Como Alonso e Ocon podem influenciar a dança das cadeiras da F1
A metade da temporada da F1 dá o pontapé para os rumores de transferências na categoria. O Motorsport.com analisa as especulações
Com o bombástico anúncio da ida de Daniel Ricciardo para a Renault no fim de 2018, muitos estavam certos de que os rumores de transferência da atual temporada seriam muito mais tranquilos.
Os melhores pilotos da Fórmula 1 estão contratados até o fim de 2020, antes da significativa mudança nas regras da categoria. Tudo isso fez com que as previsões fossem de maior calmaria para as negociações do segundo semestre deste ano.
Entretanto, nada fica parado por muito tempo na F1. E, passados os primeiros seis meses de 2019, as especulações já tomam conta do paddock, movimentando equipes e pilotos com vistas ao grid do ano que vem.
Um dos melhores ingredientes para o que está por vir é o fato de que as opções não se restringem a nomes que já estão na categoria. Nesse sentido, duas personalidades conhecidas podem desempenhar um papel importante. Estamos falando de Fernando Alonso e Esteban Ocon.
Caso Ocon
Vinculado à Mercedes, na qual atualmente é piloto reserva, ele foi 'vítima' da decisão de Ricciardo. Esperava-se que o australiano continuasse na Red Bull. Isso manteria o posto de companheiro do alemão Nico Hulkenberg na Renault vago para Ocon, uma vez que Carlos Sainz já estava acertado com a McLaren.
O espanhol de fato foi para o time britânico, mas Ricciardo surpreendeu e assumiu o carro da escuderia francesa, inviabilizando um acordo informal costurado por Toto Wolff, chefe de equipe da Mercedes e empresário de Ocon, e Cyril Abiteboul, chefe da Renault.
Assim, Ocon teve que se resignar à função de reserva das ‘Flechas de Prata’, já que a escassez de opções não dava oportunidades melhores para o francês, ainda jovem (relembre sua carreira na F1 na galeria abaixo). Agora, porém, Wolff quer seu piloto de volta ao grid.
Uma de suas principais opções é justamente a Mercedes. Obviamente, seria para o lugar de Valtteri Bottas. A possibilidade foi amplamente discutida em função da má temporada do finlandês em 2018, na qual o ex-Williams não conseguiu vitórias mesmo em um carro dominante.
No atual campeonato, porém, Bottas deu excelente pontapé inicial, dando trabalho a Lewis Hamiton. O problema para o finlandês é que o pentacampeão já se recuperou, distanciando-se na ponta da tabela. A ver os próximos capítulos.
Wolff comentou a situação de Bottas, que precisa seguir em boa forma para garantir seu lugar na escuderia germânica em 2020. "Valtteri me disse no ano passado que ele não se opõe às renovações ano a ano, embora não goste delas”, disse o chefe de equipe.
“Eu acho que ele merece um lugar na F1 e sabe que isso depende de seu desempenho, mas nós gostamos dele. Seu primeiro quarto desta temporada foi muito forte. Ele só precisa continuar nesse ritmo. É esse o nosso combinado”, disse o dirigente ao Motorsport.com.
Se Bottas conseguir a ingrata missão de fazer frente – ou algo próximo disso – ao seu multicampeão companheiro britânico, as opções mais naturais para Ocon seriam a Racing Point e a Williams, clientes dos motores Mercedes.
Wolff comentou a situação do francês: "Ele é um piloto Mercedes, então precisamos esclarecer as coisas e permitir que ele siga sua carreira de uma forma que respeite o investimento e o apoio que lhe foram dados, caso ele siga outros rumos. E Esteban respeita muito isso", disse o austríaco.
"Se ele for para outra equipe, será liberado de qualquer maneira. Ele não será mais um piloto Mercedes porque, se você pilota para outra equipe, está assinando um contrato que vincula suas habilidades a outro time”, ponderou Wolff.
Nesse sentido, uma possibilidade para Ocon pode ser justamente a equipe para a qual ele iria neste ano, a Renault. E os franceses ainda não definiram a situação de Hulkenberg: o alemão está no último ano de seu contrato e é ventilado na Red Bull, já que o francês Pierre Gasly não vem correspondendo no time de energéticos.
Nico Hulkenberg, Renault F1 Team R.S. 19
Photo by: Zak Mauger / LAT Images
Tendo em vista que a Renault também é da França, Ocon teria mais um ponto em seu favor em uma eventual negociação. Seria interessante para a equipe amarela ter um piloto de seu país, ao passo que Ocon provavelmente significaria menos gastos, já que deve ter salário menor que Hulkenberg.
Outra opção para o francês, aliás, é a vaga de um de seus conterrâneos. Trata-se de Romain Grosjean, que vem mal nas últimas temporadas com a Haas. O piloto do carro #8 fez apenas dois pontos neste ano, contra 14 do companheiro dinamarquês Kevin Magnussen.
