No embalo de Vettel x Leclerc, relembre o estopim das maiores rivalidades entre companheiros da F1
Briga internas não são incomuns da F1, mas algumas marcaram a história do automobilismo e antecedentes mostram que Ferrari tem 'batata quente' nas mãos.
A Fórmula 1 testemunha neste momento o nascimento de uma rivalidade interna na Ferrari que promete se estender até o fim da temporada. Episódios vistos nos Grandes Prêmios de Singapura e Rússia entre Sebastian Vettel e Charles Leclerc geram fissuras na relação de ambos que podem ser irreversíveis. A Ferrari já sente de perto a tensão palpitante entre os dois, e há relatos de que o alemão e o monegasco já não se suportam.
Ao longo dos anos, foram muitos os problemas entre companheiros de equipe na F1. Mas qual o ponto de partida de uma grande rivalidade? Em que momento a "corda rói" e os dois lados entram em uma rota de colisão permanente e explosiva? O Motorsport.com reuniu os exemplos mais importantes da história, revelando o "marco zero" de cada batalha interna, de cada "inimigo íntimo" de box.
Verstappen x Ricciardo (Red Bull)
Depois de duas temporadas de calmaria, as coisas esquentaram entre Daniel Ricciardo e Max Verstappen em 2018, quando a Red Bull renovou o contrato com o holandês, por um valor substancialmente maior do que o de Ricciardo em um momento que o australiano brilhava.
O auge da rivalidade foi marcado pelo acidente entre a dupla no GP do Azerbaijão. A equipe culpou os dois pilotos e isso deixou Ricciardo frustrado, sentindo que havia perdido espaço dentro do time. Ao fim do ano, o australiano assinou com a Renault e deixou os austríacos.
Mansell x Piquet (Williams)
O ponto chave que azedou a convivência pacífica entre o brasileiro e o britânico na Williams foi o acidente de Frank Williams, que ficou de fora do restante da temporada de 1986. A ausência do chefe da equipe, fez com que Nelson Piquet perdesse seu grande apoiador no time, que passou a privilegiar Nigel Mansell. A guerra foi tão intensa que as equipes de mecânicos e engenheiros acabaram sendo divididas dentro da garagem.
Perez x Ocon (Force India / Racing Point)
Dois pilotos 'carne de pescoço' juntos na mesma equipe, em um momento que ambos tentam mostrar ao mundo da F1 que são merecedores de um carro de ponta. A parceria entre Sergio Pérez e Esteban Ocon nasceu conflituosa, mas a postura dos dois pilotos ajudou, e muito, no que seria uma sucessão de acidentes que resultaram na equipe proibindo (sem sucesso) disputas por posições entre eles.
Jones x Reutemann (Williams)
Carlos Reutemann não encontrou nenhum tapete vermelho de boas-vindas colocado para ele pelo titular da equipe. Alan Jones não gostou da ideia de dividir pontos com um companheiro de equipe rápido, apesar de Carlos ter concordado em desempenhar um papel de subserviente de número dois. Então, Jones, ciente de quão forte era seu Williams FW07B em 1980, veio a ressentir-se do fato de que seu companheiro de equipe caiu para o "modo 90 por cento" e não estava tirando mais pontos do rival do título, Nelson Piquet de Brabham. Finalmente, a tensão explodiu após a segunda etapa de 1981, no Brasil, quando Reutemann desobedeceu as ordens da equipe, ignorou o lembrete no quadro de avisos da Williams e venceu Jones.
Alonso x Hamilton (Mclaren)
Um bicampeão e um novato talentoso juntos criaram uma das maiores rivalidades internas da história. Lewis Hamilton chegou na McLaren desafiando Fernando Alonso, que exigia ser privilegiado por conta do peso de seus títulos. O ponto sem volta da disputa aconteceu no GP da Hungria, quando sentindo que a equipe estava beneficiando o inglês, o espanhol deliberadamente atrapalhou o companheiro na parada dos boxes. O ano acabou com dois vice-campeões que perderam o título por um ponto para Kimi Raikkonen.
