Análise

Análise técnica: O ganho alarmante de velocidade que causou mudanças nos carros da F1 em 2021

A evolução da velocidade nos carros ao longo da era turbo híbrida tornou-se preocupante para a Pirelli

Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11, Valtteri Bottas, Mercedes F1 W11

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Em 2021, as equipes da Fórmula 1 podem ter que usar o mesmo chassi de 2020, mas isso não parou a categoria de introduzir algumas importantes mudanças no regulamento. Isso se deu por conta da evolução natural dos projetos e, com isso, teremos mudanças no assoalho e outros componentes visando uma redução da performance.

O alvo dessas mudanças, que incluem a remoção de uma área do assoalho e novos limites nas dimensões dos dutos de freios e difusores, é o downforce, mirando uma redução em cerca de 10%.

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O motivador dessa mudança é o fato de que os pneus da Pirelli estavam sendo colocado a prova, com forças cada vez maiores graças aos ganhos de performance que as equipes encontravam.

Os tempos de volta mais rápidos, aliado ao fato do carro atual ser o mais pesado da história da F1, significou que os carros tinham que lidar com a maior carga de força já vista na categoria.

Isso acabou abrindo a porta para um risco maior de falhas nos pneus, como vimos no GP da Grã-Bretanha do ano passado, com Silverstone sendo uma das pistas mais duras para os carros com suas curvas de alta. O final da corrida foi marcado por diversos furos e estouros de pneus.

Para minimizar os perigos que as falhas nos pneus causavam, a Pirelli viu como única opção aumentar cada vez mais a pressão mínima dos pneus, o que foi ótimo para manter a robustez do composto, mas era odiado pelos pilotos, que sentiam como se estivessem andando com balões excessivamente inflados.

Sem mudanças para reduzir o downforce em 2021, havia o risco de que as equipes obtivessem ganhos que tornariam a situação ainda pior para os pneus, mesmo com o regulamento bastante engessado.

Como dito pelo chefe da Pirelli na F1, Mario Isola, próximo do final do ano, as mudanças eram necessárias.

"Obviamente, se considerarmos que daqui até o fim de 2021 as equipes têm a habilidade de desenvolver muito o carro. Podemos chegar ao fim de 2021 com uma carga absurdamente alta".

"Por isso, somos obrigados a aumentar a pressão a um ponto onde temos degradação, superaquecimento e formação de bolhas a um nível que não gostamos. Acredito que esse seja o movimento correto a seguir [redução de downforce]".

Carlos Sainz Jr., McLaren MCL35, heads into the pits with a front puncture

Carlos Sainz Jr., McLaren MCL35, heads into the pits with a front puncture

Photo by: Andy Hone / Motorsport Images

Mas enquanto os pilotos podem sofrer com o fato de que os carros de 2021 serão um pouco mais lentos, uma olhada rápida para os dados de temporadas passadas indicam porquê a FIA sentiu que precisava reagir.

Se compararmos os tempos de volta em Silverstone, porque o layout tem sido consistente nos últimos anos, fica claro o quão mais rápidos os carros estão. Veja abaixo os tempos da pole position para o GP da Grã-Bretanha durante a era dos motores turbo híbridos.

2014: 01min35s766

2015: 01min32s248

2016: 01min29s287

2017: 01min26s600

2018: 01min25s892

2019: 01min25s093

2020: 01min24s303

Enquanto a comparação precisa ser colocada em contexto, com a classificação de 2014 sendo realizada com pista molhada, mesmo assim é possível notar um progresso astronômico em poucos anos.

Sem nenhuma mudanças em aerodinâmica para esse ano, tudo indicava que os ganhos levariam os tempos de volta para a casa de 01min23s, o que significaria uma carga ainda maior em cima dos pneus.

A esperança é que as mudanças no regulamento de aerodinâmica, aliado a pneus mais robustos da Pirelli, baixem os tempos de volta a um ponto que garanta um ano sem problemas. Os compostos mais duros devem ser cerca de um segundo mais lentos por volta, e muitos especialistas sugerem que as mudanças no assoalho devem baixar o tempo ainda mais do que já era esperado.

Mas com muito tempo ainda pela frente antes da pré-temporada no Bahrein, as equipes vão dar o seu melhor para tentar recuperar o máximo de terreno perdido. A Red Bull, por exemplo, visa recuperar sua performance ao ponto em que terminou a temporada passada.

"O objetivo é manter o nível de downforce do final de 2020", disse o consultor da Red Bull Helmut Marko. "Vamos perder cerca de 20%".

Mas, julgando pelo que algumas equipes encontraram em seus túneis de vento nos últimos meses, chegar minimamente próximo dos tempos de volta agressivos que vimos nos últimos anos será um grande desafio para qualquer um.

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Jonathan Noble
Fórmula 1
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