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Donington 1993: O dia em que Senna se sentiu "imparável" na F1

Piloto da McLaren teve atuação absurda para superar as Williams de Prost e Hill no GP da Europa de 1993, na que é considerada a melhor 1ª volta da história

Ayrton Senna, McLaren MP4/8

Ayrton Senna, McLaren MP4/8

Sutton Motorsport Images

“Foi uma corrida como nos velhos tempos, difícil, no coração. Eu tinha que ser inteligente para pressionar o ritmo na hora certa e me segurar na hora certa. Foi uma corrida fantástica. Estou feliz por todos. Não apenas por mim, mas pela equipe. Foi um sonho”.

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A frase acima foi dita à televisão brasileira por Senna, o que dá uma dimensão extra de sua emoção pessoal. Ele não foi apenas motivado por uma auto confiança absoluta, mas também por um sentimento quase espiritual.

Enfrentando os tecnicamente superiores Williams-Renault FW15C de Alain Prost e Damon Hill, Senna produziu uma primeira volta devastadora e obteve a vitória por incríveis 1min23s de vantagem em seu McLaren-Ford MP4-8.

Ayrton Senna, McLaren

Ayrton Senna, McLaren

Photo by: Sutton Images

Ayrton Senna, McLaren MP4/8

Ayrton Senna, McLaren MP4/8

Photo by: Sutton Images

Antes da corrida, Senna estava preocupado com as ultrapassagens, dada a volta relativamente curta de Donington, a falta de retas e os limites estreitos, mas a chuva torrencial trouxe oportunidades para a McLaren e tirou algumas das vantagens da Williams.

Depois de se classificar em quarto no seco, a 1s649 da Williams de Prost, Senna sentiu que essa era uma corrida que exigiria suas habilidades em tempo chuvoso. E o brasileiro obviamente teve toda a astúcia para brilhar.

Start action

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Photo by: Motorsport Images

Ayrton Senna, McLaren MP4/8 Ford, Alain Prost, Williams FW15C Renault

Ayrton Senna, McLaren MP4/8 Ford, Alain Prost, Williams FW15C Renault

Photo by: Motorsport Images

Alain Prost, Williams FW15C Renault leads Damon Hill, Williams FW15C Renault, Ayrton Senna, McLaren MP4/8 Ford

Alain Prost, Williams FW15C Renault leads Damon Hill, Williams FW15C Renault, Ayrton Senna, McLaren MP4/8 Ford

Photo by: Motorsport Images

Alain Prost leads teammate Damon Hill, Williams FW15C, Karl Wendlinger, Sauber C12, Ayrton Senna, McLaren MP4/8, Michael Schumacher, Benetton B193B, Michael Andretti, McLaren MP4/8

Alain Prost leads teammate Damon Hill, Williams FW15C, Karl Wendlinger, Sauber C12, Ayrton Senna, McLaren MP4/8, Michael Schumacher, Benetton B193B, Michael Andretti, McLaren MP4/8

Photo by: Motorsport Images

Ayrton Senna, McLaren MP4/8, leads Damon Hill, Williams FW15C

Ayrton Senna, McLaren MP4/8, leads Damon Hill, Williams FW15C

Photo by: Sutton Images

Na largada, Senna caiu para quinto na primeira curva, mas depois começou seu ataque. Passou pela Benetton de Michael Schumacher, varreu a Sauber de Karl Wendlinger e depois mergulhou por Hill. Era o início da primeira volta mais famosa de toda a história da F1.

Prost, que mais tarde alegou estar sofrendo de problemas na caixa de câmbio desde o início, estava bem à frente, mas Senna vinha rapidamente. E então a McLaren ultrapassou a Williams e assumiu a liderança. Veja trechos da prova no vídeo abaixo:

Depois de quatro giros, Senna estava 7s à frente de Prost. Mas a pista começou a secar. Depois de 18 das 76 voltas, Senna tinha vantagem de 5s1 quando ambos pararam para colocar pneus slicks. E aí começou a chover novamente.

Senna e Prost voltaram aos boxes para pneus de chuva, mas a chuva parou uma vez mais e os rivais tiveram que fazer outro pit stop para compostos de seco. A terceira parada de Senna foi lenta e então Prost assumiu a ponta, liderando por 6s.

Foi aí que a chuva voltou novamente e os dois pilotos da Williams foram para mais uma troca de pneus. Mas Senna seguiu na pista, abriu vantagem e viu a pista começar a secar. Na volta 48, Prost foi para sua segunda troca para slicks, mas o pit foi ruim e ele caiu para quarto.