Senna x Prost (McLaren)
O estopim da lendária rivalidade entre Ayrton Senna e Alain Prost foi a desobediência do brasileiro a um 'acordo de cavalheiros' da McLaren de não disputar a primeira curva das provas. O incidente aconteceu no GP de San Marino de 1989, quando o brasileiro retomou a liderança da prova.
Senna, pole position e que era líder da prova até então, relargou pior que o companheiro Alain Prost na segunda saída e deu o troco no francês na primeira freada da prova, na curva Tosa – algo que deixou Alain furioso, já que não esperava o ataque do companheiro brasileiro devido ao acordo.
Este foi o início da rivalidade mais clássica da história da F1. Toda a animosidade envolvida na disputa dos títulos de 1989 e 1990 iniciou exatamente naquele ponto.
Prost x Mansell (Ferrari)
Há duas linhas de pensamento: ou Prost era um mestre em dobrar uma equipe à sua vontade em detrimento de seu companheiro, ou ele era um gênio absoluto em jogos mentais. Quando Prost se juntou à Ferrari para a temporada de 1990, fugindo de sua turbulenta parceria com Senna na McLaren, Mansell já estava abrigado e acreditava ser um piloto número um. O britânico jogou as luvas no ar - literalmente - e anunciou que iria se aposentar do esporte, enfurecido com o que achava que Prost (que se dera ao trabalho de aprender italiano, ao contrário de Mansell) virou a equipe contra ele a ponto de ganhar tratamento e equipamentos preferenciais.
Vettel x Webber (Red Bull)
Após o embate no GP da Turquia de 2010, esta foi sempre uma relação tensa. Então veio episódio “Multi 21” quando Vettel ignorou o comando da equipe para ganhar a corrida. Desde que se aposentou da F1, Webber acusou Vettel em sua autobiografia de arrogante.
Senna x De Angelis (Lotus)
Como uma janela para o futuro, Senna jogou suas primeiras cartas políticas em 1985, intimidando o gerenciamento da equipe Lotus a concentrar suas energias nele, em vez do carismático Elio de Angelis. Senna conseguiu persuadir a equipe a trocar o renomado engenheiro Nigel Stepney e alguns mecânicos que ele cobiçava em seu carro, e de Angelis logo se sentiu minado no que outrora fora sua "casa". Após a decisão do italiano de partir para Brabham (uma associação que terminaria em circunstâncias trágicas), Senna insistiu em um companheiro subserviente e assim vetou a escolha do time de Derek Warwick, sua vantagem sendo que se Warwick fosse contratado, ele também iria embora e se juntar a Brabham. Imagine a alegria de Angelis se isso tivesse acontecido!
Prost x Arnoux (Renault)
Durante os anos de 1979 e 1980, Arnoux cumpriu a imensa promessa que demonstrou em categorias de acesso, conseguindo suas duas primeiras vitórias, algumas poles e jogando com o tecnicamente experiente Jean-Pierre Jabouille na Renault. Quando Jabouille quebrou as pernas em um acidente, a Renault assinou a jovem arma Alain Prost para 1981, e o segundo ano da F1 imediatamente obscureceu Arnoux em termos de vitórias, ritmo e consistência. Uma rivalidade começou a ferver. Então, em 1982, Arnoux recuperou sua forma, mas permaneceu infeliz, então o título da equipe voltou a ficar com Prost, mas em Paul Ricard, Arnoux ignorou um acordo pré-corrida para deixar Prost à frente e vencer. Ele foi para a Ferrari em 1983.
