Stock Car - Toyota vs Chevrolet: equalização dos carros vira assunto na Final em Interlagos

Para Felipe Massa, método para equalização de carros das duas montadoras é malfeito e precisa mudar para 2023; categoria e 'chefe de Barrichello' discordam

Os novos Corolla e Cruze da Stock Car 2020

Foto de: Duda Bairros

A Stock Car Pro Series voltou a ser uma categoria multimarca a partir da temporada 2020, com a chegada da Toyota para competir com a Chevrolet na maior categoria do automobilismo brasileiro. Desde o início, a categoria sempre tentou deixar que Corollas e Cruzes tivessem o mesmo desempenho, com pacotes de equalização que são liberados para as equipes, de acordo com um sistema de pontuação.

E é de forma crítica a esse método que um dos astros do grid da Stock, Felipe Massa, fez questão de se manifestar. Ele não foi o único a fazê-lo, mas o mais vocal no assunto. Com exclusividade ao Motorsport.com, o piloto explicou os motivos que levaram ao seu descontentamento.

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“A real é que esse ano tivemos um campeonato que não foi justo na maneira de equalizar os carros. Temos uma equalização baseada em pontuação. Logicamente, há muito mais carros da Chevrolet do que da Toyota no grid e muitas equipes boas também fizeram um trabalho muito bom pensando na pontuação do campeonato. Acho que aí eles começaram a melhorar o Toyota, que estava inferior na pontuação", ponderou.

"Chegou numa situação em que os Toyota estão uns 5 km/h mais rápidos de reta em todas as pistas. Por exemplo, aqui em Interlagos, eu tinha um ótimo segundo setor, mas tomava quatro décimos no primeiro e no terceiro setores juntos, que é onde estão as retas. Não é só velocidade de reta, tem muito mais carga aerodinâmica em que eles conseguem consumir muito menos pneu e ter um carro muito bom em freada também.”

Felipe Massa ao lado de seu carro na Stock Car

Felipe Massa ao lado de seu carro na Stock Car

Photo by: Rodrigo Guimarães

Massa não ficou apenas nas críticas, mas também sugeriu o que poderia ser mudado, pedindo mudanças já para o próximo ano: “O único jeito de fazer da maneira certa é olhar na telemetria. Se você pegar todas as equipes que têm Toyota e Chevrolet e olhar a telemetria, vai ver uma diferença muito grande de velocidade e também de carga aerodinâmica. Então, na minha opinião, não é justo as equipes que andam de Chevrolet serem penalizadas por uma equalização malfeita".

"Isso tem que mudar, porque não é justo você participar de um campeonato em que você sabe que a outra fabricante, só porque ainda não foi campeã, tem uma vantagem nessa situação, então a equalização é malfeita e tem que mudar para o ano que vem", completou.

O Motorsport.com consultou outros pilotos que competem com Chevrolet e muitos concordam com a tese de Massa, com um deles chegando a dizer que todo o grid, ou a grande maioria, optaria por competir com o Corolla se fosse uma escolha livre.

O outro lado

Fernando Julianelli, CEO da Vicar, empresa organizadora da Stock, comentou as declarações de Massa. “Com todo o respeito, não acho que haja um problema de falta de performance ou  erro de equalização de marcas”, posicionou-se em comunicado ao Motorsport.com.

“Um Chevrolet fez a pole e dois Chevrolet venceram no último final de semana (Interlagos) as corridas. O título passou bem perto do Daniel [Serra], que é Chevrolet. Outro ponto importante é que, na mesma equipe, a AMattheis Vogel, um Toyota e um Chevrolet chegaram à final com chance."

Fernando Julianelli

Fernando Julianelli

Photo by: Bruno Van Enck

“Além disso, é rotina na Stock Car termos entre 25 e 30 carros no mesmo segundo. Poucas competições no mundo conseguem manter esse índice. Tudo isso, além de espetacular, merece uma reflexão."

“Todos os carros e equipes têm altos e baixos ao longo da temporada. E, claro, a sorte sorri mais para uns do que outros ao longo das corridas. Então, acho que temos índices que provam que nossa equalização não é apenas bem feita, como é a responsável pelo sucesso da categoria. Acho que a Stock tem feito um excelente trabalho nesse campo e os números e resultados estão aí para provar”, completou.

Equalização "funciona"

Chefe da Full Time, equipe de Rubens Barrichello, campeão de 2022, Maurício Ferreira admitiu que este é um assunto complexo para ele, por não ter os dados dos Chevrolet. Entretanto, o dirigente acredita que o atual sistema funciona, já que os resultados mostraram uma pequena superioridade da marca concorrente nos dois primeiros anos e, agora, veio o primeiro título da Toyota, com 'Rubinho'.

“É difícil falar sobre isso porque eu não tenho dados dos Chevrolet", disse Maurício no programa RETA FINAL, do YouTube do Motorsport.com, nesta segunda-feira. "Tenho os dados na tela de velocidade máxima, a que todos têm acesso. Esse campeonato multimarca foi retomado em 2020 com os PACs, muito claros no regulamento, a serem disparados quando se abre uma diferença de pontuação no ranking das marcas".

"Quando uma marca abre 30 pontos da outra, é disparado um pacote, que são o PAC 1, PAC 2, PAC 3. A grande verdade é que se viu, em 2020, quando iniciamos o campeonato com o Corolla e com o Cruze, o Toyota com melhor performance, mas os PACs chegaram e, no final, Ricardo Maurício foi campeão com Chevrolet e Ricardo Zonta vice com Toyota. Funcionou. Em 2021, equilíbrio e, no final, Gabriel Casagrande campeão com Chevrolet."

Mauricio Ferreira, chefe da Full Time, que terá o retorno de Matías Rossi em 2023

Mauricio Ferreira, chefe da Full Time, que terá o retorno de Matías Rossi em 2023

Photo by: Divulgacao

“Agora, em 2022, é difícil dizer isso (argumento de Massa), porque a Chevrolet dominou o ano inteiro: o Rubens foi pegar a liderança na penúltima etapa do ano e saiu campeão. O que eu posso dizer? Fazendo 'uma geral', funcionou e está funcionando a competição multimarca na Stock Car."

“É claro que quem perdeu sempre vai reclamar. Neste fim de semana, inclusive, foi implantado o último PAC para a Chevrolet e eles puderam baixar 4 mm de altura dianteira. Quem foi o pole? Um Chevrolet (Felipe Baptista). Qual foi a montadora que mais pontuou em Interlagos? A Chevrolet."

“Quando você observa as velocidades máximas na cronometragem, era 1 km/h de diferença, então se eu fizer uma análise fria, funcionou. Perdemos em 2020 e 2021 e agora a Toyota venceu seu primeiro, isso mostra que há um trabalho minimamente bem-feito”, concluiu.

Veja como foi a decisão do título de 2022 da Stock Car em Interlagos

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