Análise

França-2008, dia em que Massa chegou ao topo na F1

Editor-chefe do Motorsport.com Brasil, Felipe Motta relembra “façanha” de Massa ao ser o primeiro brasileiro a liderar o Mundial desde Senna e detalha bastidores complicados da corrida em Magny-Cours

Felipe Massa, Scuderia Ferrari
Kimi Raikkonen, Scuderia Ferrari, leads Felipe Massa, Scuderia Ferrari
Kimi Raikkonen, Scuderia Ferrari, leads Felipe Massa, Scuderia Ferrari
Felipe Massa, Scuderia Ferrari
Felipe Massa, Scuderia Ferrari
Post-race press conference: race winner Felipe Massa, with Kimi Raikkonen and Jarno Trulli
Felipe Massa, Scuderia Ferrari
Kimi Raikkonen, Scuderia Ferrari, leads Felipe Massa, Scuderia Ferrari
Podium: race winner Felipe Massa with Kimi Raikkonen and Jarno Trulli
Felipe Massa, Scuderia Ferrari

E lá se vão 10 anos do último GP da França. Consequentemente, 10 anos do momento em que Felipe Massa assumiu a liderança do campeonato pela primeira vez.

Aquela corrida em Magny-Cours não traz grandes memórias sobre a prova além da vitória do brasileiro, claro, mas os bastidores tiveram muitas curiosidades.

Começando por Massa: aquele momento era, de certa forma, uma afirmação dele. Depois de ver Kimi Raikkonen campeão em 2007, quando houve equilíbrio na disputa, ninguém imaginou que o brasileiro conseguiria superar o finlandês em um segundo ano. A ideia era que a Ferrari teria desde o início do ano uma predileção por Kimi.

Raikkonen foi dominante em Magny-Cours o tempo todo, mas um problema em seu carro fez com que ele tivesse de poupar o ritmo, o que permitiu ao brasileiro a ultrapassagem. Kimi ainda conseguiu chegar em segundo. Com o resultado, Massa assumiu a liderança do Mundial de F1, o primeiro brasileiro a conseguir o feito desde Ayrton Senna. A lacuna era de 15 anos (1993-2008).

O tamanho do jejum em si já deixa claro o peso da façanha. Ali, de fato, foi o momento em que todos (imprensa, pilotos, torcedores) colocaram Massa como um candidato real ao título. Dali em diante, deixou Raikkonen para trás para ser o ferrarista a ser sustentado pela equipe na metade final.

A tendência daquele campeonato é que lembremos da decisão em Interlagos, mas Magny-Cours é um marco, ainda mais vindo de Massa. O piloto sempre foi subestimado, e aquela liderança era algo maior do que muitos previam quando iniciou sua carreira na Sauber.

Curiosamente, como escrevi acima, o GP foi marcado por algumas histórias curiosas. Pra quem não conhece, Magny-Cours fica longe de tudo. Era uma corrida que não tinha grandes coisas para fazer. Mas naquele GP em particular tudo deu errado para boa parte da imprensa brasileira, de falta de roupa a ser parado e multado em blitz da polícia francesa.

Eu e Tatiana Cunha, repórter da Folha de SP, tivemos a mala extraviada. Passamos no Carrefour, compramos uma muda de roupas pra garantir o fim de semana, e a mala, que deveria chegar em 1 dia, nunca chegou ao destino. Ficou presa em Paris, onde recuperamos só depois da prova.

Para piorar, eu tinha despachado a mala de equipamentos da Jovem Pan. Sendo assim, fui obrigado a fazer a transmissão de um telefone fixo. O problema é que a sala de imprensa não tinha isolamento acústico, e quando os carros passavam na reta dos boxes, era impossível ouvir a voz do Téo José, que narrava a prova com Claudio Carsughi do Brasil.

Eu somente conseguia sentir a vibração do fone enquanto alguém falava. Por esse motivo, pedi que jamais me acionassem com alguma pergunta específica. Se isso ocorresse, viraria gincana do Silvio Santos: "Você quer trocar esse carro por uma caixa de fósforos?". "Sim!".

Então, o Téo narrava e simplesmente dizia meu nome, sem nenhum tema direcionado. Quando eu sentia a vibração do fone parar, era porque devia falar alguma coisa, passar uma informação do local. Foi uma das provas mais difíceis em que já trabalhei. 

Dali em diante, criamos uma superstição. Quando nós jornalistas iniciávamos uma cobertura e surgiam problemas (malas que não chegavam, voos que atrasavam, carros alugados bichados, furtos....) era a senha para imaginar que Massa teria uma boa corrida. Em muitos casos, era exatamente o que acontecia...

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Felipe Motta
Fórmula 1
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