De Tomate a Schareina: disputa das motos no Sertões 2025 coloca talentos brasileiros frente a estrelas internacionais
A 33ª edição do maior rally das Américas contará com um grupo de estreantes de respeito na luta pelas primeiras posições. Big trails, recorde de participações e a presença dos "guerreiros" da Self também são atrações

O Sertões 2025 (26 de julho a 3 de agosto) promete ser extremamente exigente e desafiador em seu percurso de 3.334 km, que ligará Goiânia a Marechal Deodoro (AL). Uma característica que promete ser ainda mais presente para os inscritos nas motos e quadriciclos. Neles, além de acelerar, o piloto é o responsável pela navegação.
A cada dia, detalhes como a posição de largada - sinônimo de encontrar mais ou menos rastros no terreno para se orientar e de lidar com mais ou menos poeira -, podem fazer toda a diferença, mesmo em especiais cronometradas de centenas de quilômetros.
Se o elevado nível técnico e a presença estrangeira de destaque não são uma novidade sobre duas rodas (como nas demais modalidades), a 33ª edição do Sertões chama a atenção pela lista de nomes para ficar de olho. Encabeçada por dois europeus que fazem suas estreias no maior rally das Américas, mas com currículos e talento indiscutíveis para pensar no alto do pódio.
A Honda traz para a disputa o espanhol Tosha Schareina, vice-campeão do último Dakar e terceiro na classificação do Mundial de Rally-Raid (W2RC). Com 29 anos, ele venceu provas como o Ruta 40 (Argentina) e o Rally-Raid Portugal. Tosha contará com a moto oficial da marca (CRF 450 Rally) e o suporte do time do HRC, a divisão internacional de competições da fabricante japonesa, que esteve no Sertões pela última vez em 2014.
Também pela Honda, Romain Dumontier traz na bagagem a condição de campeão mundial da categoria Rally 2 em 2023 e de piloto de testes e desenvolvimento. O francês já havia corrido no país, mas no Enduro, e voltou no começo do ano para fazer toda a temporada do Brasileiro de Rally Raid. Assim, teve a chance de se adaptar aos tipos de piso e características que encontrará no Sertões.
Ele se recupera de uma lesão e, por isso, prefere cautela ao falar das expectativas. O time vermelho e azul conta ainda com o argentino Martin Duplessis, segundo colocado no Sertões dos 30 anos (2022) e um "estreante" que promete chamar a atenção. Dono de 12 títulos nacionais de Enduro e acostumado a vencer também no Regularidade, usando a navegação, o capixaba Bruno Crivilin dá seus primeiros passos na nova modalidade já comprovando seu talento.
Atual campeã, a Yamaha também chega forte, mas não contará com o dono do número 1 em 2024. Adrien Metge fica de fora por lesão. A missão de liderar a equipe azul será de Gabriel Soares, o Tomate. Em seu primeiro ano no time, o mineiro venceu duas etapas do Brasileiro (Minas Brasil e Jalapão) e lidera o campeonato, de que o Sertões faz parte. Gabriel Bruning, vice da edição 2023, também é sério candidato a um lugar no pódio.
Marca histórica
O Sertões não é feito apenas da luta pela vitória na classificação geral. Encará-lo sobre duas rodas também traz muito da superação dos limites e da façanha de deixar para trás nove dias de velocidade e poeira pelo coração do Brasil. Uma história que a paulista Moara Sacilotti conhece bem. Quando largar para o Prólogo, sábado, em Senador Canedo, ela abrirá sua 25ª participação na prova, sempre nas motos. Será a primeira, entre homens e mulheres, a alcançar o feito. Uma trajetória que valeu o título da categoria Over em 2022, além de uma paixão que se renova a cada edição. Desta vez, ela alinhará com uma Kawasaki KX 450x.
Outra atração à parte é a presença das motos de alta cilindrada, as Big Trail, que ganham seu espaço na competição. Campeão geral de 2020, o catarinense Ricardo Martins, piloto oficial Yamaha, vai acelerar uma Ténéré 700, mesma máquina da paulista radicada em Portugal Janaína Souza. A BMW contará com duas F 900GS Trophy. Uma delas comandada por Tiago Fantozzi, campeão de 2003 - Tomaz Santos pilotará a outra. E nada menos que três Ducati Desert X estarão em ação, com Adriano Galante (que conta com apoio da filial brasileira); Rafael Krukoski e Daniel Schnetzler. O argentino Crispy Arriegada, que já foi terceiro no Mundial de Enduro, comandará uma KTM 890.
Self
Os guerreiros do Sertões estão de volta em 2025. Com a realização do Instituto Sertões e a gestão da equipe Txai, a Self reúne um grupo de pilotos que serão os únicos responsáveis pela manutenção das próprias motos, além de dormirem em barracas. Se a briga aqui é em dose dupla - pelo resultado nas respectivas categorias e por essa competição à parte -; o companheirismo e a união tornam a experiência ainda mais especial.
Quadriciclo
Campeões prontos para acelerar também entre os quadriciclos. O maranhense Marcelo Medeiros larga para se tornar o primeiro hexacampeão na modalidade - soma as mesmas cinco conquistas de Carlo Collet. O cearense Wescley Dutra, por sua vez, vai em busca do tri.
Veja o que disseram os pilotos:
Tosha Schareina
“Será a corrida mais longa depois do Dakar que disputarei este ano. Estou animado, será a minha primeira vez no Brasil e tenho expectativas muito altas para a prova. Ouvi críticas muito boas e todos sabemos o quão incrível é o Sertões”.
Gabriel Soares, o Tomate
"Estou bem animado para este que é o meu quarto Sertões. Tem sido um ano bem legal, com equipe nova, estou me sentindo muito bem com minha WR450F, venho bem no campeonato também, tanto na Geral quanto na categoria. Isso sem dúvidas me dá um gás a mais para o Sertões. Estou bem animado pra prova, é um terreno que eu gosto bastante, saindo de Goiás que é um chão bem parecido com Minas Gerais, então acredito que a gente tem tudo para fazer um rally brilhante".
Moara Sacilotti
"A expectativa é gigantesca por ser minha 25ª participação; uma marca muito expressiva no esporte. A cobrança interna e externa é muito grande. Me preparei para vencer a categoria Over mais uma vez, mas sei que meus concorrentes também treinaram forte. Estou de volta à Kawasaki, muito à vontade com a moto. A promessa é de um rally difícil, o que torna a disputa ainda mais interessante".
Marco Antônio Pereira (piloto e coordenador Self)
"Estaremos com 10 pilotos esse ano, quatro deles novatos. A responsabilidade é dupla, já que tenho que acelerar e cuidar da logística de todos. Fico feliz por saber que vários que andaram ano passado conosco estão de volta, apesar de ser uma experiência dura, que testa os limites físicos e psicológicos. Por outro lado, o ambiente criado é muito bom. O objetivo é que todos consigamos concluir o rally".
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