Assessora de Senna reafirma que piloto morreu na pista e relata influência de Ecclestone para impedir cancelamento de GP
Motorsport.com falou com exclusividade com Betise Assumpção
O Motorsport.com celebra a vida e o legado de Ayrton Senna nesses 30 anos da morte do tricampeão mundial de Fórmula 1 com uma série de entrevistas que estão indo ao ar nesta semana.
Um dos personagens principais da carreira do brasileiro na F1 é Betise Assumpção, que foi assessora de imprensa de Senna de 1989 até a morte do brasileiro.
Em entrevista exclusiva ao Motorsport.tv no YouTube, Betise relembrou como foi aquele primeiro de maio, e revelou como que Bernie Ecclestone, então chefão da F1, tentou esconder a morte do brasileiro para impedir que a corrida fosse cancelada.
"Eu me lembro de quase tudo. Aquele fim de semana inteiro foi horroroso, trágico. O domingo já não começou normal. No sábado nós nem fizemos matéria. O escritório do Brasil ligou falando que não tinham nada. E eu falei: ‘o cara não quer falar’. 'Mas você tem que ir lá tirar dele'. 'Você está de sacanagem né? Não vou. Eu não sou repórter, o cara é o meu chefe'".
"Ele está trancado na sala, em estado de choque, porque o Ratzenberger morreu na pista, com 50 milhões de pressões. Ele não tinha pontuado ainda. Eu não vou entrar lá porque não tem como explicar a necessidade dele falar".
"A corrida começou e logo parou, por causa do acidente do Pedro Lamy. Quando a batida aconteceu, eu estava na sala de imprensa. Eu sempre via as corridas lá. Eu lembro que eu peguei minha bolsa e falei que ele ficaria de mau-humor de novo. Quando acontecia dele quebrar ou sair, eu tentava descobrir onde tinha sido para saber por onde ele chegaria, para ficar ali quando ele chegasse, e descobrir o estado de humor dele".
"Eu desci nos boxes e ele não saía do carro. Aí você começa a ficar preocupado. E ele teve um espasmo no carro, mexeu a cabeça. E alguém disse: ‘bom, ele está vivo, mexeu a cabeça’. Eu não sabia que ele não estava falando nada. Aí chegou o Leonardo, irmão dele, também querendo informações, mas ninguém sabia nada. Então fomos para a torre para tentar pegar uma informação".
"Foi quando o Bernie desceu, nos viu e apontou para o Leonardo falando que queria falar com ele. Eu falei que ele não falava inglês, então eu comecei a ir junto, mas o Bernie disse que não, mas acabou deixando".
"O Bernie disse para o Léo que o Ayrton havia morrido, mas que não seria revelado porque não podia parar a corrida. Isso era uma lei na Itália, nem sei se ainda vale até hoje. Dali fomos para o hospital, o Léo contou para a família pelo telefone. Mas teve um incidente com um assessor da FIA".
"Ele entra no motorhome nesse meio tempo e pergunta o que está acontecendo. Porque ele tinha visto a mulher do Bernie chorando, o Bernie também, Léo meio fora de si. E o Bernie contou para ele. Ele falou que não, que não era isso que ele tinha falado na sala de imprensa, que ele tinha dito que o Ayrton havia batido a cabeça. O Bernie falou 'He’s dead' (Ele está morto). E ele disse 'He’s hit his head' (Ele bateu a cabeça). Foi aí que o Bernie percebeu que não deveria ter contado".
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