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Claire Williams desabafa e se defende: "F1 não era um campo de jogo justo”

Filha de Frank Williams falou sobre altos e baixos no período em que esteve no comando da equipe, sobre as acusações de nepotismo e como a pandemia ajudou na decisão de sair da categoria

Claire Williams, Deputy Team Principal, Williams Racing

A ex-vice-diretora da equipe da Williams, Claire Williams, defendeu seus oito anos no comando da equipe, que foi vendida pela família no ano passado ao terminar em último no campeonato de construtores novamente.

Ela se tornou responsável pela gestão do dia a dia da equipe em 2013. O time terminou em último lugar na classificação pelo terceiro ano consecutivo na temporada passada e foi vendido a novos proprietários, a Dorilton Capital, pela família que a fundou 43 anos antes.

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No entanto, Williams diz que a equipe já estava fazendo progressos 12 meses antes, quando foi atingida pela pandemia, obrigando a família a vendê-la.

Falando em uma entrevista para o site The Spectator, Williams descreveu como a equipe lutou cada vez mais ao longo dos anos sendo superada por rivais maiores e devido ao surgimento de novas equipes que eram capazes de competir de forma mais econômica.

“O topo do grid estava gastando meio bilhão, contra nosso orçamento de 120 milhões”, disse ela. “E isso não é um campo de jogo justo desde o início e, portanto, é muito difícil tentar competir. Quando você está nessa situação, é difícil encontrar o caminho de volta."

“Estávamos todos com dificuldades contra esses regulamentos técnicos muito técnicos, muito complexos, que ficavam cada vez mais assim, temporada após temporada, com os quais não estávamos conseguindo lidar.”

“As peças listadas, que são as peças que você mesmo deve fazer, que são o que definem você como uma equipe garagista, tornaram-se muito mais diluídas”, explicou. “Então, outras equipes que estavam no esporte há menos tempo que nós, que não tinham os recursos, puderam comprar essas peças de uma equipe muito mais alta do grid, tornando-as muito mais bem-sucedidas.”

“Todo esse tipo de coisa só conspirou para mandar Williams para o fim do grid. E, uma vez lá, obviamente você está recebendo menos prêmios em dinheiro, tem menos interesse dos patrocinadores e, portanto, obtém um orçamento ainda mais reduzido e não pode gastar seu dinheiro para sair dele. E na F1, se você está com problemas, você precisa ser capaz de gastar seu tempo para sair deles.”

"Dois pregos do caixão"

Antes de 2020, Claire via que a situação estava melhorando, que o time havia conseguido avançar, apesar de ter terminado no último lugar no campeonato de construtores novamente. Mas a perda de seu principal patrocinador, a Rokit, e a pandemia do novo coronavírus sacramentaram o destino da garagista.

“No início do ano passado, pensamos que tínhamos saído da crise”, disse Williams. “Depois, tivemos os problemas com o nosso patrocinador principal, o que tirou muito dinheiro do nosso orçamento. E então a pandemia nos atingiu.”

“Pensei: ‘oh meu Deus, sério, acabamos de passar por esses dois anos muito difíceis’, achávamos que havíamos saído dessa, sentimos que estávamos progredindo - e estávamos um segundo, um segundo e meio mais rápidos em uma série de circuitos, após uma enorme quantidade de trabalho duro e isso mostra que estávamos dando passos à frente - mas então aqueles dois últimos tipos de pregos no caixão realmente acabaram de nos matar.”

“Saímos no final de 2020 como uma família. Tínhamos que deixar isso de lado agora e passar para as pessoas que podem investir porque já têm o dinheiro e não precisam sair e buscar patrocínio para isso ou qualquer coisa e eles podem ganhar algum tempo para preparar seu caminho na F1.”

Críticas internas e externas

Claire relatou as dificuldades que tinha na administração da equipe, recebendo críticas internas e externas, sendo de funcionários da empresa e nas redes sociais.

“Os últimos três anos da minha gestão foram incrivelmente difíceis”, disse ela. “Esquecem que quando entrei, herdei um time que nas últimas três temporadas consecutivas terminou em nono, oitavo e nono. Em menos de um ano levei ao terceiro lugar no campeonato de construtores e isso ocorreu em dois anos consecutivos. E então tivemos dois quintos.”

“Isso não é ruim para uma equipe que invariavelmente sempre era o azarão, que tinha muito menos pessoas, muito menos recursos e muito menos dinheiro do que as equipes contra as quais estávamos competindo.”

“Recebemos muito apoio e mantivemos esse apoio durante os primeiros anos de nossa queda. Mas então acho que as pessoas começaram a se voltar um pouco contra mim. Com toda a razão: eu era a líder, eu era a chefe e a responsabilidade ficava comigo.”

“Mas você toma decisões na hora porque pensa que elas são as decisões certas e às vezes elas não acontecem do jeito que deveria e foi isso que aconteceu no meu caso. Mas, é claro, recebi muitas críticas por isso. Foram vários abusos nas redes sociais. Mas, para mim, eu não conseguia ouvir aquele barulho. Isso teria me dado uma enorme quantidade de energia negativa e eu precisava focar na equipe e provar a todos que eu era capaz.”

“Acho que poderia ter saído da crise se tivesse mais tempo e dinheiro. Mas não tínhamos o luxo de um grande patrocinador ou de um fabricante que colocasse 100 milhões na equipe ano após ano.”

Nepotismo?

Outras críticas se baseavam por ser uma mulher no comando da equipe e por ser filha de Frank Williams, que segundo ela, não queria que Claire estivesse envolvida.

“Soube que falavam: ‘Oh, é porque ela é uma mulher’ ou ‘ela só está lá porque é filha de Frank, tire-a de lá’.”

“Não me importo com o que as pessoas pensam ou escrevem, já que nunca andaram um dia em meus sapatos e não sabem a verdade. Você pode jogar tanta lama quanto quiser, mas ela não gruda em mim. Se é disso que você quer me acusar, tudo bem.”

“Eu sou filha do meu pai e essa foi uma das razões pelas quais eu estava nesse trabalho. Somos uma equipe familiar e as pessoas na Williams queriam que a próxima geração viesse e comandasse a equipe, para a família ainda estar envolvida. Aquele era o ponto principal. Portanto, qualquer pessoa que critique o fato de eu ter assumido o lugar do meu pai simplesmente perde o foco completamente sobre a importância da família e das próximas gerações.”

“Papai foi bem claro: ele não gosta de nepotismo, não queria que seus filhos trabalhassem na Williams. Meu irmão mais velho já tinha um cargo e não gostava muito de sua filha também trabalhar lá.”

“Mas, felizmente, depois de cerca de três meses de lobby do então chefe de marketing, meu pai concordou relutantemente em me dar um teste. E então, obviamente, o resto é história. Eu estive lá por mais 20 anos ou mais.”

“Sempre fiz o que me pediram e teria ficado feliz trabalhando por 20 anos como assessora de imprensa na Williams. Era um ótimo lugar para trabalhar. Foi um grande privilégio. Eu aproveitei cada minuto."

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Redação Motorsport.com
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