O grid da Stock Car é repleto de pilotos que também atuam em outros segmentos quando não estão na pista pela maior categoria do automobilismo brasileiro. Um deles estreou em outra função no fim de semana passado, durante o GP do Brasil de F1. Max Wilson fez sua primeira aparição como comissário convidado da FIA na agitada prova do último domingo.
Wilson seguiu os passos de Felipe Giaffone, que ocupava a função de maneira mais regular, enquanto ainda competia pela Copa Truck.
Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, Wilson mostrou satisfação com a novidade.
“Não sei se um dia farei isso de novo, mas foi uma experiência muito legal, uma parte muito boa foi ter sido convidado pela CBA e FIA para participar e estar ali com os comissários da F1. Você sempre aprende alguma coisa, me senti grato e honrado pelo convite.”
Vivendo por algumas horas do outro lado, entre aqueles que fiscalizam as regras, Max afirmou que nada mudará dentro da pista, mesmo com a experiência recente.
“Não vai mudar. Quando você participa como comissário-piloto, as regras são as mesmas, o entendimento na sala de comissários é o mesmo, então não farei nada de diferente. A compreensão que eu tinha das regras, o que tento aplicar na pista é a mesma que tentei aplicar como comissário no GP do Brasil. Então, não muda nada nesse sentido.”
E para a frustração dos curiosos, os detalhes ficam entre as paredes da sala de controla: “O que conversamos, as nossas avaliações, tudo o que acontece na sala dos comissários, temos que manter em sigilo.”
Mas comentou o embate entre Charles Leclerc e Sebastian Vettel, que chegou a ser investigado, mas não rendeu penalizações.
“Falando não como comissário que trabalhou no GP do Brasil, vendo como fã de automobilismo, você observar dois companheiros de equipe envolvidos em um acidente meio bizarro, na reta, são coisas que, por um lado, quando acontece você fica um pouco surpreso, mas por outro, para quem acompanha a F1, a gente já via indícios de que uma hora aquilo iria acontecer, até porque eles já estiveram em disputas acirradas, em situações polêmicas. Acabou que em Interlagos aconteceu o que poderia ter acontecido antes.”
Demora na punição a Hamilton
Na parte final do GP do Brasil, Lewis Hamilton tocou em Alex Albon, tirando qualquer possibilidade de pódio ao tailandês. O piloto da Mercedes conseguiu completar a corrida na terceira posição, mas foi punido em cinco segundos – o que acabou o rebaixando para a sétima posição – dando o pódio a Carlos Sainz Jr. e McLaren.
Wilson explicou a demora na divulgação da penalidade de Hamilton, o que fez com que o inglês participasse do pódio e não ao do espanhol.
“Durante todo o fim de semana, quase não tivemos coisas a serem investigadas. Só que quando faltavam cinco ou oito voltas para acabar, aconteceram muitas coisas ao mesmo tempo. Tivemos o acidente das Ferraris, e tiveram investigações de abertura de asa móvel durante bandeira amarela pelo carro do Bottas, e só nisso tivemos seis ou sete carros investigados.”
“Eles foram investigando as coisas à medida em que elas iam acontecendo. A questão da abertura da asa e ter um setor em bandeira amarela, você tem que analisar a telemetria dos carros, quando ele abriu a asa se ele tirou o pé o suficiente perto da bandeira amarela, então isso tudo leva tempo, e como o acidente do Hamilton aconteceu na penúltima volta, estamos falando de dois minutos para o fim da corrida, mais uns 10, que é o que fazem depois do fim da prova antes do pódio, então não houve tempo.”
E lamentou: “Foi uma pena muito grande, principalmente pelo Carlos Sainz, primeiro pódio da McLaren depois de vários anos, foi uma infelicidade. Nos sentimos mal de não ter tido agilidade, mas aconteceu uma série de coisas e, infelizmente, a avaliação daquele acidente não foi antes do pódio que a McLaren e o Sainz tiveram que fazer sozinhos, algumas horas depois.”
Veja 18 curiosidades que passaram despercebidas do GP do Brasil de 2019
Desde o GP do Japão de 1991 que a Honda não fazia uma dobradinha na F1. Na ocasião, Ayrton Senna liderava a corrida e já havia garantido o tricampeonato. Nos instantes finais, o brasileiro abriu a porta e deu a vitória de presente ao companheiro, Gerhard Berger, levando o narrador da TV Globo, Galvão Bueno, aos gritos de "Eu já sabia!" - Com a vitória de Verstappen e segundo de Gasly, a marca volta a ter uma dobradinha depois de 28 anos.
No GP da Itália de 1987, Nelson Piquet e Senna protagonizaram a última dobradinha da Honda com dois carros de equipes diferentes. Piquet corria pela Williams e Senna pela Lotus, ambas equipadas com motores Honda. - Com a vitória pela Red Bull e segundo de Toro Rosso, a marca volta a ter uma dobradinha com dois carros diferentes depois de 32 anos.
Soichiro Honda nasceu em 17 de novembro de 1906 e comemoraria 113 anos se estivesse vivo para ver a vitória de Max Verstappen no Brasil. O fundador da marca japonesa, entusiasta do automobilismo, faleceu em agosto de 1991. Na foto, Soichiro posa ao lado do Honda RA270, carro da estreia da marca na F1, em 1964.
