Análise: porque a Renault precisava se livrar da Red Bull
Segundo Cyril Abiteboul, a Renault só conseguiria vencer campeonatos com as atuais regras, caso se livrasse das amarras com a Red Bull
No início da semana, a Renault finalmente completou o processo de aquisição da Lotus e retornará como equipe oficial na temporada 2016 da Fórmula 1. Mas o que levou a fabricante francesa a recomprar a estrutura que vendera no final de 2009?
As respostas vêm através de Cyril Abiteboul, diretor da Renault na F1, que afirma que um time oficial faz sentido em termos de marketing e que, também, haviam razões técnicas para que os franceses se livrassem das amarras da Red Bull, principal cliente da fabricante e autora de críticas pesadas à unidade de potência produzida pelos gauleses.
"Com as regras atuais, na minha opinião, é complicado ser bem sucedido atuando apenas como um fornecedor de motores, incapaz de controlar toda a estrutura. Você precisa ter uma abordagem mais abrangente do carro como um todo, olhando para todos os aspectos e decidindo em qual área investir", disse o dirigente ao Motorsport.com.
Frustrações com a Red Bull
Abiteboul alega que o relacionamento entre Renault e Red Bull chegou a um ponto crítico quando os recursos para o desenvolvimento eram direcionados principalmente para o chassi e o motor francês foi ficando em segundo plano.
"A frustração quando você é apenas um fornecedor de motores, em particular no relacionamento com a Red Bull, é que eles investiam continuamente quantias enormes no chassi. E isso era frustrante, pois aconteceu em um regulamento que indicava que era preciso investir muito mais no motor para conseguir performance e bons resultados", afirmou.
"Tentamos modificar nossa relação com eles, o que acabou não dando certo. Então só nos restaram duas opções - sair completamente da categoria ou voltar como equipe oficial, o que nos daria total controle sobre a estrutura, o que não era possível na Red Bull".
Controle orçamentário
Abiteboul acredita que mudanças significativas serão feitas na estrutura organizacional do que foi deixado pela Lotus. Além disso, o dirigente destacou que mais recursos serão direcionados para o desenvolvimento da unidade de potência, o "Calcanhar de Aquiles" dos franceses há duas temporadas.
"Algumas coisas vão mudar, sem dúvida. Uma delas é que teremos total controle sobre nosso orçamento. Apesar de termos que lidar com o chassi a partir de agora, temos mais liberdade de alocar recursos para desenvolver nosso motor", disse.
Momento ideal
Embora a estrutura que a Renault comprou seja a mesma vendida há seis anos, Abiteboul destaca que é errado pensar que a aquisição se deu para corrigir um deslize cometido naquela época.
"Citarei Bernie (Ecclestone), que cita frequentemente Colin Chapman, e eles diziam: 'as circunstâncias mudam'. Foi exatamente o que aconteceu, as coisas mudaram de seis anos para cá - a categoria, o regulamento, a própria Renault mudou", afirmou.
Por fim, o dirigente ressaltou que, desta vez, a marca francesa precisa fazer um trabalho de marketing mais forte, para deixar definitivamente o nome Renault marcado no esporte a motor.
"Uma das fraquezas da Renault no esporte é que se você perguntar às pessoas há quanto tempo estamos competindo, poucos dirão que corremos há quase 40 anos. Então é óbvio que precisamos trabalhar melhor nosso marketing", disse.
"É um novo capítulo e todos estão bastante empolgados, mas não é a primeira vez que estamos aqui. Estamos nos adaptando em relação ao que fazemos no esporte e tenho certeza de que daqui a 40 anos teremos mais capítulos escritos nessa história", completou.
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