Análise
Fórmula 1 GP da Emilia Romagna

Análise técnica: Mercedes e Red Bull possuem suspensões similares, mas com objetivos distintos

As equipes de James Allison e Adrian Newey pensaram de modos similares, mas em busca de objetivos bem diferentes entre si

Mercedes W12 rear suspension detail

Análise técnica de Giorgio Piola

Análise técnica de Giorgio Piola

Qual Mercedes veremos em Ímola? Essa é a pergunta que fazem em Milton Keynes depois que a Red Bull perdeu o primeiro GP da Fórmula 1 2021 no Bahrein, apesar de ter um carro que todos pensaram ser mais competitivo.

Lewis Hamilton sofreu, mas venceu a corrida de abertura. Mas com três semanas entre os GPs do Bahrein e da Emilia Romagna, a Mercedes teve um bom tempo para trabalhar nas máquinas e dar sequência ao desenvolvimento.

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Um aspecto acaba sendo muito interessante: durante a pausa, as duas principais equipes da F1 interpretaram a evolução de seus carros com soluções que iam na mesma direção, mas com aplicações diferentes.

A Red Bull, no RB16B, interveio na suspensão traseira: ao manter a caixa de câmbio do ano passado, os técnicos de Adrian Newey mexeram nos braços do triângulo inferior que, na verdade, não é mais um triângulo, passando a adotar um conceito de multi link, onde dois elementos não convergem em um anexo para o hub único, sendo espaçados.

Confronto della  sospensione posteriore Red Bull RB16 e RB16B

Confronto della sospensione posteriore Red Bull RB16 e RB16B

Photo by: Giorgio Piola

O braço de convergência (azul) não é o que se fixa à estrutura deformável, mas sim colocado à frente, com os elementos que compunham o triângulo em 2020 (amarelo), sendo transformados em duas alavancas que se situam no monte do meio eixo (vermelho).

Respeitando as restrições das peças homologadas, a Red Bull conseguiu implementar uma mudança importante.

Mercedes W12 dettaglio della sospensione posteriore a bracci paralleli

Mercedes W12 dettaglio della sospensione posteriore a bracci paralleli

Photo by: Giorgio Piola

Na Mercedes, no entanto, eles não seguiram nessa direção mesmo tendo gasto uma das fichas de desenvolvimento na caixa de transmissão, visando mudar a suspensão traseira, que cedeu o triângulo inferior para mudar para os dois braços paralelos (amarelos), no meio dos quais está o semieixo (vermelho), que passa a ser perfeitamente carenado, enquanto o braço de convergência (azul), continua a ser colocado na estrutura deformável traseira.

O objetivo de James Allison, diretor técnico da Mercedes, era o mesmo de Adrian Newey: fazer da suspensão traseira um elemento aerodinâmico útil para reduzir o arrasto, sendo que o último elemento visava melhorar a eficiência do difusor.

O conceito funciona tanto para carros com baixo rake (W12) quanto para carros de rake mais alto (RB16B).

Os problemas da Mercedes, na verdade, não derivam tanto da suspensão traseira, mas do assoalho cortado, que torna o carro da equipe alemã mais instável na traseira, enquanto na Red Bull, eles conseguiram interpretar o regulamento de 2021 de forma mais brilhante, conseguindo uma perda de downforce mais moderado do que a rival.

Uma vez que o ganho de peso dos carros deste ano (6kg) foi medido em alguns décimos no Sakhir e a queda no desempenho dos novos pneus Pirelli foi calculada entre quatro e oito décimos, verifica-se que a perda total para todos foi de pelo menos um segundo.

O RB16B, tendo piorado seu tempo na classificação em 01s3, teria perdido apenas três décimos em termos de aerodinâmica, enquanto a Mercedes teria levado mais de um segundo.

Na verdade, a Mercedes precisou reduzir um pouco a potência de seu motor para evitar o superaquecimento do sistema híbrido. A bateria funciona a uma temperatura limite de 70 graus e, no calor do Bahrein, sofreu com uma insuficiência do sistema de refrigeração.

Em Ímola, estará menos quente que no Bahrein e, neste meio tempo, os engenheiros da Mercedes terão trabalhado fundo no W12 que, como visto no túnel de vento, não consegue controlar os vórtices que têm que deslizar para o assoalho para gerar a infame "minissaia pneumática" útil, para selar o assoalho à pista.

Ímola é uma pista que se adapta às características da Red Bull e o RB16B ainda será o grande favorito, mas a Mercedes chegará com a ideia de terem compreendido quais foram as origens das dificuldades sofridas e confiantes de que terão encontrado soluções válidas. Max Verstappen, esteja avisado.

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Franco Nugnes
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