Após uma apresentação de gala na chuva em Interlagos em 2016, choveram comparações entre Ayrton Senna e Max Verstappen. O holandês voltou a brilhar na pista em 2018, quando só perdeu a vitória por um enrosco com um retardatário (Estaben Ocon). Em 2019, finalmente saiu a primeira vitória no Brasil.
Se os fãs brasileiros já fazem comparações entre Senna e Verstappen, esse dado só apimenta ainda mais a discussão. A Honda venceu apenas duas vezes em Interlagos: Em 1991 com Senna e em 2019 com Verstappen.
23 anos, 11 meses e 16 dias, era a idade média de Sebastian Vettel, Heikki Kovalainen e Robert Kubica quando subiram ao pódio do GP da Itália de 2008. Com o pódio deste fim de semana, Verstappen, Gasly e Sainz derrubaram essa marca por cerca de três meses: São exatos 23 anos, 8 meses e 23 dias.
Desde que retornou à Fórmula 1 em 1990, o autódromo de Interlagos já teve 30 edições consecutivas com 18 vencedores diferentes. Michael Schumacher é o recordista, com quatro vitórias, enquanto Alain Prost inaugurou o novo traçado em 1990 e Verstappen tornou-se o mais recente a triunfar no circuito paulistano.
Kevin Magnussen levou a McLaren ao delírio no GP da Austrália de 2014, primeira corrida do ano e estreia da jovem promessa na F1, logo com um segundo lugar. Após a prova, Daniel Ricciardo foi punido e Jenson Button se tornou o terceiro colocado da prova. Carlos Sainz Jr. foi o responsável por quebrar o incômodo jejum da segunda equipe mais vitoriosa de todos os tempos.
COm o pódio de Carlos Sainz Jr. no GP do Brasil, a Espanha alcançou seu pódio de número 100 na F1. Apesar de Fernando Alonso ser o responsável por 97 desses pódios, o primeiro foi conquistado por Alfonso de Portago, no GP da Grã-Bretanha de 1956, de Ferrari. O outro espanhol da lista é Pedro de La Rosa.
Ao longo de mais de cinco décadas de história, a McLaren já contou com motores Ford, BRM, Alfa Romeo, Porsche, Honda, Peugeot, Mercedes e atualmente utiliza os propulsores Renault. O pódio no Brasil, é o primeiro da aliança entre britânicos e franceses.
Antes de subir ao pódio no Brasil, a Renault havia subido ao pódio pela última vez no GP de Abu Dhabi de 2018. No entanto, por conta da relação conflituosa com a Red Bull, nos registros oficiais consta que o motor é da Tag Heuer, patrocinadora da equipe que adquiriu o direito de chamar o motor francês de seu.
Antes do segundo lugar de Pierre Gasly em Interlagos, a última vez que um francês subiu ao pódio na F1 foi no GP da Bélgica de 2015, quando Romain Grosjean, de Lotus, conquistou o último de seus 10 pódios na categoria, até o momento.
A última vez que a F1 viu um pódio sem Ferrari ou Mercedes foi no GP dos Estados Unidos de 2013. Na ocasião, a prova foi vencida por Sebastian Vettel, que teve Mark Webber e Romain Grosjean a seu lado. Em Interlagos, a Mercedes, com Hamilton, chegou a subir ao pódio, mas o britânico foi punido por tocar em Alex Albon e acabou perdendo o posto para carlos Sainz Jr.
A prova de 2019 contou com a maior quantidade de fãs presentes no autódromo desde a prova de 2001. No último fim de semana, Interlagos reuniu 158.213 espectadores nas arquibancadas, número inferior apenas aos 174 mil presentes na edição de 2001.
A icônico cor laranja da McLaren é alvo da paixão de muitos dos fãs da equipe, que estreou na F1 com essa cor e foi gradualmente diminuindo a presença da cor em seu chassi. O último pódio de um carro da equipe que tinha o laranja no esquema principal de cores foi no GP do Canadá em 1973, com Peter Revson.
A Renault subiu ao pódio em Interlagos pela primeira vez em 1980, com a vitória da equipe com Jean Pierre Jabouille. De lá para cá, a equipe acumula 27 pódios no circuito paulistano. A conta também é extra-oficial, já que a Red Bull usou o nome Tag Heuer nos motores franceses em duas ocasiões em que esteve no pódio. A Ferrari, que ficou de fora do pódio em 2019, viu sua marca ser igualada pelos franceses com o terceiro lugar de Carlos Sainz Jr.
A Alfa Romeu deixou a F1 como equipe própria em 1985, mas aquela temporada foi marcada por abandonos e resultados fracos. O terceiro lugar de Ricardo Patrese no GP da Itália de 1984 é a última marca relevante da equipe, que terminou em 4º com Kimi Raikkonen em Interlagos.
A engenheira de estratégia da Red Bull, Hannah Schmitz, se tornou a primeira mulher a subir ao alto do pódio no GP do Brasil, como representante da equipe. Apesar de outras mulheres já terem tido a mesma honra na categoria, foi a primeira vez que isso aconteceu em terras brasileiras.