Todt, sobre segurança no trânsito: "podemos vencer essa luta"
Presidente da Federação Internacional de Automobilismo diz que salvar vidas nas ruas e estradas é possível, mas mensagem precisa chegar à população
O número de mortes em acidentes de trânsito ao redor do planeta é simliar ao número de mortes por doenças como AIDS, malária e tuberculose. As vidas perdidas em acidentes de trânsito ainda são vistas como perdas aceitáveis, um efeito colateral da dependência da sociedade em relação aos automóveis.
Pensar que a morte de uma criança a cada três minutos - 500 por dia e 186 mil por ano - se constitui em uma perda aceitável é um absurdo. Pensar que isso não pode ser evitado é pensar pequeno, explicou Jean Todt, presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) em um evento sobre segurança nas estradas na Cidade do México, na última quinta-feira (29).
“Temos as respostas. Podemos eliminar acidentes de trânsito próximos às escolas. Não é uma fantasia, é uma questão de se colocar a mão na massa. Com o suporte político adequado, temos exemplos de progressos significativos: no início dos anos 90, mais de 1.500 crianças morreram a caminho das escolas, por ano, na Coreia do Sul. Desde 2010, caiu para menos de 100 mortes - queda de 95%. Ainda assim, quase 100 mortes ainda é um número elevado", disse.
O presidente da FIA explicou quais as medidas tomadas na Coreia do Sul: criação de mais de 13 mil zonas escolares com um limite de velocidade de 30 km/h, lombadas e câmeras de vigilância; 10 horas de educação no trânsito para as crianças; penas mais duras para motoristas que causarem acidentes nas zonas escolares.
Na Coreia do Sul, segundo Todt destacou “a segurança das crianças nas proximidades das escolas se tornou questão de segurança nacional. Precisamos nos certificar de que essa questão seja uma prioridade para cada governo ao redor do planeta."
Esforços significativos feitos no México
No México, os acidentes de trânsito lideram as causas de mortes de crianças entre cinco e nove anos. Há, no entanto, um grande esforço para os padrões de segurança nas ruas e estradas.
Figuras públicas ao mundo do automobilismo, como os pilotos Sergio Perez e Esteban Gutierrez , o vice-presidente da FIA, Jose Abed, além do empresário Carlos Slim e pessoas ligadas ao governo estiveram no evento com o objetivo de espalhar a mensagem para o maior número de pessoas possível.
Embora cada um possa monitorar o próprio comportamento no trânsito, uma mudança efetiva a nível global pede um esforço global, como o presidente da FIA destacou.
“Todos têm um papel a exercer. A nível nacional, governos devem continuar a protagonizar as ações porque apenas eles têm todas as ferramentas necessárias para mudar as leis e aplicá-las. Mas associações civis e a FIA precisam continuar tomando iniciativas importantes".
“A nível regional, precisamos continuar incentivando a cooperação entre as instituições para aperfeiçoar a coleta de dados. Isso é crucial para que possamos aplicar de maneira eficiente os fundos reservados para campanhas de segurança no trânsito."
"A nível global, precisamos nos certificar de que a segurança no trânsito é prioridade em todos os programas governamentais. É importante que tenhamos a certeza de que os governos cumpram as promessas - com eles nos mostrando de forma clara indicadores mensuráveis para que monitoremos o progresso e implementação desses programas."
“Podemos vencer essa luta. Com vontade política, cooperação, divulgação e aplicação de recursos financeiros, tenho certeza de que, juntos, seremos bem-sucedidos.", afirmou.
Espalhando a mensagem ao mundo
Financiar uma campanha sobre segurança nas ruas - que não é algo, digamos, que atraia as pessoas de imediato - é sempre um desafio. Todt reconhece isso, mas afirma que trazer um novo olhar para a questão pode resolver esse problema.
“A segurança no trânsito sofre com falta de visibilidade e de recursos. Uma de nossas prioridades é encontrar uma forma inovadora de financiar soluções para a questão. Imagine, por exemplo, que para cada carro vendido, um dólar fosse direcionado para um fundo de segurança no trânsito."
“Vá mais longe e imagine que isso se estendesse para alguns centavos do valor de cada aluguel de carro, compra de acessórios, seguro, pneus, navegadores GPS, enfim. Com 75 milhões de carros vendidos ao redor do planeta todo ano, uma medida como essa poderia revolucionar os meios que temos atualmente para enfrentar esta crise", completou Todt.
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