Análise

F1: Entenda por que Ímola foi "brutal" para pilotos em novas equipes

Um importante ponto focal da F1 2021 até aqui é a forma do grupo de grandes pilotos que estão em novas equipes nesta temporada

Sergio Perez, Red Bull Racing RB16B, battles with Sebastian Vettel, Aston Martin AMR21

Sergio Perez, Red Bull Racing RB16B, battles with Sebastian Vettel, Aston Martin AMR21

Charles Coates / Motorsport Images

Sebastian Vettel, Fernando Alonso, Carlos Sainz, Daniel Ricciardo e Sergio Pérez descobriram que o processo de adaptação à uma nova equipe na Fórmula 1 pode ser ainda mais difícil do que esperavam, e, até aqui, todos os cinco sofreram para igualar a forma de seus companheiros de equipe.

Isso ficou ainda mais complicado pela presença de Ímola como a segunda etapa da temporada. Após a pré-temporada e uma corrida no Bahrein, um lugar onde há locais suficientes para uma margem de erro, eles caíram em uma pista clássica, com poucas áreas de escape e zebras pesadas.

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Adicione a isso o foco da FIA com relação aos limites de pista e a chuva na corrida quando esse pessoal ainda não havia andado com os pneus de chuva em seus novos carros, e você tem um final de semana difícil. Como bem dito por Pérez, Ímola foi um desafio "muito brutal".

Todos os pilotos mencionados no começo desta análise fizeram comentários muito similares sobre encontrar o limite e necessitar de um pouco mais de confiança nos carros que ainda não conhecem muito bem.

Suas dificuldades coletivas não foram ajudadas pela redução da pré-temporada, como forma de cortar gastos em acordo com a FIA. As equipes tiveram apenas três dias no Bahrein, dando a cada piloto apenas um dia e meio para se adaptarem aos novos ambientes, além de uma curtíssima sessão de shakedown.

Se você tem problemas mecânicos, como foi notavelmente o caso de Vettel, a pré-temporada foi ainda mais comprometida antes do primeiro fim de semana do ano, onde todos enfrentaram ainda a nova programação de sexta, com uma hora a menos de treinos livres.

E o final de semana movimentado é feito essencialmente para ajudar a equipe a garantir que o carro vá o mais rápido possível, em vez de permitir que o piloto experimente com o novo modelo, então é difícil de se acostumar.

Após a classificação, parecia que Pérez havia feito um ótimo trabalho para se adaptar à nova equipe já que, diferente dos colegas, ele surpreendeu ao terminar em segundo, a frente de Max Verstappen.

Mas em uma corrida complicada, ele teve uma largada ruim, problemas durante o safety car e uma rodada, que lembraram ao mexicano que ele ainda tem muito a aprender. E Pérez tem total consciência disso.

"Não olho para o que os outros estão fazendo, para ser honesto. Mas certamente é um grande desafio mudar de equipes e correr já no segundo final de semana nessas condições. Foi muito brutal. Não acho que estou lá ainda, apesar de ter uma boa volta ontem, mas vocês viram o quão difíceis as coisas estão para mim".

"Então, acho que estou aprendendo e é um processo em que estou dando bons passos. Com sorte, aprenderei mais a partir de hoje".

Pérez admitiu que Ímola foi um duro teste: "É um dos piores locais para correr com um novo carro para ser honesto, porque um pequeno erro aqui na classificação ou na corrida pode te custar muito".

"Mesmo na corrida vocês viram a quantidade de erros que cometi, ou que os outros cometeram. É difícil. Mas não é uma desculpa, basta trabalhar mais".

Sergio Perez, Red Bull Racing,

Sergio Perez, Red Bull Racing,

Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images

Alonso chegou ao top 10 no sábado após a punição de Kimi Raikkonen, mas, até aqui, o bicampeão sofre para acompanhar o ritmo de seu companheiro de Alpine, Esteban Ocon, que passou a maior parte de 2020 tentando alcançar Daniel Ricciardo, que já estava mais acostumado à Renault.

O espanhol reconhece que foi difícil para todos os pilotos em novas casas neste ano, mas insiste que o final de semana em Ímola foi um bom aprendizado.

"Sim, tendo a concordar. Parece assim e sinto que a cada volta que eu fazemos, que nós fazemos, nos sentimos mais confortáveis".

A corrida em Ímola foi um pesadelo para Vettel, que teve que sair do pitlane após um fogo de última hora em seus freios, que afetou ambas as Aston Martins. Depois, ele ainda recebeu uma punição porque os mecânicos seguiram trabalhando no carro a menos de cinco minutos da largada.

"É uma pista adorável, então dói quando você erra. Ainda preciso dessa última gota de confiança. Talvez esses pilotos em novas equipes estejam sofrendo um pouco mais. Acho que eu sofro para dar o meu melhor em uma volta, como ontem". 