Grosjean reclama constantemente do trabalho da escuderia norte-americana, que poderia tranquilamente apostar em outro talento (muito mais jovem e promissor, diga-se) para o próximo ano. Bom para Ocon.
Entretanto, ele pode enfrentar a concorrência de um ex-companheiro e rival na briga por uma vaga na Haas. Estamos falando de Sergio Pérez, que correu ao lado do francês na Force India. O mexicano já foi sondado pela Haas para a atual temporada e é sempre um candidato forte para as equipes médias da F1.
Além disso, Pérez pode estar com vontade de mudar de ares. Depois de anos de solidez com uma razoável Force India, ele não vem tendo um carro tão bom com a nova Racing Point. E a idade já começa a ser um fator a ser considerado pelo mexicano.
Dança das cadeiras (ou dos cockpits)
Caso Pérez saia da equipe rosa, abre-se mais uma possibilidade para Ocon. Entretanto, especula-se que o nome mais forte para assumir uma eventual vaga do mexicano seria Nicholas Latifi, atual vice-líder da Fórmula 2 e piloto reserva da Williams.
O nome de Latifi agradaria ao pai de Lance Stroll, companheiro de Pérez. Principal investidor da equipe, Lawrence Stroll gostaria de formar uma dupla 100% canadense e vê em Latifi uma aposta segura, pois não representaria grande ameaça ao filho internamente. Não é o caso com Pérez, que tem moral no time. Nem com Ocon, que chegaria para arrebatar Stroll.
Outra equipe que deve ter mudança de pilotos é a Red Bull. Com a saída de Ricciardo, o time austríaco promoveu Gasly, que estava na Toro Rosso. O francês, porém, não tem correspondido às expectativas.
Ainda que tenha a ingrata missão de correr ao lado de Max Verstappen, o francês vem especialmente mal na temporada. Além de ficar muito aquém do companheiro holandês, Gasly tem sido superado por pilotos de equipes inferiores. E com frequência.
Se o francês for rebaixado, o retorno de Daniil Kvyat à Red Bull parece ser a solução mais óbvia, tendo em vista a experiência do russo e seu vínculo com o grupo de energéticos. Entretanto, rumores dão conta de que Sebastian Vettel poderia ser uma opção.
Fontes afirmam que o alemão tem visitado o motorhome da escuderia austríaca com bastante frequência. E o passado de sucesso entre Vettel e Red Bull poderia alimentar a nostalgia do tetracampeão, que vive sua pior fase na Ferrari.
Fernando Alonso
O bicampeão sempre surge no noticiário e é justamente o antecessor de Vettel no time de Maranello. O espanhol (cujas atuações mais marcantes você relembra em galeria especial no fim desta matéria) ainda tem vínculo com a McLaren, última equipe que defendeu na F1. Entretanto, os dirigentes do time de Woking tem negado um potencial retorno de Alonso, que também descartou a possibilidade.
De todo modo, o fato é que a McLaren vem melhorando. E é exatamente isso que suscitou os rumores do retorno de Alonso. Entretanto, o chefe da escuderia, Andreas Seidl, reiterou a confiança em Sainz e no novato britânico Lando Norris, que vem fazendo bom trabalho.
Ainda assim, a incerteza sobre o futuro de Alonso é um fator que não pode ser desconsiderado. O espanhol conquistou o título do Campeonato Mundial de Endurance (WEC) após vencer as 24 Horas de Le Mans com a Toyota, mas já anunciou a saída da categoria.
Uma opção seria maior dedicação a IndyCar, tendo em vista o sonho da conquista das 500 Milhas de Indianápolis – e, consequentemente, da Tríplice Coroa do Automobilismo -, mas um retorno de Alonso à F1 não pode ser descartado. Inclusive entre as equipes de ponta.
Será?
O rumor de Vettel na Red Bull alimenta a suspeita sobre o espanhol. Obviamente, a opção seria a Ferrari, mas o time de Maranello tem Vettel e o monegasco Charles Leclerc sob contrato para a temporada 2020.
A incerteza, porém, recai sobre o compromisso do alemão com o projeto italiano. Muitos especulam que ele poderia estar repensando sua permanência na escuderia, tendo em vista a má fase recente e a coleção de insucessos nos últimos anos (algo semelhante ao que ocorreu com Alonso, aliás).
Supondo que Vettel de fato rumasse para a Red Bull, não sobrariam muitas opções para a Ferrari, que busca urgentemente uma conquista frente aos anos de seca. Nesse sentido, recontratar Alonso não seria exatamente uma opção ruim.
De todo modo, ainda são somente especulações e o retorno do bicampeão à F1 é improvável. Entretanto, nunca se pode dizer nunca, como diz o ditado. E Ricciardo deixou claro, no fim do ano passado, que nem sempre as melhores previsões se concretizam. Aguardemos os próximos capítulos.
As 25 atuações mais destacadas de Alonso na Fórmula 1:
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