Fittipaldi sobre Rubinho: Éramos cão e gato no kart

Christian Fittipaldi anunciou no fim de semana que vai abandonar as pistas assim que as 24 Horas de Daytona de 2019 acabar. O piloto brasileiro tem uma das carreiras mais versáteis do esporte a motor mundial, conseguindo chegar a categorias como Fórmula 1, Indy, NASCAR e aos campeonatos de endurance.

Mas, revisando sua carreira com exclusividade ao Motorsport.com, Fittipaldi faz questão de falar sobre o período em que começou no kart e tendo como um dos principais rivais Rubens Barrichello, que atualmente corre na Stock Car, mas é o recordista de provas da Fórmula 1.

Para o grande público, os dois estiveram juntos apenas na Fórmula 1, nos anos de 1993 e 1994, mas anos antes, ambos protagonizavam grandes batalhas nos kartódromos brasileiros.

“Barrichello tem total importância na minha carreira”, disse Christian. “Mesmo porque, acho que eu elevei o nível dele e ele elevou o meu, quando a gente estava no kart e eu acho que a gente conseguiu transferir isso para as competições de carro.”

“A nossa competitividade era tão grande, a vontade dele chegar na minha frente e a minha vontade de chegar à frente dele era tão grande, que eu acho que a gente se empurrou para frente. Nós nos ajudamos, eu aprendi muito com ele e espero que ele possa dizer o mesmo de mim.”

“A única coisa que eu sinto é que, por ironia do destino, foi uma pena que a gente não se cruzou de novo mais para frente, nos carros. Fomos cão e gato na época do kart e como eu sou um ano mais velho que ele, comecei a correr de carro um ano antes, ou seja, no começo da minha carreira eu estava um ano à frente dele.”

Recíproca verdadeira

Do outro lado, Rubens Barrichello também destacou a rivalidade com Christian no início da carreira no kart.

"Nós éramos muito amigos antes de tudo começar", disse Barrichello em depoimento exclusivo ao Motorsport.com Brasil. "Ele estudava em uma escola americana perto de Interlagos, voltava de lá direto para a minha casa, daí a gente começou a competir e logo se percebeu que era eu contra ele e ele contra mim, mas sem desmerecer outros pilotos, que eram ótimos. Aquilo fez com que a gente se desenvolvesse muito como pilotos e também nos acertos dos carros.

Por muito pouco a amizade entre os dois competidores não se tornou uma guerra familiar, em uma história que não saiu da memória de Rubinho.

"No kart, nós batemos uma vez e saímos em penúltimo e último, buscando todo mundo e eu olhava os nossos pais batendo boca fora da pista. Lembro que olhava muito para isso e fiquei preocupado. Quando estávamos em quinto e sexto, batemos de novo, daí tiveram que separar os pais. Depois eles viraram amigos."

Barrichello utilizou as redes sociais nesta semana para exaltar a carreira e a amizade com Christian e lamentou a pequena passagem dele na F1.

"Sobre meu post, eu sou muito sincero. Muito da minha carreira se deve a todo aprendizado, não só pela exposição que tivemos, mas também por todas as situações que tivemos que ser e evoluir e foi um prazer enorme dividir a pista de F1 com o Christian."

"É uma pena que a carreira dele de F1 tenha durado tão pouco, mas depois que ele foi para Indy, me fez assistir ainda mais e torcer. Então o Christian sempre foi parte integrante da minha carreira. Ao vê-lo anunciar a aposentadoria, nada mais justo que uma declaração de uma pessoa que foi muito importante para mim."