F1 - Raios, inundações e lagartos: Como o GP de Miami se prepara para os perigos naturais da Flórida
Além dos desafios naturais para pistas localizadas em centros urbanos, as condições climáticas de Miami forçaram a organização a pensar em outras soluções
O Autódromo Internacional de Miami, casa do novo GP de Fórmula 1 na costa leste dos Estados Unidos, tomou passos extras em precaução contra os perigos naturais que existem no sul da Flórida.
Por ser uma arena movimentada, a realização do Aberto de Tênis de Miami exigiu que um trecho da curva 3 à 5 recebesse grama artificial, para evitar qualquer dano potencial dos espectadores, e placas de plástico de proteção de pista foram colocadas para as entregas dos caminhões de hospitalidade, já que as quadras foram posicionadas em várias áreas ao redor da pista.
Miami track build overview
Photo by: Charles Bradley
Enquanto o Open de Miami terminou em 03 de abril, permitindo que a equipe da Apex Circuit Design tivesse acesso total à pista novamente, outro tipo de impacto que não tem como sumir é o mundo natural. Stephen Ross, dono do Hard Rock Stadium e do Miami Dolphins, é bem meticuloso sobre como que a arena se liga com o que está ao redor.
"O dono, Sr. Ross, ama ambientes verdes e paisagismo", disse Sam Worthy, diretor de projeto da Apex. "O próprio estádio tem um esforço muito particular para ter o máximo de vegetação possível, especialmente árvores antigas".
"Então todas as árvores que se projetam naturalmente sobre nossa pista, tentamos manter o máximo de galhos no lugar, mantendo sua cobertura de folhas. Certamente parece muito bom. São poucos circuitos ao redor do mundo com algo assim, e discutimos isso com a FIA, que esteve aqui em três momentos diferentes. Eles também ficaram felizes".
Miami track overview
Photo by: Charles Bradley
"Um desafio tem sido levantar fisicamente as barreiras anti-detrito ao redor delas e, ao mesmo tempo, usar procedimentos que garantam que não existam galhos soltos que possam cair".
Muitas das árvores em questão estão na reta oposta de 320km/h entre as curvas 16 e 17. Paralelo à reta de 1.2km de extensão existe um canal chamado Snake Creek, que se estende até Maule Lake em North Miami Beach e, onde quer que você olhe na água, possivelmente encontrará iguanas verdes selvagens que podem crescer até 1,8m de comprimento e pesar mais de 20 quilos.
Green iguana
Photo by: Helen Bradley
Worthy acrescentou: "Certamente não queremos ver uma iguana gigante caindo em cima dos pilotos, porque isso seria um problema! Quando esfria aqui, eles podem simplesmente cair das árvores porque são animais de sangue frio que 'desligam'. Isso não é um problema em maio, mas eles ainda podem escalar as árvores ou entrar na pista".
"Temos protocolos em vigor para que os fiscais andem ao redor e mexam nas aberturas [dos muros de concreto] para garantir que nenhum se esconda ali ou suba nas árvores. É uma situação bem única para se lidar".
"Há também algumas aves aquáticas, patos e cobras. Mas as iguanas são o nosso maior problema. Assim, os fiscais receberão redes para as iguanas, e o foco será na captura, soltando-as depois em algum lugar longe da pista".
Enquanto as iguanas são espécies invasoras da Flórida, há outros fenômenos naturais que tendem a aparecer com mais frequência no verão e meses próximos, como as tempestades de raios. Grandes tempestades elétricas podem levar ainda a inundações repentinas e, por isso, a Apex vem trabalhando com nomes importantes do setor para lidar com essa ameaça, já que a pista fica a poucos quilômetros do ar e tem um lençol freático extremamente alto.
Miami track overview
Photo by: Charles Bradley
"Você não verá um sistema de drenagem como o nosso em nenhuma outra pista ainda", disse Worthy. Trabalhamos com a ACO para projetá-los para esta pista de Miami. Como estamos tão próximos do lençol freático, precisamos de tudo o mais raso possível para nos dar a capacidade de mover a água com eficiência para longe".
"Um sistema tradicional de ranhura é fundo, então estes movem a água para os tubos de drenagem em uma posição muito mais alta que o normal e, portanto, podemos percorrer distâncias maiores com uma alimentação por gravidade".
"Há um sistema de drenagem muito eficiente por toda a pista [incluindo vastos tanques de armazenamento abaixo do estádio]. As soluções que desenvolvemos em conjunto com a ACO trabalham bem com as zebras e têm um visual legal".
A previsão do tempo coloca uma chance de chuva para o domingo de 40%, com possibilidade de pancadas aumentando a partir do horário de largada, às 15h30, horário local (16h30 em Brasília).
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