Irmãos Fittipaldi abrem espaço na Europa quase 50 anos depois de Emerson e Wilsinho
Pietro e Enzo representaram bem o Brasil neste fim de semana. Com exclusividade ao Motorsport.com Brasil, família conta casos e mostra imagens exclusivas da caminhada da dupla
Oito títulos mundiais de Fórmula 1, 101 vitórias e muitos episódios de sucesso em outras categorias, como nas 500 Milhas de Indianápolis. Muito do que o Brasil conquistou nas pistas é graças ao que o clã Fittipaldi fez.
Do patriarca Wilson Fittipaldi, o Barão, um dos maiores comunicadores do rádio brasileiro e realizador de grandes iniciativas no automobilismo, aos filhos Emerson e Wilsinho. E dos dois surgiu uma grande quantidade de descendentes envolvidos no esporte.
A força dos Fittipaldi segue viva nas pistas. Estamos falando de Pietro e Enzo Fittipaldi, de 22 e 17 anos, respectivamente. Os netos de Emerson representaram bem o Brasil em duas categorias de destaque do esporte a motor. Reeditaram, assim, o sucesso de irmãos Fittipaldi na Europa depois de quase 50 anos, já que o bicampeão da Fórmula 1 e Wilsinho brilharam no continente na década de 1970.
Piloto da Academia da Ferrari, Enzo ficou em segundo nas duas corridas da Fórmula 3 Regional Europeia em Vallelunga, na Itália, com a equipe Prema, e está a apenas seis pontos do líder do campeonato. Já Pietro estreou com um considerável 10º lugar no DTM, uma das categorias mais competitivas do mundo, na etapa de Hockenheim. A consistente colocação do piloto de testes da Haas na F1 é mais um passo em busca de sua entrada como titular na categoria máxima do automobilismo mundial.
Ambos são filhos de Juliana Fittipaldi - primogênita de Emerson, fruto de seu primeiro casamento, com Maria Helena Dowding - e Gugu da Cruz. O Motorsport.com Brasil conversou com exclusividade com o pai dos garotos, esperanças do país para o futuro na Fórmula 1. Ele fala sobre a relação dos irmãos, que comentaram seus resultados, e mostra fotos exclusivas do acervo pessoal da família (veja abaixo):
Enzo foi campeão da Fórmula 4 Italiana na temporada passada e começou 2019 com o pé direito na F3 Regional Europeia. O brasileiro ficou em segundo em quatro corridas do campeonato e venceu a prova 2 da etapa francesa de Paul Ricard, primeiro circuito do calendário.
"Foi positivo conseguir os pódios aqui em Valellunga e ainda ver meu irmão começando bem no DTM. Eu só estaria mais satisfeito se vencesse a minha corrida e acredito que tínhamos ritmo para conseguir. Essa pista é difícil de ultrapassar, mas tenho certeza que vamos brigar novamente por vitórias", disse o piloto da Prema, equipe que lidera o campeonato.
Enzo Fittipaldi, Prema Powerteam
Photo by: acisportitalia.it
Já Pietro foi bem em seu debute no DTM, categoria de turismo correspondente à Stock Car na Alemanha. A bordo de um Audi RS 5 Turbo, o brasileiro terminou a corrida de Hockenheim em um bom décimo lugar, fazendo consistente prova de recuperação após largar em 15º.
"É muito especial continuar essa história que passa de geração em geração dos Fittipaldi. Meu avô sempre me dá conselhos bastante motivadores e costuma dizer para mim e para o meu irmão que estamos no caminho certo de uma longa carreira no automobilismo. Ele sempre fala para fazermos as coisas com paixão pelo esporte e sempre levo isso comigo para as pistas", comentou Pietro.
Pietro Fittipaldi, Audi Sport Team WRT, Audi RS 5 DTM
Photo by: Alexander Trienitz
Companheirismo e ambiente familiar
O pai Gugu da Cruz comentou a relação dos dois: "Foi uma luta muito grande levar os meninos ao ponto em que chegaram. Nem sei como conseguimos. O Emerson, sempre ocupado e com agenda lotada, não consegue ter tempo para dar tanta atenção, embora sempre ligue para os netos. Então eles cresceram apoiando um ao outro e são muito unidos. São melhores amigos e fazem tudo juntos quando podem, até jogar videogame. São muito ligados, não dá nem para descrever".
