F1: Como a Mercedes tenta resolver problemas "dolorosos" que atrapalham Hamilton
Três frentes parecem causar mais dúvidas para a equipe: porpoising, aquecimento de pneus e motor
Um dos destaques da classificação da Fórmula 1 em Ímola nesta sexta-feira foi o fato de que ambas as Mercedes ficaram de fora do Q3, com George Russell garantindo a 11ª posição e Lewis Hamilton em 13º. Isso é algo sem precedentes na era híbrida, com o GP do Japão de 2012 sendo a última vez que isso aconteceu, quando a dupla de pilotos do time alemão ainda era formada por Nico Rosberg e Michael Schumacher.
Como deixado bem claro por Hamilton no rádio, foi simplesmente um caso da equipe sofrendo para colocar temperatura nos pneus em meio a uma pista fria e molhada na sessão, em meio a diversas interrupções por bandeiras vermelhas.
Enquanto esse foi um problema que afetou todas as equipes, a Mercedes não conseguiu encontrar uma solução para uma questão que parece inerente ao W13.
"Estamos sofrendo com o aquecimento neste carro", disse Andrew Shovlin, diretor de engenharia da Mercedes na sexta. "E ainda não chegamos à raiz disso. E hoje foi um exemplo bem doloroso disso, onde não conseguimos fazer saídas que fossem longas o suficiente para construir a temperatura e colocar os pneus na janela ideal".
"Vimos isso em todas as corridas. No Bahrein não custa muito, e na maioria das outras pistas, mas é bem diferente na classificação, é difícil. O ritmo de corrida tem sido bom, acho que demonstramos que somos os terceiros mais rápidos nisso. O problema é em volta lançada, onde estamos no pelotão do meio. É algo que estamos trabalhando, mas que ainda não entendemos".
Então seria isso uma questão mecânica ou aerodinâmica? Shovlin sugeriu que a resposta pode não ser tão simples assim.
"Não acho que seja aerodinâmico porque nas corridas vamos bem, estamos à frente do pelotão do meio. Mas em voltas lançadas, equipes do pelotão do meio estão melhores que nós. E não posso dizer que é porque eles têm mais downforce que nós em voltas lançadas. E do mesmo jeito não acho que seja algo de cinemática".
"Há coisas que podem ser feitas na especificação do carro para tentar gerar mais calor dos freios. Mas isso é um efeito relativamente sutil. E, como disse, não sei se há algo a mais em termos de como estamos ajustando o carro, ou como estamos abordando o gerenciamento de calor nos pneus. Mas é algo que precisamos entender, porque nos segura aos sábados".
Mercedes W13 front brake detail
Photo by: Giorgio Piola
Usar os freios para gerenciar as temperaturas dos pneus se tornou mais difícil com os modelos de 18 polegadas e as diferentes calotas e arranjos de dutos que vêm junto. Isso torna mais difícil para a Mercedes lidar com o caso, já que métodos tradicionais não funcionam.
"Antes você podia direcionar o ar quente dos freios direto no aro. E você teria uma transição rápida de calor diretamente na borracha. Mas o regulamento novo tornou isso mais difícil, com sucesso. Como disse, ainda temos que entender porque não igualamos as equipes do meio. Sabemos que Red Bull e Ferrari têm mais downforce. Mas deveríamos ter a mesma performance das corridas".
Shovlin notou que a equipe não teve problemas com os pneus de chuva da Pirelli, algo que o paddock tinha conhecimento limitado antes de Ímola. Apesar da mudança de tamanho, o comportamento é similar aos antecessores.
"A questão com os pneus de chuva é como que eles lidam com condições distintas? Como eles fazem a transição para o seco? E não teremos uma boa visão disso aqui. Mas hoje, com as condições intermediárias o problema foi só a temperatura. Estamos sofrendo nessa área. Em termos de equilíbrio, não há nada de errado com eles. Eles são similares em termos de balanço aos demais".
"E George disse que, se estivesse mais acima no grid não ficaria surpreso, porque o carro parecia ok. Apenas não tivemos a aderência necessária para sermos rápidos".
Lewis Hamilton, Mercedes W13
Photo by: Steve Etherington / Motorsport Images
Após a sessão, Hamilton deixou sua frustração clara: "Acho que ficamos devendo como equie hoje. Há coisas que deveríamos ter feito que não fizemos".
Questionado sobre a referência do heptacampeão, Shovlin disse que possivelmente ele falava sobre como a classificação foi gerenciada, com Hamilton querendo dar mais voltas.
"Lewis queria ficar mais na pista em uma das saídas. E ele sentia que estávamos construindo temperatura quando decidimos que ele deveria entrar para trocar de pneus. E olhando para o fim da sessão, não teríamos como ficar mais tempo na pista por causa da bandeira vermelha".
"Então são duas coisas. Uma: poderíamos ter feito a primeira parte da sessão melhor? Talvez. O outro é que não conseguimos fazer o tempo na primeira volta, enquanto outros sofreram menos com isso. E em um dia como hoje, isso é um grande problema".
A questão do aquecimento de pneu corre em paralelo com o porpoising que segue frustrando mais a Mercedes que os rivais, o que significa que o carro não pode ser usado na altura ideal.
"Bem, para ser honesto, ambos são assuntos que nos irritam no momento. Mas, realisticamente, o que nos comprometeu hoje foi o aquecimento. Acho que, se pudéssemos resolver isso, teríamos mais sucesso. O porpoising está limitando o potencial do carro. Mas não é diferente do que tivemos nas últimas corridas".
Controlar o porpoising não foi um dos objetivos específicos das mudanças aerodinâmicas apresentadas em Ímola, com as atualizações focando em melhorar a performance em geral.
"Foi desenvolvimento aerodinâmico normal. E, para ser honesto, estamos trabalhando nos problemas com as quicadas separadamente. Esses desenvolvimentos que trouxemos, estávamos cientes que não mudariam isso. É por isso que focamos nessas partes".
"Mas ainda estamos dando o nosso melhor para entender isso e resolver as quicadas. Então, novamente, sabemos disso além da questão do aquecimento, que é outra área de fraqueza do carro que temos que resolver se quisermos ser competitivos".
Lewis Hamilton, Mercedes W13
Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images
Além dos problemas no chassi, a Mercedes trabalha duro na unidade de potência. Está claro que as três rivais alcançaram a marca alemã, e algumas podem até ter ultrapassado o motor que dominou a era híbrida até aqui.
As dificuldades das equipes clientes da Mercedes nesse começo de temporada reforçam isso, apesar da McLaren mostrar recuperação. O grande desafio é que a maior parte dos elementos das unidades de potência já estão congelados até 2025.
"Estamos fazendo análises constantes nisso. Há áreas em que achamos que é possível melhorar, em termos de gerenciamento. Mas é uma unidade homologada agora. Então só podemos fazer mudanças de confiabilidade".
"Isso não nos impede de olhar para o que podemos fazer dentro dos modos e como usá-los melhor, e se há algo a mais que podemos fazer para termos ganhos. Mas não somos rápidos o suficiente, e quando isso acontece, você olha para todas as áreas em busca de melhorias".
"Então o pessoal de motores está focando nisso, e em qualquer ajuste fino que possamos fazer em busca de ganhos. E no lado do chassi, temos vários projetos diferentes no momento para avançarmos".
Será que a Mercedes consegue sair do buraco que se encontra? As corridas se aproximam em ritmo rápido no momento e a cada fim de semana que passa, as chances de Hamilton se colocar na luta em busca do octacampeonato diminuem.
VÍDEO: Vai ter chuva na Corrida Sprint de Ímola?
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