F1: GP do Brasil completa 50 anos; edição inaugural teve vitória argentina e Helmut Marko no grid
Ainda sem valer pontos para o campeonato, prova foi disputada sob um calor infernal em Interlagos
Em 30 de março de 1972, há exatos 50 anos, Interlagos entrava de vez na história do automobilismo mundial, com a primeira edição do GP do Brasil. A prova brasileira aconteceu em um primeiro momento como uma edição extra na temporada, sem valer pontos para o campeonato, mas foi determinante para a entrada do país de vez no calendário já no ano seguinte.
Interlagos já se destacava no cenário nacional desde a sua inauguração, em 1940, mas buscando atrair categorias internacionais, o circuito passou por uma série de reformas na década de 1960. A Fórmula Ford Internacional foi a primeira a testar as novas instalações do circuito paulista, em março de 1970.
Pouco depois, Interlagos foi fechado novamente para mais uma reforma, já visando a realização do primeiro GP do Brasil, em 30 de março de 1972. A prova paulista foi uma de seis extracampeonato realizadas naquele ano, junto dos circuitos britânicos de Brands Hatch, com duas corridas, Silverstone e Oulton Park, além do autódromo italiano de Vallelunga.
Ter a Fórmula 1 no Brasil era um projeto de longa data do promotor Antonio Carlos Scavone, e o momento não poderia ser melhor, com Emerson Fittipaldi começando a se destacar no grid.
Com o calendário de 1972 abrindo na Argentina em 23 de janeiro e a temporada europeia começando apenas em maio na Espanha, com uma corrida na África do Sul no meio, ficou acordada a realização para a quinta-feira, 30 de março, evitando assim um choque com uma etapa do Europeu de Fórmula 2 na Inglaterra, que contava com a participação de parte do grid da F1.
Por se tratar de uma prova extracampeonato, nem todo o grid esteve presente, com a ausência de nomes importantes como Jacky Ickx e Clay Regazzoni, dupla da Ferrari, o então campeão Jackie Stewart, com a Tyrell e Niki Lauda com a March, apesar de seu companheiro, Ronnie Peterson, ter marcado presença.
No total, 14 pilotos se inscreveram para a prova: Carlos Reutemann e Wilson Fittipaldi (Brabham - Ford), Ronnie Peterson, José Carlos Pace, Henri Pescarolo e Luiz Pereira Bueno (March - Ford), Helmut Marko, Alex Soler-Roig, Peter Gethin e Jean-Pierre Beltoise (BRM), Emerson Fittipaldi e Dave Walker (Lotus - Ford) e Andrea de Adamich e Reine Wisell (Surtees - Ford).
Luiz Bueno, March 711
Photo by: Motorsport Images
Usando o traçado original de Interlagos, com 7.960 metros de extensão, a pole foi brasileira, com Emerson marcando 02min32s383, seguido por Reutemann, Peterson, Wilsinho e Dave Walker fechando o top 5, enquanto as Surtees de Adamich e Wisell não conseguiram se classificar.
Na corrida, que teve uma duração de 37 voltas, completando um total de 294,52 quilômetros, o autódromo de Interlagos estava lotado com mais de 60 mil pessoas, enquanto a transmissão televisiva fazia história, por ser o primeiro evento esportivo exibido a cores no país. E antes mesmo da largada, mais uma baixa, de Beltoise, com problemas na BRM.
Emerson e Reutemann saíram emparelhados, mas foi Wilsinho quem surpreendeu, assumindo a ponta, onde ficou nas primeiras voltas, enquanto Pace, Pescarolo e Gethin abandonavam com problemas de motor devido ao calor infernal de Interlagos.
O Brasil parecia a caminho de uma vitória com Emerson, que abria mais de 20 segundos para Reutemann, mas tudo mudou a cinco voltas do fim, quando o brasileiro abandonou com uma quebra de suspensão. Assim o triunfo caiu no colo do argentino, que terminou com quase 1min30s de vantagem para Peterson em segundo, enquanto a família Fittipaldi foi representada no pódio do Wilsinho, em terceiro.
Hoje consultor da Red Bull, Helmut Marko, foi o quarto colocado, com Dave Walker em quinto. Luiz Bueno foi o sexto, último colocado entre os pilotos que terminaram a prova.
Emerson Fittipaldi, Lotus 72D Ford
Photo by: Motorsport Images
Apesar da decepção com o abandono no Brasil, Emerson teve um ano brilhante, conquistando cinco vitórias e outros três pódios para conquistar seu primeiro título na F1, o primeiro de um piloto brasileiro na categoria máxima do automobilismo mundial.
O sucesso de Emerson e da edição-teste do GP do Brasil foram fundamentais para que a etapa voltasse a integrar o calendário da F1 em 1973 mas, desta vez, como parte oficial da temporada. A 2ª edição do GP foi disputada em 11 de fevereiro do ano seguinte, sendo a segunda prova do campeonato, com vitória do brasileiro.
Desde então, o Brasil tem sido uma presença constante no calendário, seja com Interlagos ou com Jacarepaguá. O país esteve fora apenas em 2020, devido ao impacto da pandemia da Covid-19 e, em seu retorno, passou a ser denominado GP de São Paulo, devido ao acordo da F1 com o governo paulista.
Independentemente de sua denominação, o circuito de Interlagos, agora com uma extensão de 4.309 metros, segue sendo um dos mais adorados pelos pilotos, equipes e fãs da F1, e continua mostrando ano após ano porque merece seguir no calendário do Mundial.
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