Hamilton x Rosberg (Mercedes)
Hamilton e Rosberg eram bons companheiros de equipe em seus anos de kart. Apesar de suas origens muito diferentes, eles também jogavam futebol, jogos de computador e tênis de mesa. Mas anos depois, eles se tornaram companheiros de equipe da Mercedes na F1, e tudo deu errado. Mesmo depois da aposentadoria de Rosberg, ainda precisamos ver muitas evidências de que eles estão saindo novamente e jogando jogos de computador juntos novamente.
Gilles x Pironi (Ferrari)
O altamente promissor Didier Pironi chegou à Ferrari em 1981 para substituir Jody Scheckter e se juntou ao arrojado Gilles Villeneuve no que deveria ter sido um dos mais fortes pares da F1 nos anos 1980. Embora ele tenha encontrado Gilles como um companheiro de boas-vindas e divertido, inicialmente Pironi teve dificuldades em seu novo ambiente, especialmente com o turbo da Ferrari. Didier ficou surpreso ao ser rodado por seu companheiro de equipe em Mônaco. Ele era um personagem calculista e gostava do pessoal da Ferrari. Isto provou ser crucial no GP de San Marino de 1982, que Pironi venceu ao passar Villeneuve na última volta, apesar de um pit stop lento ser mostrado para ambos os pilotos, e as ordens da equipe da Ferrari eram que quem estivesse à frente quando a equipe assumisse as posições 1-2 deveria ser o vencedor. Pironi estava tentando transformar seu próprio time contra ele. O chefe da equipe, Marco Piccinnini, disse depois que Didier não havia feito nada errado. Gilles levaria essa raiva para o túmulo. Tendo prometido nunca mais falaria com Pironi, Villeneuve tinha acabado de ver seu companheiro de equipe com uma vantagem de 0s1 na classificação em Zolder, quando iniciou sua segunda tentativa. Então, um mal-entendido em uma volta lenta, uma decisão em frações de segundo e, de repente, o piloto mais rápido do mundo se foi.
Lauda x Reutemann (Ferrari)
Depois do famoso acidente em Nurburgring em 1976, Niki Lauda ficou furioso quando a Ferrari escalou Reutemann. Lauda saiu da cama doente, obrigando a Ferrari a ter três carros em Monza, e superou prontamente seus colegas de equipe. Perguntado no ano seguinte se ele considerava Reutemann um companheiro de equipe ou um rival, Lauda respondeu: “Nenhum dos dois.” Reutemann venceu o segundo round de 1977, mas Lauda acabou ganhando o campeonato, quando seu companheiro de equipe caiu para o quarto lugar.
Pizzonia x Webber (Jaguar)
O brasileiro e o australiano dividiram o box em 2003, na Jaguar. Enquanto Webber tinha bons resultados, Pizzonia sofria para alcançar o companheiro. Além disso, o piloto de Manaus perdeu suporte com a saída de Niki Lauda da equipe.
Entre os dois não houve problema na pista. A situação ficou insustentável nos bastidores. Conforme Pizzonia se afundava, Webber dava corda na má fase do brasileiro, inclusive publicamente. Foram muitas as declarações de que o manauara atrapalhava o time. Quando foi demitido da Jaguar, Webber celebrou: "Tenho de admitir que gostaria de vê-lo fora."
Dois anos depois, Pizzonia substituiu Nick Heidfeld nas cinco provas finais da Williams, que tinha do outro lado do box justamente Mark Webber,
Vettel x Leclerc
O monegasco estreou na Ferrari em 2019 e já chegou colocando pressão sobre o tetracampeão. Logo no GP do Bahrein, segunda etapa do ano, Leclerc fez a pole e superou Vettel durante a corrida. O novato ainda foi o primeiro a vencer corridas pelo time na temporada, na Bélgica e em Monza, sendo superado por Vettel em Singapura após uma polêmica decisão da equipe em parar o alemão para troca de pneus antes do jovem prodígio. Na Rússia, a cisão entre os pilotos ficou mais explícita, após uma longa discussão de rádio por conta de uma manobra combinada antes da prova que Vettel acabou não cumprindo diretamente nurante a corrida.
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