Por que pistas de automobilismo não são adequadas para motos?
Circuitos diferem em requisitos de segurança, entre eles as áreas de escape, barreiras de proteção e acesso ao atendimento médico
No último domingo, Danilo Berto morreu em Interlagos em prova válida pela terceira etapa do SuperBike Brasil. O acidente fatal foi o segundo em menos de dois meses, ambos em eventos da categoria, e no circuito paulistano, considerado o melhor do país. Contabilizando as mortes de pilotos de motos nos últimos cinco anos, o total chega a quatro em Interlagos e mais um em Goiânia. Confira abaixo, uma galeria com algumas curvas da pista de São Paulo.
O Autódromo José Carlos Pace, assim como a maioria dos circuitos da Fórmula 1, não costuma receber provas da MotoGP (veja abaixo galeria exclusiva que mostra as diferenças das pistas e quantos GPs estão simultaneamente nos calendários das duas categorias). Mas a que isso se deve?
De acordo com as regras da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), os circuitos que recebem provas como as do SuperBike devem estar enquadrados na categoria “B” dos padrões de construção e segurança da federação. Entre os critérios, estão faixas mínimas de brita, topografia dos circuitos, tipos de barreiras de proteção e vias auxiliares para circulação de veículos de resgate.
Um circuito que atenda a todos os requisitos padrão “A” da FIM estaria habilitado a receber provas de praticamente qualquer tipo de esporte a motor. No entanto, as características de segurança de autódromos de Fórmula 1, por exemplo, não seriam suficientes para a MotoGP. Os carros fornecem um primeiro grau de proteção completa aos pilotos. No caso das motocicletas, fica a cargo dos dispositivos da pista.
De acordo com o jornalista do Motorsport.com Oriol Puigdemont, especializado tanto em automobilismo como em motociclismo, podemos diferenciar os circuitos de automóveis e os de motos em basicamente duas características: muros e áreas de escape.
“Motocicletas não combinam com muros. Por isso, nos últimos anos, os muros se afastaram cada vez mais dos traçados nas pistas que recebem a MotoGP. As barreiras devem ser posicionadas com certa distância das pistas e devem ser construídas com materiais capazes de absorver impactos e evitar que as motos ricocheteiem e voltem sobre os pilotos, como as barreiras de ar.”
“No caso das áreas de escape, a Fórmula 1 utiliza as superfícies de tarmac, uma espécie de asfalto aderente emborrachado, como vemos em algumas pistas como Paul Ricard, geralmente coloridos. O tarmac permite aos pilotos retornarem à pista em caso de erros. Na MotoGP, os escapes precisam ser de britas, de forma a desacelerar e segurar o piloto quando ele cai da moto. Além disso, a grama e a grama sintética são evitadas, pois se tornam muito escorregadias na chuva”.
Para se ter dimensão de quão difícil é encontrar pistas adequadas ao motociclismo, dos circuitos que recebem a Fórmula 1 no calendário desse ano, apenas quatro recebem provas da MotoGP.
Veja abaixo nossa galeria de imagens dos circuitos da F1 que recebem a MotoGP
Veja galeria de fotos com algumas das curvas do autódromo de Interlagos:
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