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Médico da Stock pede mais cuidado de pilotos com doping

Dino Altmann, médico da categoria, analisa que descuidos que geram resultados positivos em exames; pilotos da Red Bull e chefe da Full Time também falam sobre tema

Dr. Dino Altmann e Rubens Barrichello
Rafa Matos
Daniel Serra em Campo Grande
Daniel Serra
Cacá Bueno
Carro de Lucas Foresti
William Lube abraça Marcos Gomes
Cacá Bueno
Lucas Foresti em Goiânia
Cacá Bueno em Cascavel
Marcos Gomes
Daniel Serra
Cacá Bueno
Rubens Barrichello em Goiânia
Rubens Barrichello
Rafa Matos em Curvelo
Lucas Foresti em Curitiba
Largada: Daniel Serra lidera
Marcos Gomes

Na reta final da temporada 2015 da Stock Car, novos casos de doping assombraram a categoria. Lucas Foresti, pelo uso de esteroides anabolizantes, e Rafa Matos, por substância ainda não revelada pela CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) ou pela Vicar, organizadora do campeonato.

Os resultados adversos foram encontrados em exames realizados na etapa de Curitiba, em outubro deste ano. Matos já foi julgado pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e suspenso por dois anos; Foresti, por sua vez, ainda aguarda julgamento, que deve ser realizado no próximo ano - até o fechamento desta matéria, a data ainda não havia sido divulgada.

Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, Dino Altmann, médico da Stock Car, lamentou as mais recentes ocorrências, afirmando que todas as partes sofrem com as consequências. “É uma pena que aconteçam esses casos, é ruim para todos os envolvidos – para o promotor, para o patrocinador, para o piloto, para o automobilismo. É o tipo de coisa que ninguém gostaria de ver”, disse.

Altmann ressaltou ainda que mesmo com o trabalho que ele e a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) fazem, de educar e conscientizar os pilotos durante o ano para evitar que eles incorram no erro, novos casos surgiram. Por isso, o médico da categoria cobra mais atenção dos competidores.

“A CBA faz palestras sobre o tema todo ano. No site, há um link para um curso de orientação sobre doping criado pela FIA, que nós traduzimos. Eles podem entrar lá e fazer - recebendo um certificado ao final do curso. Quer dizer, eles têm em mãos todos os meios possíveis e imagináveis para se manterem informados e não cometerem um erro. Mesmo assim, ainda vemos casos de doping.”

“Eles são profissionais, precisam tomar cuidado com tudo o que fazem. Volta e meia você chega aqui e o piloto aborda você, dizendo que estava gripado. Eu pergunto que injeção ele tomou e a resposta é: ‘não sei’. O piloto tem que saber, ele é o único responsável pelo que entra no corpo dele. São essas bobagens que acabam gerando um resultado positivo”, afirmou.

Maurício Ferreira: “eu me vi perto do fim”

Chefe da Full Time, Maurício Ferreira teve que lidar com o caso de Marcos Gomes, pego no doping em 2012 e suspenso por um ano. Ao Motorsport.com, Ferreira revelou que viu o fim da equipe muito próximo - a Medley, que segue com a equipe até hoje, chegou a divulgar um release em que anunciava a saída da Stock Car, mas a contratação de Rubens Barrichello virou o jogo.

“Tinha o mesmo parceiro comercial que tenho com o Rubens hoje naquela época - a Medley. Fui chamado pela companhia, que tinha sido adquirida por uma multinacional francesa, e eles disseram: ‘acabou’. No final, eles ficaram conosco e acabou dando tudo certo”, disse.

“É muito duro para nós, porque você não tem a gerência do que o piloto faz 24 horas por dia, 365 dias por ano. Tentamos ter o elo mais profissional possível, mas se isso acontece você fica vendido na situação. Seja por uma surpresa – algo errado - ou um erro. Foi uma situação em que me vi muito perto do fim”, afirmou o chefe da Full Time.

Para Cacá, consequência maior é para quem foi pego no doping

Cacá Bueno, pentacampeão da Stock Car, discorda em partes do dr. Dino Altmann. Para o vice-campeão de 2015, que lamentou os novos casos de doping na categoria, o piloto pego é o principal prejudicado com o resultado positivo em um exame antidoping.

“É lamentável que tenhamos pilotos pegos no doping. Acho que temos de trabalhar o tempo inteiro para nos manter limpos. Já fiz mais de 20 exames e sempre deu negativo, sempre me preocupei muito com isso. Espero que os pilotos que foram pegos com isso tenham sido pegos por deslize, não por uma prática costumeira”, disse.

“Tivemos casos de doping recentemente no futebol, no vôlei, no basquete. Não sei se mancha a categoria, é mais o nome da pessoa que se dopou. Manchar a categoria como um todo eu acho que não”, afirmou.

Daniel Serra segue a mesma linha do companheiro de equipe na Red Bull sobre casos em outros esportes, destacando a importância da realização e eficiência dos exames. Serra, no entanto, evitou fazer julgamentos sobre os pilotos que são pegos com substâncias proibidas.

“O doping existe em todos os esportes. Em nenhum deles você pode falar que é positivo. O que é positivo é ter o controle para pegar. Isso é muito melhor do que não ter nada e ninguém ficar sabendo. Legal não é, mas acho bom isso estar sendo mostrado e investigado. Mas não posso julgar ninguém”, disse Serra, que contou como é realizado o exame.

“Eu fiz uma ou duas vezes o antidoping. É um sorteio, como em qualquer esporte. Tem uma pessoa que fica te escoltando o tempo inteiro, você vai até o banheiro e faz. Em nenhum esporte o exame é feito com todo mundo. Em um jogo de futebol não são os 22 jogadores que fazem”, completou.

Com colaboração de Gabriel Carvalho

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