Binotto pede cautela contra decisões "emocionais" sobre futuro da F1
O chefe da Ferrari afirmou que está aberto à redução do teto, mas defende que o esporte deve evitar tomar decisões "emocionais" neste momento
Com a paralisação da temporada 2020 da Fórmula 1 pela pandemia da Covid-19, a categoria e as equipes estão se mexendo para garantir a sustentabilidade do campeonato, através de medidas de corte de gastos.
As equipes concordaram, provisoriamente, na redução do teto orçamentário, delimitado no novo regulamento financeiro da FIA, baixando de 175 milhões de dólares (cerca de 900 milhões de reais) para 150 milhões (775 milhões de reais). Porém, a McLaren e outras estão defendendo uma redução ainda maior, para 125 milhões de dólares (650 milhões de reais), além de redução proporcional para os próximos anos.
A Ferrari, junto com a Mercedes e a Red Bull, que são os mais afetados pelo teto, tem ressalvas sobre a redução ainda maior sem antes avaliar as consequências.
"Estamos totalmente cientes das dificuldades de algumas equipes", disse Mattia Binotto, chefe da Ferrari, em entrevista à Sky Sports News. "Nós estamos cientesque precisamos lidar com o problema dos custos da F1 para o futuro, reduzí-los, que é o primeiro passo para garantir que todas as equipes sobrevivam".
"Nós estamos discutindo atualmente com a F1, a FIA e as equipes uma redução no teto, mas não podemos esquecer que temos estruturas diferentes, ativos diferentes".
Como informado anteriormente, a reunião de segunda entre os chefes de equipe e os diretores da F1 contou com uma discussão sobre níveis de teto para as equipes - com aquelas que produzem e fornecem partes para outras tendo um teto maior que as clientes.
"Há equipes que são construtores, como a Ferrari e outras equipes de ponta, onde fazemos design, desenvolvimento, homologação e produção de cada um dos componentes de nossos carros. Outras equipes são clientes, então eles compram algumas partes, e assim não tem a mesma estrutura porque, obviamente, eles não estão projetando, desenvolvendo, etc, todos esses componentes".
"Então eu acho que, quando discutimos um teto orçamentário, não podemos esquecer que temos situações diferentes e é importante que encontramos um ponto em comum que é flexibilizar para diferentes situações, e talvez a resposta não seja um teto orçamentário único para todas as equipes".
"Nós tivemos uma reunião na segunda com as equipes, FIA e F1 e eu acho que foi uma reunião construtiva e positiva. Eu acho que ainda faltam algumas análises antes de tomarmos as decisões corretas. Acho que precisamos evitar sermos emocionais nesse momento".
"Nós sabemos que enfrentaremos situações difíceis, mas precisamos manter o DNA, a essência da F1, que é a competição, e não podemos esquecer sobre a F1 o esporte a motor. Acho que é importante olharmos a todos os detalhes e tomar uma decisão racional que é baseada em todas as considerações, e não apenas as emoções".
Binotto concordou que não era uma boa hora para tomar grandes decisões.
"Não, certamente não é. O que precisamos é ter uma visão a longo prazo. Eu acho que é importante que olhemos juntos adiante, e garantir que estamos tomando as decisões corretas com as prioridades organizadas. Mas, como disse antes, acho que não podemos simplesmente agir com o emocional nesse momento.
Binotto está totalmente de acordo com a decisão de adiar o regulamento técnico de 2021 para 2022.
"Eu acho que foi uma decisão correta e boa, porque foi uma decisão responsável. Acho que a situação e a emergência do que estamos enfrentando é a prioridade. Acho que não podemos agir apenas pensando em uma única equipe, no interesse da Ferrari, mas olhar para o todo".
"Sabemos que o tempo seria apertado para desenvolver o carro de 2021, então eu acho que, no final, foi a decisão correta, e isso não deve favorecer a Ferrari, provavelmente. Mas acho que somos desafiantes, e somos pessoas que queremos sempre fazer melhor do que no passado, e sempre haverão tempos difíceis, mas podemos nos recuperar e sermos mais fortes".
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