"Tanto que quando o Pietro quebrou as duas pernas no acidente em Spa [pelo Campeonato Mundial de Endurance (WEC), em 2018], o Enzo se classificou mal na F4 Alemã. Ele era o líder e estava fazendo a qualificação em Hockenheim e não foi bem porque não estava com a cabeça boa. Isso até atrapalhou na busca pelo título, que acabou não vindo", revelou Gugu.
Pietro Fittipaldi, Dragonspeed BR Engineering BR1 suffers a huge crash
Photo by: FIA WEC
"A Juliana, que é a mãe, também dá muita atenção e é um outro exemplo, já que é triatleta. Nós dois nos dividimos quando há conflito de agenda. Neste fim de semana, eu acompanhei o Pietro no DTM e ela ficou com o Enzo na Itália. A gente sempre tá com eles e dá todo o suporte possível", explicou Gugu. Além dos dois, o casal também tem a filha Valentina, de 20 anos.
"Também tiveram muito apoio do Max Papis [foto abaixo], que é tio deles e ajudou muito, até montou uma equipe de kart para eles. O Christian [sobrinho de Emerson, filho de Wilsinho e tio de Pietro e Enzo] é outro que liga muito para eles e dá muitos conselhos. Eles cresceram desde pequenos no kart e nem sei dizer como chegaram até o ponto em que estão, mas sempre contaram com o apoio de muitos amigos".
Max Papis, Pietro Fittipaldi, Enzo Fittipaldi
O depoimento de Gugu é corroborado por Enzo e Pietro. "Nos ajudamos muito. Já passei por várias categorias, como a F4, em que o Enzo correu em 2017 e 2018. É claro que na época era diferente, mas andei em várias pistas em que ele era estreante, então fui em várias corridas dele e sempre tentei ajudar o máximo para ele ir crescendo na carreira. Procuro passar o traçado nas curvas, a forma de usar o freio, o acelerador e outros itens técnicos", disse Pietro.
"Eu o acompanhei em algumas reuniões com engenheiros e também passei um pouco da minha experiência. Eu tento ajudar o máximo possível e passei muito tempo usando o mesmo simulador que ele na Academia da Ferrari, em Maranello. Ficávamos trocando tempos para ver quem conseguia melhorar a volta do outro", revelou o piloto de testes da Haas.
"O Pietro tem mais experiência que eu em diversos carros e estou sempre escutando o que ele fala. Sempre recebi muitas dicas de largada, formas de ultrapassagem e venho aprendendo bastante com o meu irmão desde o início da minha carreira. Vamos nos ajudando sempre. Nós dividimos por muito tempo desde o vídeo game até o simulador", confirmou Enzo.
Fittipaldi Brothers
Família Fittipaldi
Photo by: Jose Mario Dias
O companheirismo dos irmãos remete ao de Emerson e Wilsinho, que fizeram sucesso no exterior, como lembra Gugu: "Nos anos 70, o Emerson e o Wilsinho ficaram muito conhecidos na Europa, especialmente na Inglaterra, onde eles viveram".
"Depois que o Enzo também veio para cá, o pessoal começou a identificar e sempre fala dos 'Fittipaldi Brothers' (irmãos Fittipaldi, em inglês). Então todo mundo conhece eles assim e acho que voltou, depois de 50 anos, a história dos Fittipaldi Brothers nos paddocks. É uma nova geração".
Pietro e Enzo carregam o legado da família no continente europeu, onde a primeira geração de Fittipaldi Brothers fez sua fama. Emerson conquistou o bicampeonato mundial de F1 (1972 e 1974), enquanto Wilson Fittipaldi Jr também correu pela principal categoria do automobilismo mundial, criando em 1975, junto com Emerson, a única equipe brasileira da história da F1, a Copersucar. A escuderia existiu até 1982, com diferentes nomes (relembre as proezas do time no link abaixo).
Clã Fittipaldi
Os dois ex-pilotos são da segunda geração famosa da família. Eles são filhos de Wilson Fittipaldi, que narrou o título mundial do filho na Fórmula 1. Figura marcante do radiojornalismo esportivo brasileiro, promotor de eventos de automobilismo no País e um dos criadores da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), o 'Barão' é o patriarca dos Fittipaldi, que também tiveram Christian, filho de Wilsinho, na F1. Agora, o legado do 'clã' está nas mãos (e nos pés) de Pietro e Enzo, além do mais novo filho de Emerson, conhecido como Emmo, de apenas 12 anos (veja fotos exclusivas dos Fittipaldi abaixo):
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