Dakar: Moraes tem 48 horas de tensão no deserto
Sem auxílio das equipes e disputando 971km cronometrados, pilotos e navegadores foram testados ao limite. Brasileiro Lucas Moraes é o 6º colocado após três dias de prova
Capotamentos, batidas, incêndios, centenas de atolamentos. A 47ª edição do Dakar encerrou uma de suas fases de maior risco nesta segunda-feira (6), com a finalização da segunda etapa, iniciada ontem para a disputa de um trecho de 971km em 48 horas, no deserto Empty Quarter, na Arábia Saudita.
Um dos favoritos já em sua terceira participação no famoso desafio, o brasileiro Lucas Moraes passou por um momento de superação nesse trecho da corrida: dois atolamentos e um pneu furado tiraram suas chances de um bom resultado nos dois dias de prova – no total, o evento contará com 12 dias de disputa até 17 de janeiro.
Mesmo assim, Moraes e o navegador espanhol Armand Monleón terminaram em 12º na especial de 48 horas e ocupam a oitava posição na classificação geral – um resultado considerado satisfatório pelo piloto. Eles disputam a categoria Ultimate, a principal da competição, que ao final desta etapa tem o Toyota Hilux IMT EVO da dupla sul-africana Henk Lategan/Brett Cummings na liderança da classificação geral.
Campeões capotaram
Outra dupla forte que enfrentou contratempos foi Carlos Sainz e Lucas Cruz, atuais campeões do Dakar. O Ford Raptor do duo espanhol capotou no km 327 da primeira parte da especial de 48 horas, no domingo, e precisou ser puxado por um cabo atado a outro carro para ser colocado novamente sobre as quatro rodas.
Com a carenagem em frangalhos – parte dela descartada no local do acidente – e danos na parte mecânica, Sainz e Cruz perderam muito tempo, e foram forçados a abandonar após uma análise dos comissários técnicos da FIA. O experiente Sainz pediu desculpas à equipe pelo acidente: “Depois disso, acho que minhas chances de vencer este Dakar desapareceram”, disse o espanhol, tetracampeão da prova.
Destaque na primeira especial, disputada no sábado, quando terminou em quinto na Ultimate, a espanhola Cristina Gutierrez e seu navegador e conterrâneo Pablo Moreno socorreram o Dacia SandRider do multicampeão de rally de velocidade Sebastién Loeb, que tem navegação do belga Fabian Lurquin.
Uma das grandes estrelas do Dakar, Loeb parou por problemas no km 401 durante o domingo e agora ocupa o sexto lugar na classificação geral. Mas nesta segunda-feira foi a vez da única piloto com potencial de disputar vitórias no Dakar 2025 ter problemas mecânicos. Seu Dacia SandRider não completou a etapa – o que tira Cristina da disputa pela vitória desta edição da prova, embora ela possa continuar participando da competição.
”Saldo positivo”
“Foi uma especial muito difícil, mesmo. Mas no final o saldo até que foi positivo para a gente. No primeiro dia, que foi a primeira parte das 48 horas, largamos em sétimo, de acordo com a estratégia da equipe. Conseguiu passar uns seis carros até que rapidamente, nos primeiros 250-280km. E por isso nós tivemos que abrir a prova, ou seja, a ser os primeiros a largar nas especiais".
"Andamos assim por mais de 100km. O problema é que quando você abre a prova não tem a trilha formada pelas marcas de pneus de outros carros e fica sem nenhuma referência no meio das dunas, o que é um risco muito, muito alto mesmo. Por isso, pra não se acidentar, você tem que diminuir muito a sua velocidade”, detalhou Lucas Moraes.
“Eu ainda cometi alguns erros, por que ainda estou aprendendo a andar no deserto, que é uma técnica muito específica, que não é possível aprender andando só no Brasil. Mas nesta segunda-feira a gente descontou uns 6 a 8 minutos dos ponteiros e conseguimos diminuir a diferença".
"Então, acho que nos saímos bem no cômputo geral. Estamos apenas no começo do Dakar e já parece que faz uma semana! Mas ainda tem muita coisa pela frente. É importante manter o foco e minimizar o cansaço, porque a parte mental é muito importante no Dakar”, completou.
O Brasil tem mais representantes na Ultimate. Estreante na categoria, a dupla Marcos Moraes e Maykel Justo (Toyota Overdrive) ocupa a 28ª colocação depois das etapas realizadas. “Estes dois últimos dias foram de muitas dunas cortadas, com um lado em subida e o outro em queda brusca, como se tivessem tirado metade da duna. Foi difícil e de muito aprendizado pra gente. Mas “sobrevivemos” e continuamos no jogo”, disse o piloto.
”O Dakar é assim mesmo”
Já Marcelo Gastaldi, que tem o francês Adrien Metge como navegador em seu Century CR7, teve um problema mecânico e agora ocupa a 39ª posição na classificação geral. O quinto representante do Brasil na prova é o navegador Cadu Sachs, que compete na categoria Challenger (protótipos leves) a bordo de um Taurus T3 Max ao lado do piloto português Gonçalo Guerreiro. No domingo, o jovem duo passou por um susto ao atolar após saltar uma duna.
“Infelizmente ontem (domingo) tivemos esse momento difícil. Mas conseguimos consertar o carro. Perdemos um pouco de tempo, mas o Dakar é assim mesmo, faz parte”, disse Gonçalo, que é vice-líder da Challenger ao lado do brasileiro. O primeiro lugar na classificação geral da categoria é da dupla argentina Nicolas Cavigliasso e Valentina Pertegarini, também com um Taurus T3 Max. Neste momento, os demais líderes no Dakar são o australiano Daniel Sanders, da KTM, na categoria Motos, e o trio checo Martin Macik/Frantisek Tomasek/David Svanda, com um MM Powerstar, na categoria Caminhões.
Tempestades alteram prova
A organização do Dakar anunciou que a terceira etapa, a ser disputada nesta terça-feira, teve seu roteiro alterado em função da previsão de fortes tempestades no deserto Empty Quarter. O comunicado distribuído no final de hoje e publicado no site oficial diz o seguinte:
“A região de Al Henakiyah está sujeita a tempestades severas, que devem continuar por algum tempo. Como resultado,... o final da especial será localizada após o quilômetro 327 da rota original (que antes tinha 496km), removendo 169km (da etapa) nas zonas afetadas pela chuva”. O local de largada permanece o mesmo, em Bishá. Confira mais informações:
CLASSIFICAÇÃO GERAL
Após duas etapas / Seis primeiros + brasileiros
1) Henk Lategan (África do Sul)/Brett Cummings (África do Sul), Toyota GR DKR Hilux, 15h40min30s
2) Yazeed Al Rajhi (Arábia Saudita)/Timo Gottschalk (Alemanha), Toyota Overdrive, a 4min45
3) Nasser Al-Attiyah (Qatar)/Edouard Boulanger (França), Dacia SandRider, a 6min00s
4) Toby Price (Austrália)/Sam Sunderland (Inglaterra), Toyota Overdrive, a 11min44s
5) Mattias Ekström (Suécia)/Emil Bergvist (Suécia), Ford Raptor, a 13min16s
6) Sebastién Loeb (França)/Fabian Lurquin (Bélgica), a 18min56s
8) Lucas Moraes (Brasil)/Armand Monleón (Espanha), Toyota GR DKR Hilux, a 20min57s
28) Marcos Moraes (Brasil)/Maykel Justo (Brasil), Toyota Overdrive, a 2h35min47s
38) Marcelo Gastaldi (Brasil)/Adrien Metge (França), Century, a 3h28min12s
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