Cinco voltas mais tarde, o francês pararia novamente achando que tinha um furo de pneu. E Senna voltou a ter 'sorte' na volta 57, quando ele foi para os pits e a equipe ordenou que ele continuasse, já que não estava pronta para mais uma troca.

"Acho que eles me disseram para ir para os boxes e eu não fui. Depois eu disse que eu ia entrar e eles é que não estava prontos. Então tive que seguir adiante", relatou o brasileiro. Como diz o ditado, há males que vêm para bem.

Ayrton Senna, Damon Hill

Ayrton Senna, Damon Hill

Photo by: Sutton Images

Ayrton Senna, McLaren MP4/8 Ford

Ayrton Senna, McLaren MP4/8 Ford

Photo by: Motorsport Images

A entrada do pit em Donington é praticamente um atalho da curva final, então o resultado de Senna foi uma volta mais rápida do que o normal - o que acabou se tornando o recorde da pista em 1min18s029. Para se ter ideia, seu segundo melhor registro na prova foi 1min20s413.

Na volta para a pista, Senna mudou de ideia e decidiu não mais a fazer a troca para pneus molhados. No fim das contas, a chuva voltou apenas a 10 voltas do fim e então o brasileiro fez sua nova parada, antes de Hill e Prost. Era o sétimo pit stop do francês, que terminou em terceiro.

Após a bandeira quadriculada, que marcou a vitória de nº 38 do brasileiro na categoria máxima do automobilismo mundial, verificou-se que todos tinham tomado uma volta do piloto da McLaren, menos Hill. O inglês da Williams ficou em segundo.

"Foi o momento mais majestoso de Senna. A pilotagem dele foi maravilhosa do começo ao fim. Parecia que ele tinha todas cartas que um piloto poderia aspirar ter na mão", definiu o repórter da Autosport Nigel Roebuck, que escreveu o relato daquela corrida.

Ayrton Senna, McLaren MP4/8 Ford

Ayrton Senna, McLaren MP4/8 Ford

Photo by: Motorsport Images

Ayrton Senna, McLaren Ford MP4/8

Ayrton Senna, McLaren Ford MP4/8

Photo by: Sutton Images

Após a prova, Senna comentou: "Estou sem palavras, estou realmente na lua! Condições como essa são complicadas, então aproveitar as oportunidades traz muitos resultados. Acho que arriscamos bem e por isso tivemos o resultado".

"Na largada, decidi ir com tudo antes que as Williams pudessem controlar a situação. Eles têm uma superioridade técnica, então pensei que essa seria a melhor tática. E então um monte de coisas aconteceu, é até difícil de lembrar", seguiu o tricampeão.

"No pit stop em que fomos lentos aconteceu algo com a fixação da roda traseira direita. Os mecânicos sempre estão sob grande pressão. Mas o esporte a motor é assim mesmo", ponderou o piloto brasileiro.

"Nem sei quantas vezes eu parei para trocar os pneus, mas certamente foi o meu recorde em uma corrida. Pilotar com slicks em condições dessas foi um grande esforço, porque você simplesmente mal sente o carro e tem que se concentrar muito nas curvas, senão vai bater", completou.

Ayrton Senna, McLaren, Alain Prost, Williams

Ayrton Senna, McLaren, Alain Prost, Williams

Photo by: Sutton Images

Durante a coletiva de imprensa pós-corrida, Prost comentou sobre sua péssima prova: "Eu engasguei o motor em um pit stop e perdi uns 14s. A estratégia de pits foi acertada no começo, mas quando coloquei os slicks, o carro ficou impossível de pilotar".

Foi aí que Senna aproveitou a oportunidade para tirar um sarro de seu maior rival na F1 e ex-companheiro de McLaren. O brasileiro, que estava sentado ao lado do francês, perguntou: "Quer trocar de carro comigo?".

