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Coluna do Carrapa: Na base, Albon era superior a Gasly

Colunista do Motorsport.com e campeão mundial de kart, Ruben Carrapatoso analisa o desempenho dos dois personagens da semana da F1 no período do kart

Alexander Albon, Toro Rosso

O assunto da semana foi a troca da Red Bull, que "rebaixou" Pierre Gasly para Toro Rosso e promoveu Alexander Albon para ser o companheiro de Max Verstappen (veja no fim da matéria uma galeria de trocas da equipe no meio de temporada).

O encontro dos dois pilotos sempre aconteceu no kart. Ele fez parte de uma geração em que estavam presentes também Max Verstappen, Charles Leclerc, Esteban Ocon e George Russell. Sem dúvida, é uma "classe" muito forte e competitiva do "Jardim de Infância" dos pilotos. Os pegas eram ótimos!

E desde então, o tailandês sempre foi superior ante o francês. Para mim, não é surpresa nenhuma ele entrar no lugar de Gasly. Em 2010, ele mostrou seu potencial, disputando o campeonato europeu de kart com o Max Verstappen. Eles dominaram todas as cinco etapas e no final, por incrível que pareça, o Albon levou a melhor. Gasly também estava na disputa.

Albon sempre foi um grande kartista, mas ao contrário do que parece, pelo menos no kart, nunca sofreu preconceito por ser da Tailândia, país de pouca tradição no automobilismo. Ele sempre esteve acompanhado da mãe, e vem de uma família forte financeiramente.

 

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Vale registrar que a Red Bull enquanto empresa de bebidas energéticas tem ampla relação com a Tailândia. Foi lá que Dietrich Mateschitz, fundador da companhia, conheceu nos anos 80 uma bebida local que dava uma "energia extra". Foi dali, dizem, que ele encontrou a receita/fórmula para a bebida que o lançou como "grife mundial"

Voltando ao kart, é importante dizer que Gasly sempre foi bem rápido, mas estava um pouco atrás da disputa entre Albon e Verstappen. Que ele consiga dar a volta por cima. 

É difícil dizer se o tailandês conseguirá fazer frente a Verstappen, que sempre foi tratado com um prodígio acima da média. Ao menos no kart, Albon não devia quase nada ao holandês.

Não é a primeira vez:

A Red Bull é conhecida por ter pouca paciência com os resultados de seus jovens prodígios e a "fritura" de talentos é uma prática comum na equipe, seja via demissões ou via substituições. Confira os casos anteriores:

Pierre Gasly estreou na Red Bull em 2019, após boa temporada com a Toro Rosso.
Campeão da GP2 em 2016, o francês ficou a meio ponto de conquistar a Super Fórmula em 2017. Naquele ano, estreou pela Toro Rosso, substituindo Daniil Kvyat no GP da Malásia.
Depois de um bom 2018 com a Toro Rosso, Gasly foi promovido. Entretanto, o francês não convenceu na Red Bull e foi rebaixado para dar lugar a Alexander Albon a partir do GP da Bélgica. A troca é a última de uma histórica dança das cadeiras entre equipe principal e júnior na F1.
A primeira 'troca' do grupo aconteceu antes mesmo da criação da Toro Rosso. Foi em 2005, na primeira temporada da Red Bull. Companheiro do escocês David Coulthard, o austríaco Christian Klien foi substituído pelo italiano Vitantonio Liuzzi em quatro GPs na metade do ano.
Em 2006, na primeira temporada da Toro Rosso na F1, Liuzzi fez dupla com o norte-americano Scott Speed (direita). Na Red Bull, Coulthard seguiu tendo Klien como parceiro, mas o austríaco foi substituído pelo holandês Robert Doornbos a quatro provas do fim do ano.
No ano seguinte, o australiano Mark Webber foi contratado para correr ao lado de Coulthard na Red Bull.
2007 foi um ano cheio de mudanças na Toro Rosso. Speed deixou a equipe depois de um ano e meio, após discutir com o chefe da escuderia, Franz Tost, no GP da Europa.
Com a saída de Speed, um jovem chamado Sebastian Vettel assumiu a vaga. A então promessa alemã havia estreado pontuando com a BMW nos Estados Unidos. Vettel disputou as últimas sete corridas de 2007 com a STR, chegando em quarto na China, enquanto Liuzzi foi o sexto.
Na temporada seguinte, Coulthard e Webber seguiram como pilotos titulares da Red Bull.
Liuzzi deu lugar ao francês Sebastien Bourdais na Toro Rosso em 2008. Já Vettel conquistou sua primeira vitória, e a única da equipe, ao triunfar no GP da Itália.
Em 2009, Coulthard se aposentou e Vettel foi promovido.
Quem assumiu a vaga do alemão na Toro Rosso foi o suíço Sebastien Buemi, novo companheiro de Bourdais.
O francês, porém, não rendeu como o esperado e acabou substituído no meio da temporada. Quem assumiu foi o espanhol Jaime Alguersuari.
Alguersuari e Buemi foram companheiros por duas temporadas e meia, entre os anos de 2009 e 2011.
Para 2012, entretanto, a Toro Rosso dispensou a dupla. Os substitutos foram Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne. Buemi seguiu como piloto de testes na Red Bull e mais tarde rumaria para a Fórmula E, na qual tem um título. Alguersuari largou o automobilismo e hoje se dedica à carreira de DJ.
Em 2014, Webber se aposentou e foi substituído por Ricciardo na Red Bull.
Com isso, Kvyat assumiu o posto de piloto da Toro Rosso ao lado de Vergne.
Em 2015, Vettel foi para a Ferrari e foi substituído por Kvyat. Já Vergne foi dispensado e também foi para a F-E, na qual é o atual bicampeão.
Com as saídas de Kvyat e Vergne, Max Verstappen e Carlos Sainz assumiram as vagas da Toro Rosso. Eles foram companheiros durante um ano e meio.
Em maio de 2016, Verstappen foi promovido para a Red Bull e venceu logo em sua primeira corrida, na Espanha. Kvyat, em má fase, foi rebaixado para a Toro Rosso.
Em 2017, Ricciardo e Verstappen seguiram na Red Bull. Eles foram companheiros até o fim de 2018.
Kvyat conseguiu manter sua vaga na Toro Rosso em 2017, mas foi amplamente batido por Sainz. Gasly, então, assumiu a vaga do russo. Sainz se transferiu para a Renault antes do fim do ano, sendo substituído pelo neozelandês Brendon Hartley.
Hartley e Gasly se mantiveram na equipe em 2018. No fim do ano passado, porém, o anúncio da ida de Ricciardo para a Renault provocou novas mudanças.
Gasly foi o escolhido para a vaga do australiano, enquanto Hartley foi dispensado e foi para a Ferrari como piloto de simulador, antes de assinar pela Dragon na F-E e correr no WEC. Em seus lugares, a Toro Rosso contratou Albon e Kvyat, que recebeu nova chance na F1.
Na terceira passagem pela Toro Rosso, o russo conquistou o segundo pódio da história da equipe. Ele terminou em terceiro no GP da Alemanha. Não foi o suficiente, porém, para se credenciar a um retorno para a Red Bull.
A contratação de Albon pela Toro Rosso também teve suas complicações. Ele tinha acabado de assinar com a Nissan na F-E, mas voltou atrás para aceitar a proposta da STR.
O novato tailandês toma o posto de Gasly na Red Bull a partir do GP da Bélgica, ao passo que o francês retorna para sua ex-equipe após 12 provas fracas pelo time principal.
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