Análise
Fórmula 1 GP da Áustria

F1: Como a Ferrari venceu na Áustria após 'espiar' a Red Bull no sábado

Apenas 24 horas se passaram entre uma derrota e uma vitória retumbante

Carlos Sainz, Ferrari, inspects the car of his rival, pole man Max Verstappen, Red Bull Racing,

Carlos Sainz e Charles Leclerc, superados ​​por Max Verstappen na corrida sprint de sábado em Spielberg, notaram que o desgaste de pneus da Red Bull era maior do que o observado na Ferrari. Foi nesse momento que os pilotos de Maranello perceberam que o GP da Áustria de Fórmula 1 ainda não estava perdido. No briefing, os engenheiros vermelhos tomaram nota das indicações dos competidores e lançaram uma nova simulação com dados que apontavam para queda da Red Bull.

Dito e feito. E a corrida vencida por Leclerc no Red Bull Ring levou o monegasco à quinta vitória de sua carreira. Tudo com um 'precedente': no final da sprint, enquanto as entrevistas dos três primeiros ocorriam, Charles e seu companheiro espanhol foram ver os pneus do RB18 de Verstappen.

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As duas Ferraris, que vinham brigando entre si nas primeiras voltas da sprint, não se mantiveram a menos de 1s do holandês, portanto dentro da janela de ativação do DRS (asa móvel), permitindo que Verstappen ganhasse uma distância segura, dando até a impressão de que o campeão mundial de 2021 e líder de 2022 estava controlando a corrida, com alguma margem de manobra caso Leclerc se aproximasse.

O fim do sábado mostrava uma Ferrari derrotada na casa da Red Bull e era fácil prever uma prova semelhante também na corrida de 71 voltas de domingo. Não foi assim: no topo do pódio estava Leclerc, com uma Ferrari que parecia estar de volta à performance do início da temporada, quando ditava o ritmo graças a um perfeito controle do consumo de pneus. Então, como foi possível a 'transformação' do carro vermelho, de azarão na corrida de sábado para dominador no domingo?

Pódio do GP da Áustria de F1 em 2022

Pódio do GP da Áustria de F1 em 2022

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

A perspicácia de Sainz (registrada pelo Motorsport Images na foto destaque deste artigo enquanto ele 'esquadrinhava' os pneus de Max após a corrida sprint de sábado) e também de Leclerc (veja abaixo) 'acenderam' a esperança ferrarista. 

Leclerc observa o carro de Verstappen

Leclerc observa o carro de Verstappen

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

O fato é que a Red Bull inicialmente conseguiu esconder seu problema com os pneus, já que no sábado o tanque de Verstappen estava leve, diferentemente do caso de domingo (106 kg de gasolina), que escancarou o déficit do RB18 frente aos F1-75 no cenário mais pesado do GP em si.

E o carro austríaco tem uma virtude: nas primeiras duas ou três voltas ele consegue disparar a temperatura dos pneus quase imediatamente, trazendo as borrachas para a janela de operação adequada, dando aos pilotos a oportunidade de construir uma vantagem para evitar o DRS alheio.

Mas o diretor de estratégia da Ferrari, Iñaki Rueda, aproveitou o feedback de Sainz e Leclerc para se reabilitar dos erros com Leclerc em Silverstone e Mônaco. Com as informações recebidas de seus competidores, o espanhol fez uma nova simulação da corrida de domingo, gerando otimismo.

Para melhorar a entrada em curva do F1-75 e corrigir a ligeira subviragem, decidiu-se aumentar o downforce da asa dianteira, talvez muito descarregada na sprint. O desafio era apostar em uma queda no desempenho da Red Bull, que de fato ocorreu pontualmente no GP, independentemente das borrachas que Verstappen usou durante a corrida. E a leve queda de temperatura (três graus de diferença entre sábado e domingo) foi favorável para Maranello, funcionando como a cereja no bolo.

Porque então Charles Leclerc cuidou de tudo com um 'comportamento de corrida' extraordinário que levou o monegasco a ultrapassar Verstappen três vezes na pista, estando o holandês incapaz de reagir à clara superioridade da Ferrari.

Charles Leclerc, Ferrari F1-75, Max Verstappen, Red Bull Racing RB18

Charles Leclerc, Ferrari F1-75, Max Verstappen, Red Bull Racing RB18

Photo by: Andy Hone / Motorsport Images

O monegasco pressionou seu rival desde o início, forçando-o a manter um ritmo que fez os pneus se desgastarem mais cedo do que o esperado, atrapalhando os planos da Red Bull com uma tática friamente determinada na mesa ferrarista.

Apenas 24 horas se passaram entre uma derrota e uma vitória retumbante: não há dúvida de que a Red Bull fez algo errado no set-up e agora terá de curar as feridas do revés em casa, mas é igualmente verdade que a Ferrari mostrou que é uma equipe pronta para dar a volta por cima em um fim de semana que, se tivesse premiado a equipe de energéticos, teria dado um rumo claro ao campeonato mundial.

Já o chefe da Red Bull, Christian Horner, afirmou que os rumos da temporada serão conhecidos em Monza, embora o dirigente britânico creia que sua equipe deva estar na liderança, enquanto seu rival na Ferrari, Mattia Binotto, prevê uma temporada muito apertada até o último GP. O italiano falou abertamente que o time de Maranello lutará até o fim pelos títulos... A ver se a confiabilidade vai permitir: o abandono de Sainz após incêndio no motor do espanhol liga mais um sinal de alerta.

Ferrari F1-75 de Sainz após incêndio no motor que causou o abandono do espanhol em Spielberg

Ferrari F1-75 de Sainz após incêndio no motor que causou o abandono do espanhol em Spielberg

Photo by: Andy Hone / Motorsport Images

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