O que aprendemos do GP da Malásia?
TotalRace analisa fantástica volta da Ferrari e de Sebastian Vettel ao primeiro lugar derrotando Mercedes
[publicidade]Uma decisão que deu certo, mas, ainda assim, uma aposta. Mesmo que a Ferrari tivesse impressionado até mesmo a Mercedes com seu ritmo de long runs e baixa degradação na sexta-feira, foi com muita coragem que Maurizio Arrivabene e seu time escolheram manter o tetracampeão Vettel na pista. Além deles, Hülk, Grosjean, Sainz e Pérez resolveram não parar – estes porque sabiam que teriam de arriscar para chegar aos pontos.
O baixo número de voltas realizado até ali foi providencial para Vettel em sua jornada até a vitória. O bom ritmo dos quatro carros entre Seb e Hamilton, ainda com os pneus pouco desgastados, foi responsável pela diferença de dez segundos que o alemão tinha para o inglês no fechamento da volta 10. Com Sebastian indo aos pits na volta 17, as Mercedes voltaram para as duas primeiras posições.
Foi aí que Vettel se aproveitou de seu ritmo próximo ao da Mercedes e degradação menor, para, de pneus médios, cortar 12s em sete voltas e passar Hamilton, que instantaneamente foi para os pits.
Fim de papo.
Ainda que Hamilton tivesse cortado um pouco da vantagem, Vettel tinha espaço para parar nos boxes e voltar de pneus novos andando mais rápido que a Mercedes. A aposta e aqueles dez segundos valeram o triunfo.
A primeira vitória da Ferrari desde maio de 2013 teve uma boa dose de coragem de time que só se contenta com a vitória. Seria fácil seguir Hamilton e parar temendo desgaste no início, mas Maranello arriscou para vencer. E conseguiu. E Rosberg, que chamou em tom de brincadeira esnobe Vettel para o debriefing da Mercedes na sexta-feira em Sepang na coletiva pós-GP na Austrália, acabou tendo de engolir as palavras, assim como o time de assessores do time alemão que colocaram isso no preview da corrida.
Com a vitória Vettel se consolida como o quarto da história e está apenas a uma do recorde de Ayrton Senna, 40-41. Para lá de significativo.
Dia difícil para os brasileiros
Massa teve um bom começo de GP. Ele largou bem e logo pulou de sétimo para quinto. Ainda se aproveitando do problema de freios de Ricciardo, o brasileiro subiu para quarto. Já Bottas, depois de se recuperar do pit stop duplo durante o Safety Car, passando por Pérez, Kvyat, Verstappen e Ricciardo, ficou imediatamente atrás de Massa. Mas o brasileiro, com pneus médios, teve ritmo sólido. Para piorar para o finlandês, ele saiu atrás de Verstappen após sua segunda parada. A diferença entre Felipe e Valtteri chegou a seis segundos na volta 34.
Aí veio a última parada de Felipe. Um erro da Williams lhe custou 3.1s em comparação a Bottas em sua out lap. Felipe ainda tinha quatro segundos de vantagem para o parceiro, mas, a partir daí, jamais virou mais rápido que Bottas novamente. Com pneus mais duros, Massa viu sua diferença ser cortada volta a volta nos últimos 14 giros, até que Bottas o superou em disputa primorosa por fora na curva 5, a duas voltas do fim.
Felipe culpou o erro nos pits pela perda da posição. Mas dado o ritmo ruim que teve na parte final da corrida (sendo mais lento e desgastando mais os pneus) e a “ajuda” que teve de Verstappen, que segurou Bottas por três voltas, isso não pode ser debitado apenas do mau pit stop do time de Grove.
Já Nasr teve dia para esquecer. Acertou Räikkönen (furando o pneu do finlandês) na primeira volta, perdeu um pedaço da asa dianteira e teve de ir aos boxes. A partir dali apenas figurou na prova até ser o 12º no fim. Nada para se preocupar. É totalmente normal que estreantes tenham fins de semanas ruins e apanhem do acerto do carro, como aconteceu com Felipe na classificação. É apenas seu segundo fim de semana na Fórmula 1. A ver como se sairá em Xangai, pista que, assim como Melbourne, jamais correu.
Red Bull X Toro Rosso
Uma das grandes dúvidas que tínhamos no início do ano está sendo aos poucos respondida. Carlos Sainz e Max Verstappen estão justificando (e bem) seus lugares na F-1. Verstappen se colocou em um ótimo sexto lugar no grid de largada em condições difíceis, após uma monção em Kuala Lumpur. Na corrida, não foi bobo. Conseguiu um desempenho condizente com o que foi prometido assim que a Toro Rosso assinou com um adolescente de 17 anos.
Ele ganhou uma posição de Ricciardo, mas perdeu duas de Bottas e Räikkönen. Nada fora do esperado para alguém que anda de Toro Rosso, e é possível ainda dizer que isso tenha ido até além da expectativa.
O mesmo com Sainz, que saiu de 15º e subiu até oitavo, pontuando pela segunda corrida seguida. E, o mais interessante: ambos na frente da Red Bull. A filial não chegava na frente da matriz com os quatro carros completando a prova desde o GP da Bélgica de 2008.
Já a Red Bull viu seus freios derreterem no calor malaio, como as fumaças pretas a cada frenagem de Ricciardo e Kvyat denunciavam. Desapontadores nono e décimo lugares para o time austríaco que tomou volta do vencedor Sebastian Vettel.
Luz no fim do túnel?
Apesar de ainda longe do resto, a McLaren mostrou progresso na Malásia. Alonso calculou que o time ganhou entre 1s e 1.5s desde o GP da Austrália. O time esteve mais próximo do resto na Malásia, chegando a lutar com as Force Indias durante o início da corrida. Até Button se impressionou. “Estou chegando nos carros da frente”, disse surpreso durante o GP. Entretanto, Alonso e o inglês abandonaram com problemas na unidade de potência.
A pergunta é inevitável: onde o time de Woking estará na hierarquia da F-1 no fim do ano? Otimista, Button disse na Austrália: “não vamos ganhar a primeira corrida, mas quem sabe a última”. Vitória parece impensável, mas se o time puder melhorar nesta toada, como deu a entender em Sepang, pode pontuar com frequência.
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