Pizzonia x Heidfeld: a verdade sobre a disputa marcada por mentiras e até 'espionagem'
Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, brasileiro conta como perdeu vaga na Williams para alemão
A temporada 2005 da Williams na Fórmula 1 'começou' bem antes, ainda no ano de 2004, com a disputa imposta entre o brasileiro Antonio Pizzonia e o alemão Nick Heidfeld por um assento, já que a equipe mudara completamente a dupla oficial, com as saídas de Juan Pablo Montoya e Ralf Schumacher e a contratação de Mark Webber.
Mesmo tendo já participado de corridas pela escuderia britânica e feito um trabalho reconhecidamente bom, Pizzonia teve que fazer sessões de treinos contra Heidfeld para provar que era merecedor da vaga, algo considerado um "vestibular" entre ambos.
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No momento em que a disputa completa 15 anos, os dois personagens contaram bastidores inéditos sobre o conhecido episódio. Alguns detalhes são cruéis, enquanto outros são curiosos.
Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, Pizzonia relatou que tinha a palavra de Sir Frank Williams. Contra ele, a força política da BMW, que queria um piloto alemão no grid. Veja o incrível relato:
“Eu já tinha feito tudo o que podia, não só como piloto de testes, mas pelas quatro corridas que fiz. A BMW começou a colocar pressão na equipe para ter um piloto alemão, por causa da saída do Ralf Schumacher.”
“O Frank Williams disse para mim, desde a primeira vez que conversamos sobre esse assunto, que não era para eu me preocupar com política, que a BMW queria testar um piloto alemão, mas para não me preocupar porque as minhas chances eram de 99,9%. Quando ele me disse isso, eu tinha propostas da BAR e da Newman-Haas da Indy, que era a melhor equipe da época. Pensei: ‘Estou muito bem aqui, vou ser efetivado como piloto oficial’. Falei não a todos eles.”
"O tempo foi passando e eu comecei a achar que tinha algo estranho acontecendo, mas Frank novamente me disse que eu tinha 99,9% de chances de competir", acrescentou o piloto amazonense.
O tempo foi passando e o contrato para se tornar piloto oficial não vinha, chegando ao dia do lançamento do carro da equipe, em Valência, sem ninguém saber qual seria a dupla da Williams. Relembre os carros e a história da tradicional equipe na F1:
“No dia, não me lembro quem foi chamado primeiro para uma salinha no local do evento, mas acho que foi o Nick. Quando o Frank me chamou, ele disse: ‘Antonio, nós não temos condições de bater de frente com a BMW e vamos ter que colocar o Heidfeld como piloto oficial. Vamos aumentar o seu salário, mas a sua situação hoje é essa’.”
“Quando saí, internamente eu desabei. Perdi outras oportunidades, confiei 100% em um cara que admiro muito. Eu estava em um grande nível dentro da equipe, e isso ocorreu cinco minutos antes da apresentação do carro. Desanimei muito, a equipe percebeu isso durante a temporada que eu já não me interessava tanto. Acabaram contratando outro piloto de testes.”
O outro lado
Heidfeld, por sua vez, confirmou a história durante o podcast oficial da F1, Beyond the Grid, desta semana.
“Quando penso naquela época, lembro como foi difícil conseguir essa vaga”, disse Heidfeld. “Porque foi depois do meu ano na Jordan. Era Pizzonia e eu tendo uma competição antes do início da temporada. As pessoas não acreditam, mas, na verdade, nenhum de nós sabia quem conseguiria o lugar até pouco antes do início da temporada.”
“E foi só no lançamento, em que eles mostraram o carro pela primeira vez com toda a mídia que nos disseram se estaríamos ou não. E cinco minutos depois nos sentamos no palco e tivemos que dizer ‘sim, aqui estou eu’. E Pizzonia teve que dizer ‘sim, estou feliz, serei piloto reserva’. Foi louco.”
Heidfeld deu a sua visão de como foi o período em que fez o ‘vestibular’ para piloto oficial da Williams.
“Sempre acreditei em mim. Muitas pessoas diziam que acreditavam que Pizzonia pegaria a vaga, e eu era apenas parte do marketing. Eu estava com medo daquilo."
“Quando fizemos a disputa, eu estava em Jerez, em um dos meus primeiros testes para a Williams. Estávamos na pista, e ouvi Pizzonia do outro lado da parede de uma sala, e ele não sabia que eu estava lá. Eu o ouvi conversando com seu fisioterapeuta, encostei a orelha na parede e ouvi como ele já conversava com o fisioterapeuta, que lhe daria uma pequena porcentagem ou bônus quando ganhasse pontos e pódios. Para mim, foi como ‘que merda, ele já sabe que tem lugar garantido’. Então esse foi um momento um tanto louco e isso me motivou ainda mais.”
“Foi um momento difícil porque, mesmo antes da temporada começar, parecia que já havíamos passado por ela, era mentalmente muito difícil. Então cheguei na Austrália já me sentindo bastante cansado.”
Confira imagens do evento de lançamento da Williams para temporada 2005
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