Análise

AVALIAÇÃO: Novos gráficos da F1 dão agilidade à transmissão

Felipe Motta, editor-chefe do Motorsport.com Brasil, disseca as novidades do pacote gráfico que foram apresentadas durante transmissão do primeiro fim de semana da F1 na Austrália

The drivers lined up on the grid for the start

The drivers lined up on the grid for the start

Sam Bloxham / Motorsport Images

A temporada da Fórmula 1 começou no último domingo. Junto dos novos carros, pilotos e regulamento, estreou também o novo pacote gráfico da transmissão oficial. As novidades trouxeram novo ritmo à cobertura, ainda que alguns elementos tenham sido mal explorados.

O Motorsport.com avaliou as artes utilizadas do pré-corrida ao pódio.

Pré-corrida

A vinheta de abertura com os pilotos posando de formas variadas tem ótimo acabamento. Ela os apresenta aos pares, das equipes menores, até chegar às principais estrelas. Os três últimos são, na ordem, Max Verstappen, Sebastian Vettel e Lewis Hamilton. O pentacampeão surge como o herói (ou seria o vilão?) a ser batido. Trabalho muito bem feito!

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Quando o traçado da pista é exibido, surgem inúmeras informações que ganham um aspecto quase estético, já que pela velocidade em que são apresentados, é impossível o telespectador selecionar tudo que é passado. Convenhamos, aqueles que pretendem compreender as particularidades de Albert Park (ou de qualquer outra pista) já buscaram outras ferramentas, como sites especializados e apps.

O ponto alto deste momento em que o layout aparece conforme a linha de progressão no traçado acontece, avançando curva após curva. Em três momentos, acidentes foram retomados, o que gera brilho: a batida entre Massa e Coulthard na curva 1, em 2008, foi uma das lembranças. Senti falta de manobras importantes, embora o GP da Austrália conte com mais pancadas do que grandes ultrapassagens. A ver as próximas corridas.

Na sequência, a transmissão exibiu um gráfico específico dos pneus Pirelli, com a cidade de Melbourne ao fundo (visual excelente!). As informações nessa tela eram didáticas e de fácil leitura do telespectador, mostrando a diferença de performance do pneu mais macio para o médio e duro (na Austrália, no caso, eram de 0.9 e 1.5s).

A TV Camera operator

A TV Camera operator

Photo by: Sam Bloxham / LAT Images

Volta de apresentação

A tela dos pneus pede o complemento sobre as janelas de pitstop, que só chega alguns segundos depois, já na volta de apresentação. A informação vem completa, com as possibilidades tanto de quem largaria com os mais macios, como aqueles que optaram pelos mais duros.

Durante a volta de apresentação, algumas informações surgem na tela. Na corrida de domingo, ressaltaram que o pole venceu uma vez nos últimos sete GPs da Austrália e que Bottas largaria na primeira fila pela primeira vez em Melbourne. Por muito tempo da volta de formação do grid, a tela ficou sem informação, mas não é papel da transmissão dar todas as curiosidades na tela. De novo, quem busca esse tipo de notícia tem os devidos canais para encontrá-la.

Quando os pilotos já estavam na última curva, antes da largada, pintou a informação de que a volta mais rápida volta a valer ponto para o campeonato mundial, desde que o piloto responsável pelo giro mais veloz esteja no top-10.

Corrida

A corrida trouxe formatos já conhecidos, outros com "evoluções" e algumas novidades. A volta mais rápida, sempre quando registrada, surgia com destaque no centro da tela, além de um relógio roxo ficar ao lado do gráfico no canto esquerdo da tela, onde estavam todos os pilotos, de 1 a 20, com a diferença entre eles, como já é padrão há alguns anos.

A câmera onboard ficou com visual ainda mais impressionante. A "máscara" usada utilizando o halo como moldura, que deixa o carro com aspecto de nave espacial,  ficou mais completa. Nela, constam, como foi no ano passado, as informações de aceleração, frenagem e trocas de marcha. A novidade é que foram acrescentados agora os nomes de quem está à frente e atrás do piloto em que "pegamos carona".

