Análise: F1 está errada em usar motores híbridos?
O atual ano trouxe uma novidade para a F1: a "silly season" (temporada de fofocas) de motores. Parece que a categoria tomou o rumo errado em algum ponto, como analisa Jonathan Noble
O paddock da Fórmula 1, nesta época do ano, está sempre intoxicado com conversas sobre quem vai para qual equipe no próximo ano. No entanto, em 2015, todos os rumores não estão focados no mercado de pilotos, mas sim no de propulsores. Foi inaugurada a "silly season" de motores.
A caçada da Red Bull por motores, a proposta de compra da Renault sobre a Lotus, o sofrimento da Honda e o prospecto de ter a Mercedes e a Ferrari repartindo as equipes médias e pequenas do grid, tudo isso significa que a unidade de potência tomou uma dimensão muito maior do que deveria ter.
É um fato que as políticas sobre motores parecem ser o coração de tudo o que fez soar algum alarme na F1: os motores turbo híbridos são bons para o esporte, em uma análise de longo termo?
Impacto negativo
Estamos assistindo ao aumento nos custos das equipes-cliente, que recentemente empurrou a Caterham abismo abaixo, deixou a Manor muito perto disso e fez com que Sauber, Lotus e Force India enfrentassem tempos difíceis.
Há problemas na competitividade também. É bastante óbvio para o mundo que a Mercedes dominou do início ao fim esta era, com raras exceções. E como a equipe já trabalha meticulosamente no carro de 2016, é provável que a sua dominância continue por um bom tempo. Isso não é bom para os planos de Bernie Ecclestone de atrair mais audiência.
A Mercedes fez um trabalho sensacional no motor, e quando estes novos V6 turbo híbridos estão trabalhando no seu melhor, são brilhantes. Eles são rápidos em linha reta, eles soam perfeitamente bem e a sua eficiência energética é maravilhosa.
O problema real é que uma montadora fez um trabalho muito melhor do que todo o resto, e isso traz consequências negativas para o resto da F1.
Regras são falhas
As regras que existem atualmente são extremamente complicadas e trazem problemas que certamente não foram previstos antes da elaboração do regulamento. Por exemplo, uma categoria deveria se ver em uma situação em que deve aplicar 168 punições no grid de largada, como aconteceu em Monza?
O sistema de tokens, pensado para manter os custos sob controle, também não trabalhou para o bem do esporte, pois deixou aqueles que estão atrás sem ferramentas para melhorar. É justo para a F1 que a Honda tenha de esperar uma temporada inteira para fazer modificações significativas no seu propulsor?
Que mensagem as outras montadoras que um dia já planejaram ingressar na F1 recebem quando assistem a grandes marcas como Renault e Honda enfrentar críticas públicas das suas equipes?
Os novos regulamentos híbridos foram vistos como essenciais para a F1, para que novas fabricantes pudessem entrar, e que se visse uma era de competição jamais vista.
No momento, a F1 vê uma situação em que não é impossível que a Honda e a Renault simplesmente abandonem o esporte, deixando apenas a Mercedes e a Ferrari controlando o grid. Além disso, há a ameça da Red Bull de deixar a categoria, caso não consiga um motor competitivo para 2016.
E qualquer um que siga a história do automobilismo mundial, sabe que quando uma série se torna apenas uma competição de duas marcas gastando uma fortuna, ela não tem um grande futuro em vista. Veja o exemplo do World Sportscar Championship (ITC)
Um novo caminho
Enquanto a F1 marcha para o que espera ser um novo futuro, com carros mais rápidos e desafiadores em 2017, seria um erro ignorar a situação dos motores. Há muita gente esperando que a VW/Audi receba luz verde nos próximos anos para ingressar na categoria, mas os problemas globais devem atrasar ou até mesmo vetar isso.
Pessoalmente, eu não acho que abandonar os híbridos e voltar aos V8 seja a solução. Talvez, seja hora da F1 se mover para o meio termo. Manter os bons avanços de tecnologia, mas cortar os custos, para garantir a competitividade e um futuro sustentável a todos.
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