Novo chefe da Stock Car mira corridas de rua em capitais
Rodrigo Mathias avalia primeiro ano à frente da Vicar e acredita que sua visão pouco acostumada ao esporte a motor contribuiu para crescimento da Stock em 2017
Com a saída de Maurício Slaviero do comando ao final da temporada de 2016 da Stock Car, a Time For Fun – proprietária da Vicar, empresa que rege o campeonato – apostou na chegada de Rodrigo Mathias, ex-líder de eventos do grupo RBS, para a vaga de diretor geral da maior categoria do esporte a motor do Brasil.
Já de início, as mudanças promovidas por Mathias foram visíveis a qualquer um que acompanha o campeonato de perto. A chegada do FanPush (definido por meio de votação via redes sociais), um trabalho mais enfático da categoria em plataformas digitais, sessões de autógrafos pré-corrida nos centros das cidades e o reconhecimento público a grandes ídolos do passado da Stock Car foram apenas algumas das novidades deste primeiro ano de administração.
Falando ao Motorsport.com, Rodrigo confessou que vê na Stock Car o mesmo case de sucesso que enxergou em outros projetos de sua vida profissional, e reforçou seu compromisso de longo prazo à frente do campeonato.
“Primeiro de tudo, os caras me venderam muito bem o peixe. Eu estava em um lado de entretenimento e vim para onde só tem motor, pneu e óleo queimado”, disse de maneira bem-humorada.
“Mas, brincadeiras à parte, o que me motivou foi justamente ver uma categoria como a Stock Car: um produto de oportunidades gigantes de conteúdo. Consegui fazer um paralelo quanto a isso com outros produtos que tive a experiência de gerenciar.”
“Estes produtos que eu digo estavam em um momento no qual precisavam se repaginar e se reposicionar alinhados ao consumo atual de entretenimento e conteúdo. Tivemos resultados muito satisfatórios em outros projetos, e neste aqui tínhamos esta oportunidade.”
“Eu liderei a parte de eventos do grupo RBS, e aí você tem desde projetos que foram lançados do zero, como o Dream Valley Festival (festival de música eletrônica) em Santa Catarina, a outros produtos que têm similaridades com a Stock Car, como o Planeta Atlântida, que já tinha 20 anos de história e tivemos que reinventar considerando que era um festival anual.”
“O Brasil estava começando a receber muitos artistas internacionais de renome, e aí como manter a atratividade de um festival? Fizemos algumas experiências e isso trouxe um resultado fantástico de produto. Tivemos um crescimento muito bom. Aí, olhei para a Stock Car e disse: ‘temos um cenário muito parecido aqui’. É um outro universo, mas acho que podemos aplicar o mesmo conceito global em termos de consumo de conteúdo e experiência.”
“Foi isso que me prendeu aqui. Acho que para eu sair vai ser difícil. Porque é uma coisa que te liga e eu rapidamente me apaixonei por este ambiente como um todo. A visão de alguém que não estava neste meio vai ser importante para o crescimento da Stock agora e nos próximos anos.”
Primeiro ano e planos futuros
Falando de sua primeira temporada à frente do maior campeonato de automobilismo do Brasil, Mathias pontua que expectativas foram superadas e que a categoria está em um bom caminho para alçar voos maiores em 2018.
Para ele, a visão de alguém que nunca esteve ligado ao ambiente das corridas foi a chave do sucesso.
“Foi um ano bem desafiador, mas em que superamos as expectativas iniciais”, falou.
“O esporte a motor era um ambiente que eu consumia um pouco. Eu não era um ‘heavy user’ e não frequentava autódromos como os meus antecessores aqui e grande parte das pessoas que circulam neste ambiente. Acho que é positivo eu trazer uma visão externa, uma visão de quem há dez anos trabalha com eventos. Trago comigo um quê mais mercadológico. Tenho a visão de um profissional da comunicação.”
Ainda assim, Mathias acredita que o campeonato não precise de grandes mudanças em sua essência.
“Os meus antecessores, somados às equipes e aos pilotos que passaram pela Stock Car, conseguiram construir uma categoria de nível técnico altíssimo. Quase todos os 32 carros andam no mesmo segundo em 90% das classificações. Isso você não vê em nenhuma categoria do automobilismo mundial.”
