Além do volante: as estratégias das equipes para ganhar corridas

Como as estratégias na F1 podem se assemelhar quando comparamos ao poker

Mechanics in the Mercedes garage

Foto de: Steve Etherington / Motorsport Images

O calendário da Fórmula 1 é longo. De março a novembro, são disputadas as 22 etapas do circuito e, entre viagens e ajustes, pilotos e equipes trabalham sem descanso em busca da consagração no fim do ano.

Essa rotina exige muito trabalho físico dos pilotos, afinal, controlar um carro que chega a 360 km/h não é nada fácil e exige muito 'braço', além do preparo para aguentar os treinos, corridas classificatórias e, por fim, as várias e várias voltas no dia do circuito. O esforço é gigantesco e a preparação é igualmente grandiosa.

No entanto, por mais habilidade que tenha um piloto e por melhor que seja o carro da escuderia, existe uma dose imensa de estratégia em cada GP. Os circuitos têm as suas próprias especificidades, alguns são mais rápidos e outros mais 'lentos'. Existem também as corridas de rua, como Mônaco ou Arábia Saudita, e num futuro breve, a corrida de Las Vegas, que também será em ambiente urbano

As variáveis citadas acima são, digamos, controláveis. No entanto, ainda estão em questão a meteorologia e a classificação para a corrida, ou melhor, o lugar no grid de largada. Essas duas completamente incontroláveis e que devem fazer parte do planejamento das equipes.

A posição no grid de largada vai determinar qual estratégia será posta em marcha na pista. O fator “posição” também é crucial em outro esporte, nesse caso, o poker. Cada lugar ao redor da mesa tem um nome e uma ordem de aposta, isso significa que cada jogador apostará por uma abordagem mais ou menos agressiva segundo a ordem de apostar. Normalmente, o último a fazer um movimento é chamado de “Botão” e essa posição é privilegiada por poder ler todos os passos antes de agir.

Já na Fórmula 1, a posição de saída, definida no dia anterior, também vai reger as decisões de quando fazer o primeiro pit stop, qual o melhor jogo de pneus para começar a corrida - nesse caso, fatores meteorológicos influenciam também -; além da possibilidade de trabalhar estratégias em dupla quando os dois pilotos da escuderia saem em postos próximos.

A estratégia conta tanto que a Mercedes quase surpreendeu a Red Bull no GP da Holanda, quando os pilotos da escuderia alemã aplicaram a tática de apenas uma parada e estavam mais rápidos que o líder do campeonato, Max Verstappen, que revelou sua surpresa com o ocorrido. No entanto, uma série de Safety Cars e um erro de Lewis Hamilton deixaram a porta aberta para o holandês atacar e tomar a primeira posição, garantindo assim o lugar mais alto no pódio e a décima vitória na temporada.

O plano da Mercedes baseou-se em usar pneus médios nos dois veículos e esse fato deu a velocidade necessária para brigar com os carros da Red Bull, os melhores da temporada. Na volta 29, quando enfim, os pilotos da escuderia alemã fizeram paradas, a troca foi por pneus duros, que surpreenderam ao dar ainda mais velocidade.

Charles Leclerc, Ferrari F1-75, makes a pit stop

Charles Leclerc, Ferrari F1-75, makes a pit stop

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

A estratégia é fundamental, no entanto, quando aplicada de forma atrapalhada pode gerar momentos curiosos, como aconteceu no GP da Bélgica, quando Leclerc, piloto da Ferrari, ouviu do rádio da equipe: “mudamos para o plano D”. O desastre estava feito. Charles Leclerc havia largado atrás de Verstappen, que venceu a corrida, e terminou apenas na 5ª posição. No entanto, durante a prova, o rádio da Ferrari foi um show de horrores. A equipe parecia perdida e o piloto teve que perguntar pelos pit stops combinados, logo, o time perguntou qual tipo de pneu ele preferia, sendo que existem engenheiros com acesso aos dados de telemetria dos pneus sendo responsáveis pelas sugestões.

Ter um plano bem traçado é tão fundamental que cada equipe conta com o seu próprio engenheiro de estratégia. Esses profissionais são responsáveis por armar um programa perfeito para vencer a corrida, além de "trocar a roda com o carro andando" e mudar a estratégia se as coisas não estiverem indo bem durante a corrida.

Outras responsabilidades do engenheiro de estratégia são: decidir quando ir aos boxes, quais pneus utilizar e, obviamente, analisar o desempenho dos concorrentes. Boa parte do trabalho desse profissional está relacionada com a coleta e análise de dados sobre o carro, os pneus e o circuito. São os números que vão revelar a melhor tática para cada corrida.

Dessa forma, na próxima vez que você estiver vendo um GP, não se esqueça, além da habilidade do piloto, existe uma equipe repleta de profissionais que estudou cada centímetro da pista, cada resultado dos rivais, para criar o melhor plano possível para estourar a champanhe e levantar o troféu.

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