Análise
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F1: FIA pode divulgar no fim do mês investigação sobre teto orçamentário de 2022; entenda como processo funciona

FIA adota processo mais rigoroso em comparação ao ano anterior, e divulgação de diretiva técnica no fim de junho ligou alerta para equipes

The steering wheel from the car of George Russell, Mercedes F1 W14

Espera-se um verão quente para a Fórmula 1. Teoricamente, em 31 de julho, devemos conhecer as equipes que receberão o 'adesivo verde da FIA', comprovando o cumprimento do teto orçamentário de 2022. Mas duas ou três equipes podem estar em maus lençóis. E as verificações tornaram-se asfixiantes, com três agentes visitando cada equipe por três semanas, conduzindo entrevistas e verificando dados e computadores pessoais.

No entanto, durante a passagem por Silverstone, soube-se que a data poderia ser atrasada, levantando suspeitas. No ano passado, a correria começou do mesmo jeito, terminando com sanções para Red Bull e Aston Martin. E, na ausência de informações oficiais, as especulações ganham terreno fértil.

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É certo, porém, que algumas equipes ligaram o alerta quando a FIA emitiu em 23 de junho a diretiva técnica TD45, reiterando um aspecto muito discutido sobre como burlar o regulamento: qualquer projeto ou propriedade intelectual criado fora da F1 e importado para o esporte serão introduzidos no teto.

O conceito deveria estar claro, mas era tratado como uma zona cinzenta. A FIA não reitera aspectos do regulamento com frequência e, quando entra em ação, é porque há um motivo específico.

Aston Martin F1 Team Technology Campus

Aston Martin F1 Team Technology Campus

Photo by: Aston Martin Racing

Investigação nas sedes com interrogatórios cruzados

A FIA sabe que a F1 está jogando um jogo muito importante. Se ainda surgirem problemas durante a verificação, sem as sanções julgadas adequadas, todo o conceito do teto orçamentário perde sua credibilidade.

O time montado pela FIA deu grandes passos nos procedimentos de verificação realizados nas sedes das equipes, com três pessoas examinando cada equipe por três semanas, com entrevistas feitas sem aviso prévio com funcionários, e verificação de dados, incluindo computadores pessoais.

Várias equipes confirmaram que a FIA foi bem mais fundo nos procedimentos de controle orçamentário de 2022 em comparação ao ano anterior. "Uma espécie de auditoria fiscal muito meticulosa", disse uma fonte.

O aspecto espinhoso da alocação de pessoal da TD45 foi verificado. Cada colaborador declara como e onde passa o seu tempo de trabalho (entre projetos de F1 ou outros) e o staff da FIA verifica se, nos dias em que é declarado trabalho em um projeto alternativo, isso de fato ocorreu.

E como ela faz isso? Com entrevistas, verificações imediatas, verificação de e-mails e tráfego de internet em um dia específico, tudo sem aviso prévio. Ainda é uma área cinzenta, assim como o aspecto ligado a fornecedores externos.

Cada peça utilizada nos carros é traçada com seu próprio código de identificação, sendo que, nas vésperas dos fins de semana de corrida as equipes comunicam à FIA a lista de todos os componentes que trazem para a pista.

Verifica-se ciclicamente pelos técnicos da FIA que o que se monta nos carro são única e exclusivamente os componentes declarados pelas equipes.

"Não há como escapar dos custos de material", disse um inspetor, mas o custo intelectual de quem projeta um componente escapa à verificação. Se o pessoal que trabalha em outros projetos (todas as equipes lançaram programas alternativos) transfere conhecimento dentro do programa de Fórmula 1, diz-se que isso não pode ser facilmente rastreado nas investigações.

Porém, os investigadores da Administração do Teto Orçamentário (Cost Cap Administration em inglês, CCA) não deixam nada ao acaso, chegando a pedir informações a ex-funcionários das equipes.

A Red Bull está novamente sendo discutida como uma equipe sob as lentes do limite do orçamento de 2022

A Red Bull está novamente sendo discutida como uma equipe sob as lentes do limite do orçamento de 2022

Photo by: Steven Tee / Motorsport Images

"Custo x performance" é o novo desafio das equipes

A delicadeza da situação atual fica clara ao observar o quadro de funcionários que cada equipe teve que montar para o controle financeiro. A Mercedes revelou que seu departamento é composto por 46 pessoas (e este fica fora do teto orçamentário).

Todos os aspectos das equipes estão sujeitos a uma avaliação de "custo x desempenho". Ou seja, antes de dar o aval a um novo componente técnico ou um novo negócio, é considerado a relação entre o impacto nas finanças da equipe e os benefícios que isso trará na pista. Há um mínimo a ser superado, caso contrário, a ideia é rejeitada.

Cenário inevitável, já que os recursos destinados a empreendimentos representam uma espécie de amortecedor para as despesas. Se, por exemplo, uma equipe relatar muitos acidentes na primeira metade da temporada, ultrapassando os gastos com as peças de reposição, o risco é que, para voltar ao teto, seja necessário recorrer a cortes na verba de desenvolvimento e assim sucessivamente.

Nos dois anos desde a entrada do regulamento financeiro, as equipes revisaram todos os processos internos, buscando otimizar cada rubrica. "Atualmente é difícil encontrar um setor para cortar um milhão", disse um especialista. "É mais fácil achar 100 mil euros em várias áreas para chegar ao mesmo valor".

Por fim, há outro trabalho em andamento, e esse é referente ao novo regulamento financeiro que entrará em vigor a partir de 2026. Tanto a FIA quanto as equipes aproveitarão as questões críticas que surgiram (e surgirão) nesses cinco primeiros anos para maximizar a próxima versão.

É um jogo muito importante, pois afeta grande parte das atividades de uma equipe de F1, e praticamente todos os aspectos que impactam desempenho. Por isso, será crucial observar a posição que a FIA assumirá em casos de infração após as polêmicas do ano passado.

A história do atual campeonato confirma que multa e redução do tempo de túnel de vento são apenas 'tapas na mão'. Penalidades esportivas são necessárias, e é importante colocá-las no papel.

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