De Vries e seu paradoxo na F1: contratado por um GP, questionado após cinco
Dizer que Nyck não é um ás e que seu ano de estreia não é digno de nota? Inegável, mas, dada a circunstância, não é surpresa vê-lo ser questionado por Marko
Novato da AlphaTauri na Fórmula 1, Nyck de Vries tem tido um começo de 2023 difícil, inclusive tendo sua saída especulada para um eventual retorno do australiano Daniel Ricciardo ao grid. Tudo tão rápido, após o holandês mostrar suas credenciais para times da F1 ano passado, em decorrência da apendicite de Alex Albon, da Williams: o anglo-tailandês foi substituído pelo piloto dos Países Baixos e o episódio foi o estopim para a chegada do competidor da Holanda à categoria máxima.
De Vries assumiu o carro de Albon de forma espetacular no GP da Itália, fazendo uma grande corrida em Monza e entrando no radar das equipes do grid. Foi aí que a AlphaTauri mirou no holandês, que também era cotado na própria Williams como potencial substituto de Nicholas Latifi. O canadense acabou substituído pelo norte-americano Logan Sargeant, já que Nyck foi para a AlphaTauri como novo parceiro do japonês Yuki Tsunoda, após de Vries convencer Helmut Marko, chefão da Red Bull.
Entretanto, agora é o próprio consultor de automobilismo da marca de energéticos na F1 quem pressiona Nyck: o holandês teria até o GP da Espanha para mostrar alguma evolução. Caso contrário, o cockpit pode ficar para Ricciardo, reserva dos taurinos após deixar a McLaren no fim de 2022. O ultimato ao piloto dos Países Baixos é mais uma prova de como a elite global do esporte a motor tem ficado cada vez mais difícil para novatos, que precisam performar mesmo sem ter tantos testes.
No caso da Red Bull, a situação é ainda mais emblemática. As políticas que regulam a gestão dos jovens pilotos, estabelecidas por Marko, levaram à debandada de nomes como o espanhol Carlos Sainz, atualmente na Ferrari, o francês Pierre Gasly, hoje na Alpine, e o próprio Albon, da Williams.
Abrir mão de Gasly para contratar Nyck, aliás, confirma a tendência de querer apostar nos pilotos como se fosse num jogo de cassino. Ter acertado com o holandês Max Verstappen alimentou essa atitude, mas tal política está longe de ser majoritariamente assertiva. E Albon é uma prova disso.
Alex Albon, Williams
Photo by: Williams
Hoje, ele é bem cotado no mercado: o Motorsport.com soube que pelo menos duas equipes recentemente sondaram a sua disponibilidade, embora ele tenha contrato com a Williams até o final de 2024. Mas tudo isso só acontece porque Alex teve uma 'segunda chance' na F1, algo que não é tão frequente -- após ser preterido para abrir vaga para o mexicano Sergio Pérez na Red Bull, o anglo-tailandês ficou no 'banco' da Red Bull em 2021 até conseguir uma oportunidade na Williams.
Porém, a maioria não tem uma segunda oportunidade e muitos se encontram na porta de saída sem qualquer possibilidade de 'redenção', tendo de reconstruir reputações enquanto veteranos como o dinamarquês Kevin Magnussen e o alemão Nico Hulkenberg capitalizam a própria experiência.
Dizer que Nyck não é um ás e que sua temporada de estreia não tem sido digno de nota? Inegável, mas, dadas as circunstâncias, não é uma surpresa vê-lo ser questionado por Marko depois de cinco corridas, tendo sido contratado por causa de 'apenas' uma prova. A ver o que acontece na Espanha...
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