GALERIA: Relembre todos os carros de Ayrton Senna na história da F1

1984: Toleman TG183B

1984: Toleman TG183B

Foto de: Camille De Bastiani

Foi seu primeiro carro na Fórmula 1, apesar de Senna ter usado o monoposto apenas nas primeiras quatro corridas daquela temporada 1984, somando dois sextos lugares na África do Sul e na Bélgica.
1984: Toleman TG184

1984: Toleman TG184

Foto de: Camille De Bastiani

Foi com o novo carro da Toleman que o brasileiro conseguiu o famoso pódio na corrida chuvosa em Mônaco. Além disso, conquistou mais dois terceiros lugares, na Grã-Bretanha e em Portugal.
1985: Lotus 97T

1985: Lotus 97T

Foto de: Camille De Bastiani

A Lotus carregava um motor Renault. Com o monoposto, ele conseguiu uma vitória já em sua segunda corrida, em Portugal, antes de cair em uma sequência de sete provas consecutivas sem pódios. Voltou ao top-3 na Áustria com o segundo lugar, iniciando uma série de cinco pódios, incluindo uma vitória na Bélgica.
1986: Lotus 98T

1986: Lotus 98T

Foto de: Camille De Bastiani

Em sua segunda temporada com a Lotus, a equipe usou novamente o motor Renault V6. Os resultados chegaram: seis pódios, incluindo vitórias de Espanha e Detroit, nas oito primeiras corridas. No final, Senna somou 11 pódios para terminar em quarto entre pilotos.
1987: Lotus 99T

1987: Lotus 99T

Foto de: Camille De Bastiani

Com o Lotus 99T, já com motor Honda, o piloto ficou em terceiro lugar no campeonato de pilotos. Durante o ano, ele somou duas vitórias, quatro segundos lugares e dois terceiros. Essa foi a melhor posição de qualificação até então para o brasileiro.
1988: McLaren MP4/4

1988: McLaren MP4/4

Foto de: Camille De Bastiani

Em seu primeiro ano com a McLaren, seu carro foi o MP4/4, com motor Honda. Já em sua segunda corrida, Senna venceu o GP de San Marino. Depois de abandonar em Mônaco, obteve um segundo lugar no México, iniciando série de oito pódios consecutivos, incluindo seis vitórias. No GP do Japão, ele subiu novamente ao topo do pódio e conquistou seu primeiro campeonato na F1.
1989: McLaren MP4/5

1989: McLaren MP4/5

Foto de: Camille De Bastiani

Em sua segunda temporada com a McLaren, Senna guiou o MP4/5, impulsionado pela Honda. Foi o ano da intensificação da rivalidade com Alain Prost. No decorrer da temporada, ele somou seis vitórias e um segundo lugar na Hungria.
1990: McLaren MP4/5B

1990: McLaren MP4/5B

Foto de: Camille De Bastiani

A terceira temporada de Senna pela McLaren marcou a saída de Alain Prost para a Ferrari, o que fez com que os números dos carros britânicos fossem alterados. O francês levou consigo o projetista Steve Nichols. Por isso, a McLaren fez alterações no seu carro do ano anterior, com novidades no corpo e na asa traseira. Deu certo: ganhou o Mundial de Construtores e Senna reconquistou o título.
1991: McLaren MP4/6

1991: McLaren MP4/6

Foto de: Camille De Bastiani

O MP4/6 impulsionado por um Honda V12 foi o último carro com o qual Senna brigou frequentemente por vitórias na McLaren. O início da temporada deu-lhe quatro vitórias. Depois, dois terceiros lugares, no México e na França. Os triunfos na Hungria, Bélgica e Austrália, com os segundos lugares de Itália, Portugal e Japão, deram a ele seu terceiro e último título mundial na Fórmula 1.
1992: McLaren MP4/7

1992: McLaren MP4/7

Foto de: Camille De Bastiani

A McLaren começou a temporada com uma atualização do chassi de 1991 na África do Sul e no México, onde Senna conseguiu o terceiro lugar. No Brasil, veio o novo carro MP4/7, para as restantes 14 datas do campeonato. Senna ainda ganhou três GPs (Mônaco, Hungria e Itália) e três pódios (San Marino, Alemanha e Portugal), terminando em quarto no campeonato vencido por Nigel Mansell.
1993: McLaren MP4/8

1993: McLaren MP4/8

Foto de: Camille De Bastiani

Com o novo motor Ford, Senna começou sua última temporada com a McLaren ao volante do MP4/8. O início da temporada permitiu-lhe três vitórias e dois pódios nas primeiras seis corridas de 1993. No fim do ano, ainda venceu no Japão e na Austrália.
1994: Williams FW16

1994: Williams FW16

Foto de: Camille De Bastiani

Em seu desejo de vencer seu quarto campeonato mundial, Ayrton Senna mudou para a Williams em 1994. Entretanto, perdeu a suspensao eletrônica de seu antecessor em virtude das novas regras da F1 e ficou desvantagem. Em seu terceiro GP com o FW16, Senna faleceu após forte batida na curva Tamburello, em Imola.
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VÍDEO: Barrichello relembra em detalhes o dia em que Senna socou Irvine na F1

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