Um alerta surgiu na tela no momento em que a janela de entrada no pit stop foi aberta. A informação, ainda que simples, agrega muito ao telespectador, uma vez que pode passar batido pela equipe que faz a transmissão.

A melhor novidade foi o gráfico que projeta qual piloto tem mais chance de ficar a frente quando dois deles estavam em disputa param em momentos distintos, tanto que o próprio Galvão Bueno ressaltou durante a narração: "essa é nova, hein Reginaldo". No caso, o comparativo foi feito no duelo entre Sergio Pérez e Daniil Kvyat. O mexicano parou antes e foi aí que surgiram as artes dos dois carros mostrando de forma milesimal quem estaria ficando à frente. Ao lado, constava a porcentagem que Kvyat tinha de sair dos boxes quando parasse adiante do Pérez.

Daniil Kvyat, Toro Rosso STR14, leaves his pit box after a stop

Daniil Kvyat, Toro Rosso STR14, leaves his pit box after a stop

Photo by: Steven Tee / LAT Images

No entanto, embora fosse um gráfico excelente, a utilização ainda não foi adequada. A informação foi jogada na tela como se apenas buscasse "exibir" a novidade. Tanto que quando Kvyat parou, talvez por ser uma disputa de meio de pelotão (o russo acabaria nos pontos), a geração não registrou. Sendo assim, para confirmar se a projeção deu certo (sim, deu mesmo) o telespectador precisaria ficar atento ao lado esquerdo da tela. De qualquer forma, a novidade é ótima e impactou na estreia. Agora é buscar uma utilização mais funcional para o recurso.

Na hora em que Valtteri Bottas se preparava para sua parada, surgiu um gráfico informando a vantagem dele para Lewis Hamilton, que era de 33 segundos. A informação era válida, especialmente para quem pegou a prova em andamento e não sabia que Lewis era o rival direto na disputa naquele momento.

Um detalhe interessante, especialmente para telespectadores mais leigos ou menos focados na prova, é que de quando em quando o gráfico fixo do canto da tela com as posições "emparelha" as disputas diretas na pista. O recurso é utilizado com a expressão BATALHAS NA PISTAS e os pilotos são agrupados no gráfico. Antes, quando ficavam apenas os tempos entre eles, já era possível verificar isso, mas o fã precisava checar o tempo entre os pilotos. Agora, surge um alerta aos "desavisados". O famoso "entre esses aqui, o pau tá comendo".

Sebastian Vettel, Ferrari SF90, leads Charles Leclerc, Ferrari SF90

Sebastian Vettel, Ferrari SF90, leads Charles Leclerc, Ferrari SF90

Photo by: Jerry Andre / Sutton Images

Uma última evolução pintou no momento em que Vettel via Charles Leclerc crescer no retrovisor de sua Ferrari. O gráfico que mostra a diferença nas últimas voltas entre um piloto e outro ficou mais intuitivo, embora mostre quase as mesmas coisas. O fato dele ser vertical, e não horizontal, ficou mais clean e óbvio, facilitando a compreensão de fãs mais desatentos ou menos familiarizados com o esporte.

Seja como for, desde a chegada da Liberty à Fórmula 1, a busca por melhores condições nas transmissões virou constante. Ano após ano, o apaixonado pela categoria máxima da velocidade recebe um carga maior de informação na tela, o que ajuda a compreensão da leitura da corrida. Antes, era comum um fã pensar "mas como esse cara foi parar aí". Isso ainda pode acontecer, mas com os dados apresentados, mais a avaliação dos profissionais que fazem a cobertura em seus respectivos países, a transmissão da Fórmula 1 atingiu alto padrão de estética.

Que venham as próximas evoluções!

AVALIAÇÃO: ***** (EXCELENTE)

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