Stock Car Velocitta I

Stock Car: Cinco motivos que fizeram do GP Galeão um sucesso

Características do traçado de 3.225 metros proporcionou centenas de trocas de posição; trechos de alta velocidade sucedidos por fortes frenagens garantiram show da categoria

GP Galeão da Stock Car

As corridas da Stock Car no GP Galeão, no último dia 10, marcaram o retorno da categoria ao Rio de Janeiro depois de dez anos de ausência. Após a destruição do Autódromo de Jacarepaguá, que deu lugar ao Complexo Olímpico do Rio, a solução dos organizadores para que o estado voltasse a sediar um grande evento de automobilismo foi construir uma pista dentro do Aeroporto Internacional Rio Galeão Tom Jobim.

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O traçado de 3.225 metros era de altíssima velocidade, com seis curvas à direita e uma à esquerda. As vitórias na etapa – a terceira da temporada – ficaram com os pilotos da Eurofarma-RC, Daniel Serra e Ricardo Maurício. Fornecedoras oficiais das pastilhas e discos de freio da Stock Car, a Fras-le e a Fremax enumeram cinco motivos que fizeram o sucesso da pista do Galeão em sua estreia no calendário.

1 - Muitas ultrapassagens

Levantamento feito pela Stock Car registrou 916 trocas de posição na soma das duas corridas, de acordo com o mapa de prova fornecido pela cronometragem oficial da categoria. Os números levam em conta as paradas de pit stop, abandonos ou acidentes. Foram 371 as vezes que os pilotos ganharam posições, e o número total de trocas representa 37,3% de todas as ultrapassagens já realizadas nesta temporada, de um total de 2.456.

E a grande quantidade de trocas de posição se deu por vários motivos, que também vamos mostrar logo abaixo.

3 - Muito espaço para ultrapassar

Por ser uma pista utilizada para pousos e decolagens de aviões de grande porte, a pista do Galeão é bastante larga em comparação com os autódromos tradicionais. Os trechos mais largos do Circuito Cacá Bueno tinham 24 metros de uma margem a outra.

“A largura da pista ajudou muito”, destacou Gabriel Casagrande, campeão de 2021 e atual vice-líder da tabela. “E também por chegarmos muito rápido, os pontos de freada eram diferentes de piloto para piloto, então você podia abusar um pouco do freio para ganhar a posição”, completou.

“Eram curvas largas. A pista toda era bem larga, o que possibilitava traçados estrategicamente variados. Então você tinha altas velocidades ao final das retas e muito espaço; o piloto mais audacioso com os freios, que os usasse com mais confiança, conseguiria um melhor traçado e assim faria a ultrapassagem. Por ser larga, os pilotos tinham até mais confiança porque havia espaço de manobra”, André Brezolin, engenheiro de projeto da Fras-le e Fremax, as fornecedoras oficiais das pastilhas e discos de freio da Stock Car.

3 - Altíssimas velocidades

Com a reta principal medindo 700 metros e a segunda reta – não tão “reta” assim – medindo 1.550 metros, as velocidades alcançadas pelos Chevrolet Cruze e Toyota Corolla foram as mais altas registradas nesta temporada. Durante a etapa, os pilotos tiveram direito a 13 acionamentos do botão de ultrapassagem (o push to pass), e cada uso tinha a duração de 25 segundos.

Sem o acionamento, a abertura para admissão de ar no motor estava estabelecida em 60% em condições normais; com o push, 87% - mais ar, mais potência. Segundo dados da equipe Hot Car Competições, o carro de Felipe Lapenna atingiu velocidade máxima de 255,6 km/h em condições normais e sem estar no vácuo de outro carro. Já com o uso do push to pass, a velocidade máxima saltou para impressionantes 271,1 km/h – uma diferença de 15,5 km/h.

4 - Frenagens fortíssimas

Os freios também foram protagonistas no GP Galeão da Stock Car. Com longos trechos de aceleração máxima e altíssimas velocidades, o formato das curvas, especialmente as curvas 1 (denominada Jacarepaguá) e 4 (chamada de Petrópolis), eram contornos fechados à direita, com raios curtos.

Na primeira curva após a reta principal, os carros usavam os freios para reduzir de 227 para 75 km/h em média, uma redução de 152 km/h em apenas seis segundos e 185 metros; na curva Petrópolis (4), após longo trecho de aceleração máxima que compreendia quase 25% do tempo de volta durante 1.550 metros, os carros da principal categoria do automobilismo brasileiro reduziam as velocidades bruscamente de 262 para 78 km/h para o contorno da curva – uma redução de 184 km/h em 6,4 segundos e 245 metros, somente.

Estes eram os principais pontos de ultrapassagem da pista. “A curva 4 foi realmente muito legal. Como a pista era muito larga e usávamos o push ali, as possibilidades de ultrapassagem eram muitas. E mesmo sem o push, porque era uma freada muito forte e difícil; não dava para ver direito a placa e chegávamos muito rápido”, disse Felipe Lapenna. “Eu me surpreendi positivamente com os freios na etapa. Por um momento, pensei que fôssemos ter problema pois atingimos velocidades que nunca antes havíamos atingido, mas não tive nenhum problema e os discos e pastilhas funcionaram muito bem pela corrida toda, me possibilitando fazer diversas ultrapassagens”, completou Casagrande.

Altas velocidades e frenagens fortes elevaram a temperatura dos discos e pastilhas de freio. A temperatura máxima atingida nos discos de freio dianteiros durante as frenagens mais fortes chegou a 759ºC de pico, com temperatura média de 630 durante a prova graças às longas retas que proporcionam excelente resfriamento ao conjunto. Os discos traseiros tiveram picos de temperatura de 637 graus e média de 450ºC. A temperatura média máxima que os discos Fremax podem suportar é de 720 graus, portanto, dentro dos padrões da fabricante; e as pastilhas Fras-le são projetadas para resistir a 840ºC.

“Os fatores principais naqueles trechos, no entanto, eram a audácia e a confiança nos freios porque passava quem freava por último e conseguia fazer a curva no traçado correto. Era uma grande redução de velocidade, e isso proporciona sempre muitas oportunidades de ultrapassagem”, explicou o engenheiro de projeto da Fras-le e Fremax, André Brezolin.

5 - Tráfego aéreo não foi prejudicado

A utilização da pista comercial 10/28 do Galeão não afetou o funcionamento do aeroporto, e seus pousos e decolagens transcorreram normalmente no final de semana da etapa da Stock Car, provando que o evento pode coexistir com o tráfego aéreo sem problemas.

A etapa da Stock Car foi a primeira na história do país a ser realizada em um aeroporto comercial. Além disso, do ponto de vista dos pilotos (dos carros), o traçado foi considerado dinâmico e, acima de tudo, divertido de pilotar. “Para os pilotos, foi muito divertido e deu para fazer muitas ultrapassagens. É uma pista que tem de ficar no calendário porque valeu muito a pena”, encerrou Lapenna.

Veja como foi a etapa do Rio

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