“Temos um nível de pilotos sensacional. Temos gente como Rubens Barrichello, Ricardo Zonta, Antonio Pizzonia, Cacá Bueno, agora o Nelsinho Piquet chegando e o Felipe Massa – que vai ter o primeiro compromisso oficial pós-Fórmula 1 aqui.”
“Isso mostra que a categoria cresce e é muito qualificada. Além disso, nós temos um trabalho em termos de experiência de público e em termos de comunicação que iniciamos neste ano. Já temos dados super satisfatórios de crescimento de audiência, de seguidores, engajamento e mobilização dos pilotos para se aproximar do público. O próprio Hero Push é um case de sucesso neste aspecto. Então, a gente conclui o primeiro ano muito feliz neste aspecto e olhando para frente para colocar a categoria em uma outra dimensão.”
40 anos de Stock Car em 2018
Com a 40ª temporada da Stock Car chegando no próximo ano, Rodrigo espera trazer uma experiência única ao fã da categoria e às pessoas do meio. Além disso, ele revela que trabalha para ter corridas nas ruas dos grandes centros urbanos do Brasil em breve.
“Temos alguns planos traçados para estruturar melhor eventos relevantes em 2018, como a Corrida do Milhão e a volta da prova de duplas”, falou Mathias.
“Temos também algumas outras iniciativas de grande impacto para aumentar a relevância em momentos pontuais do ano. Aí você mantém a visibilidade e engajamento durante o ano todo.”
“Para o futuro, estamos tentando um trabalho forte de viabilizar corridas de rua em grandes capitais brasileiras. Queremos ir para Belo Horizonte, para o Rio de Janeiro, a Salvador e voltar a Brasília. Estar nos principais centros econômicos do país traz muita relevância. Temos também uma estratégia para atrair novamente o mercado automotivo para dentro da categoria. Uma categoria forte tem que ter sua cadeia de valor toda inserida. Temos um trabalho que envolve parte técnica e estratégica para atrair as montadoras novamente.”
“Quanto aos 40 anos, nós estamos planejando uma série de ações. Teremos um evento bem grande e pontual para marcar e celebrar esta data especificamente e teremos um trabalho de comunicação e experiência nos autódromos trazendo a história da categoria.”
“Vocês vão estar lá e vão ver as fases do Opala, do Ômega, do Sonic e vão ter proximidade com os grandes ídolos da categoria. Vamos ter cenografia nos autódromos para fazer referência a isso.”
Rodrigo promete que a Vicar trará a Old Stock – campeonato paralelo recém-criado, lembrando o tempo dos Opalas na categoria – para mais perto em 2018.
“Teremos uma aproximação com a Old Stock em termos de experiências conjuntas – o que não significa que vamos correr com eles o tempo todo.”
“Mas eles refletem muito no nosso passado. A marca dos 40 anos mostra a tradição da categoria, e ela tem que ser celebrada olhando para o futuro – seguindo as atualizações de plataforma – mas lembrando dos momentos que fizeram o campeonato chegar até aqui. Teremos isso já a partir da primeira prova do ano que vem.”
Abertura de 2018 no sábado será “experimentação”
Rumores circularam no paddock da corrida final na Stock Car de que o retorno da corrida de duplas em um sábado, no dia 10 de março, como primeira etapa da temporada de 2018, poderia ser uma tentativa de levar a cobertura da prova à TV Globo.
No entanto, questionado pelo Motorsport.com sobre isso, Mathias negou.
“Negativo. A primeira corrida do ano que vem vai ser no sábado por uma estratégia de produto e por uma experimentação da categoria”, disse.
“A gente entende que, por ser uma corrida de convidados, tem uma celebração e uma oportunidade de uma experiência diferente tanto de patrocinadores quanto do público no autódromo.”
“A gente entendeu que faria sentido ter esta corrida nesta data específica. Não há uma relação direta com a transmissão. Ainda não definimos o modelo da relação com os nossos media partners, mas nosso planejamento é seguir um modelo como as demais corridas da Stock, com transmissão na íntegra no SporTV e uma cobertura relevante na Globo.”
“Mas o ponto disso tudo é que nós precisamos experimentar novos formatos e precisamos ampliar nosso engajamento e interlocução com o público. Para isso, precisamos seguir a tendência mundial, que é aproximar o entretenimento do esporte.”
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