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OPINIÃO: Por que Márquez baterá números de Rossi na MotoGP

Piloto espanhol conquista sétimo título mundial de motociclismo e mira em recordes dos gigantes italianos Rossi e Agostini

Marc Marquez, Repsol Honda Team, Valentino Rossi, Yamaha Factory Racing

Ele pode até dizer que não, mas está claro que sim. Depois de sagrar-se heptacampeão de motociclismo, Marc Márquez tem como alvo principal se tornar estatisticamente o maior piloto de motovelocidade da história. E, pelo que se tem visto nos últimos anos, ele está assustadoramente no caminho correto.

Se há dez anos não conseguíamos imaginar alguém igualando e até fazendo frente a Valentino Rossi em algumas de suas estatísticas mais impressionantes do começo dos anos 2000, hoje temos isso como realidade quando olhamos para os números de Marc Márquez.

Quando se tornou heptacampeão de motociclismo e penta da MotoGP em 2005, Rossi tinha 26 anos de idade. Márquez, que fez o mesmo no último final de semana, tem 25 (apesar de um ano a mais no mundial). Agora, apenas Valentino (7) e Giacomo Agostini (8) têm mais títulos que Marc na classe principal do mundial. Por sinal, com a idade que tem e com a vantagem que tem mostrado sobre os outros, alcançar os 15 títulos de Agostini juntando todas as categorias não é tão impossível assim.

Isso porque, pelo que mostrou na carreira até aqui, Márquez é obcecado por vencer, por recordes e por marcar território.

Exemplos? Não precisamos ir muito longe. Marc não precisava arriscar tanto em uma pista boa para a Ducati como Motegi para garantir o título de 2018. A próxima corrida, na Austrália, certamente guardaria uma oportunidade melhor de fechar o mundial tranquilamente. E o que ele fez? Mostrou zero cautela e forçou um erro de Andrea Dovizioso para se proclamar campeão na casa da Honda.

E essa vontade de vencer (que o levou a perder cabelos no complicado início de 2017, como o próprio já disse) carrega dentro de si inspiração e comparação com outros grandes nomes do motociclismo e seus feitos. Logo em seu primeiro ano na MotoGP, Márquez bateu todos os recordes de precocidade do campeonato e emulou dois dos maiores momentos da carreira de Valentino Rossi: o toque na última curva de Jerez e a ultrapassagem fora da pista no Saca-rolha em Laguna Seca (fazendo isso no próprio italiano!). Será que foi meramente acaso?

A fome de mostrar quem é e impor respeito nos concorrentes também vem desde cedo. Márquez venceu saindo de último (devido a punição por acertar outros pilotos em treinos livres de maneira recorrente) em Valência em 2012 na Moto2, estabelecendo sua autoridade no braço e mostrando o tamanho de seu talento para quem ainda tinha dúvida de que ele era o melhor.

O que isso quer dizer? Não há precedentes históricos de uma máquina de vencer tão ‘afiada’ e ‘mortal’ como Márquez. O espanhol é jovem, impetuoso, habilidoso e destemido, a ponto de transformar a pressão de seguir no topo em motivação. Ou seja, como disse Lorenzo após vencê-lo no Red Bull Ring neste ano, Marc é “um monstro”. E como os monstros que invadem e destroem cidades nos filmes, quanto mais você atira, mais forte ele fica.

O sétimo título é apenas o começo para o piloto que redefiniu o estilo de condução de motos de cilindrada alta a partir do momento em que começou a pilota-las. Hoje, se um piloto jovem não atinge inclinações absurdas em curva e coloca seu cotovelo no chão, está fazendo algo errado. Está fazendo algo que Márquez não faz.

Até Rossi se rendeu a isso, e teve que se tornar um adepto do estilo do 93 – seu antigo amigo e atual desafeto. Por sinal, se a pressão de ter um desafeto poderoso como Rossi é convertida em motivação, o italiano certamente é o alvo de Marc.

Em Rossi, o espanhol tem o exemplo do que fazer e, principalmente, o que não fazer para seguir vencendo. Certamente Márquez não fará a loucura de comprar uma briga com a Honda no auge da carreira como fez Rossi. Certamente Marc não irá baixar a guarda e se desmotivar após este título como fez Rossi em 2006 (quando chegou a até mesmo cogitar a F1), provocando sua própria derrota. Marc também não ficará bravo (como já não ficou) se a Honda quiser contratar um piloto forte como Jorge Lorenzo para ser seu parceiro, como ficou Rossi e acabou – de nariz empinado – cometendo o custoso erro de ir para a Ducati por querer um time inteiro para si.

Márquez conhece as falácias da carreira do 46 e certamente fará seu melhor para evita-las, o que o faz ter um potencial maior que o de Rossi com sua idade. Mas os erros de Valentino na carreira são culpa dele? Ele simplesmente não tinha uma referência tão moderna e tão genial quanto ele para se guiar como tem Márquez.

É por isso que dá para cravar com alguma certeza: se o italiano se garantiu no mundial até os 41 anos de idade, provavelmente estamos vivendo apenas o início do reinado do 93 – seu melhor aluno.

Márquez baterá os números de Rossi. É questão de tempo.

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Gabriel Lima
MotoGP
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