"Estou chegando lá, mas certamente não é ótimo quando você tem dias assim. Mas o tempo no carro ajudará e tenho certeza de que não tem como ser pior".

O chefe de Vettel na Aston Martin, Otmar Szafnauer, se simpatizou com a situação do tetracampeão.

"Se as filosofias dos carros são completamente diferentes, logicamente leva um tempo. E você sabe, tendo falado com Checo também, ele foi para a Red Bull, que tem uma filosofia diferente da nossa".

"E ele disse a mesma coisa, que precisa de tempo com o carro para superar essas margens muito pequenas que o impedem de tirar o máximo do carro".

Sebastian Vettel, Aston Martin AMR21

Sebastian Vettel, Aston Martin AMR21

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

Szafnauer reconheceu que a falta de testes prejudicou a todos os pilotos com novas equipes: "Sim, prejudicou. E acho que meu maior arrependimento é que não fomos confiáveis como deveríamos ser na pré-temporada".

"Com isso, Seb perdeu muito de seu dia e meio. Então, se tivéssemos mais testes, Seb estaria em uma posição diferente em sua curva de aprendizado".

O chefe da McLaren, Andreas Seidl, concordou que a pré-temporada reduzida não ajudou Ricciardo e os outros pilotos para se acostumarem. Porém, ele insiste que todos precisam apenas aceitar as circunstâncias.

"Não diria que é uma surpresa. Sabemos que não é tão simples quando apenas sair de um carro e entrar no outro, quando se tem apenas um dia e meio de testes. Mas não há motivos para reclamar, porque foi um acordo aceito por todas as equipes para reduzir gastos".

"O problema é que os carros são complexos. E para encontrar esses últimos décimos que fazem a diferença quando você não está confortável para levar o carro ao limite, não é tão simples. Leva um tempo. Mas, como disse, não é uma surpresa".

Ricciardo mesmo apontou que o grid mais apertado deste ano coloca uma lupa ainda maior nas diferenças entre os companheiros de equipe.

"Cada décimo importa, mais ainda agora. Então você não pode ficar alguns décimos fora do ritmo ou você será eliminado no Q2, ou pode ser a diferença entre ficar em terceiro e oitavo".

"E com essa pista, há ainda mais riscos. Você certamente precisa estar confortável com o carro para levá-lo ao limite e, ter essa confiança, me demandou mais tempo no final de semana do que com o Bahrein".

Já Sainz tem a experiência de trocar de equipes, tendo passado por Toro Rosso, Renault e McLaren antes da Ferrari.

Em Maranello, ele tem o desafio de Charles Leclerc, que está em sua terceira temporada na equipe, cheio de confiança e no auge. Sainz vem sofrendo para igualá-lo em ritmo de classificação até aqui.

"Ele é experiente na classificação", disse o espanhol após terminar sete posições atrás de Leclerc no grid em Ímola".

Carlos Sainz Jr., Ferrari SF21, Daniel Ricciardo, McLaren MCL35M

Carlos Sainz Jr., Ferrari SF21, Daniel Ricciardo, McLaren MCL35M

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

"E, particularmente, na Ferrari, ele parece estar em casa, sabendo exatamente o que esperar do carro no Q2 e no Q3, em condições de alta aderência. E ele é um especialista, um ótimo piloto".

"Mas, ao mesmo tempo, se há algo que vi nessas primeiras corridas é que não sou mais lento que ele nas curvas. Então sei que se eu acertar essas voltas, vou estar ali".

Sainz deu um insight intrigante sobre as pequenas margens envolvidas: "Hoje acho que foi a passagem pela zebra, como o carro reage a ela, dependendo do ângulo que passo. E acabei me envolvendo algumas vezes nessas chicanes ao atacar a zebra em ângulos diferentes".

"Aqui, há retas longas após as zebras e eu estava perdendo um ou dois décimos nas retas depois disso. Basicamente, estou destacando a importância de conhecer o carro e como ele reage com certo ângulo, porque ser super preciso é necessário para as retas".

"Não vou perder tudo isso que acabei de falar. Ainda preciso analisar algumas coisas, mas tenho certeza de que é ali que está o tempo de volta".

Como Alonso sugeriu, o final de semana caótico em Ímola possivelmente acelerou o progresso na curva de aprendizado de todos os pilotos mencionados.

Certamente eles darão mais passos em Portimão e Barcelona e, ali, tudo deve começar a se encaixar, a tempo de Mônaco, onde confiança é tudo e os limites são os menores possíveis.

Será fascinante ver como que eles se comparam com seus companheiros de equipe ao redor das ruas do principado.

RETA FINAL: As polêmicas do GP em Ímola, Verstappen vs Hamilton, 'brigas' e punições

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