no personagem-piloto como a NASCAR.
Mas nota-se ou notou-se que Gordon fez questão de deixar uma última impressão saudável, fazendo com que todos ao seu redor lamentassem sua retirada. Foi premiado com a possibilidade de tentar o pentacampeonato, algo que não aconteceu no ano anterior, mesmo estando em melhor fase.
Stewart , que já teve outros inúmeros problemas que não cabe aqui enumerar, não toma o mesmo cuidado. Não se preocupa em dar o seu melhor - não no sentido de desempenho -, mas não deixa exposto o seu melhor lado, dando ao público a possibilidade de admirá-lo pela última vez. Isso seria generoso por parte do piloto, uma espécie de agradecimento às pessoas que tanto o apoiaram nos anos em que esteve na elite do automobilismo.
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