Ex-F1, Mazzacane critica Prost: "fez perder minha carreira"
Argentino fala ao Motorsport.com sobre sua passagem pela F1 e se orgulha de ter dividido grid com Schumacher e Hakkinen
País que deteve cinco títulos da Fórmula 1 nos anos 1950 com Juan Manuel Fangio e viu em Carlos Reutemann seu último grande nome no campeonato nos anos 1970 e 1980, a Argentina anda atualmente carente de pilotos de expressão nos monopostos.
O último piloto argentino a largar em um GP de F1 foi Gastón Mazzacane, em 2001. Sua curta estadia na categoria incluiu uma passagem pela Minardi como piloto de testes e titular nos anos de 1999 e 2000 respectivamente, e um curto período na equipe Prost, em 2001. O piloto totaliza 21 participações.
Ao Motorsport.com, ele relembrou o período, que classificou como um dos melhores de sua vida. “Foi uma época incrível", disse o argentino, atualmente com 41 anos. "Pude correr com pilotos muito fortes como Michael Schumacher, Mika Hakkinen, o Rubens (Barrichello), Heinz-Harald Frentzen, Giancarlo Fisichella, Eddie Irvine e Jean Alesi – que foi meu companheiro de equipe.”
“Todos tinham muitas temporadas e eram consagrados. Foram anos muito interessantes e bons. Hoje eu assisto corridas da época e tenho muita vontade de competir de novo.”
“Estive agora em 2016 na Fórmula 1 na Áustria, a passeio. Os carros parecem até mais fáceis de guiar. Na minha época não se tinha tanto controle da estabilidade. Não digo que era mais difícil, mas o jeito de guiar mudou muito.”
Problemas na Prost
Mas a lembrança da Fórmula 1 vem acompanhada de bons e maus momentos. Para Gastón, que nunca pontuou, o grande marco ocorreu no GP dos EUA de 2000, quando ultrapassou de Minardi a McLaren de Mika Hakkinen pelo quarto lugar.
A façanha se explica pelo fato de Hakkinen – que disputava o título ali – estar de pneus slicks na pista úmida após um pit stop. Fora isso, seu melhor resultado foi um oitavo lugar no GP da Europa, em Nurburgring.
Em 2001, ele se transferiu para a Prost, e aí veio seu pior momento na F1, que acabou precedendo sua saída. O piloto argentino sofreu na adaptação ao time e foi demitido após quatro corridas, sendo substituído pelo brasileiro Luciano Burti.
“Estive dois anos na Minardi. Trabalhei com grandes nomes, como Gustav Bruner, Cesare Fiori e Giancarlo Minardi. Todos eles eram muito apaixonados”, disse.
“Mas quando fui para a Prost, tinha gente da Itália, da Inglaterra e da França ali. Lá não era uma equipe – era um ambiente muito diferente da Minardi. Não gostei.”
Perguntado se achava Alain Prost melhor como piloto do que como chefe de equipe, Mazzacane foi categórico. “Com certeza, não há dúvidas. Sendo quem é, ele perdeu uma equipe de Fórmula 1 e a França não está mais hoje na Fórmula 1.”
“Depois do que passei por lá, não o vi mais. Fiquei muito chateado em como as coisas terminaram. Naquele ano, o time teve cinco pilotos. Começamos o ano eu e o Alesi e eles acabaram com Tomas Enge e o Frentzen. Teve o Luciano Burti ainda no meio.”
Para ele, a ida para a Prost custou sua carreira na Europa. “Tivemos muitos problemas financeiros lá. Eu perdi minha carreira esportiva internacional por estar na Prost. Poderia permanecer um ano mais na Minardi com alguma certeza. No final, minha carreira esportiva poderia ser outra.”
“No final, ele (Prost) me tirou por exigências de patrocinadores. Foi um erro.”
O que falta para a Argentina voltar à F1?
Mazzacane acredita que o fato de a Argentina ter um automobilismo interno muito forte, com boa base de pistas e fãs, atrapalhe os jovens pilotos que desejam fazer carreira internacional.
"É lamentável que nós como país – a Argentina – tenhamos perdido a corrida de Fórmula 1 e hoje não possamos mais formar um piloto para a Europa. Isso é importante. Hoje, lamentavelmente, estamos muito longe disso", afirmou.
"É um grande problema. Às vezes você está a um passo de fazer um contrato e falta a potência econômica. Por isso, hoje o interesse dos pilotos pela Fórmula 1 é muito pequeno. Eles preferem correr na Turismo Carretera ou na TC 2000 – categorias fortes na Argentina, tanto esportivamente quanto tecnologicamente."
"O trabalho lá é intenso, e isso acaba fazendo com que os interesses dos patrocinadores fiquem na Argentina. Não há interesse em sair."
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