Fórmula 1: Newey revela que recusou a Ferrari em quatro oportunidades
Diretor técnico da Red Bull foi procurado em algumas oportunidades pela Ferrari - quatro no total - e chegou a negar oferta com o dobro do salário
Adrian Newey revelou em entrevista a filial italiana da Sky que foi cortejado pela Ferrari ao longo dos anos em que está na Fórmula 1. Ele recebeu ofertas do time de Maranello, seja durante seu período como diretor-técnico da Red Bull quanto antes. O engenheiro admitiu que considerou aceitar uma dessas ofertas, mas o fato, como é sabido, é que ele rejeitou todas as propostas – quatro, segundo Newey.
“Foi muito tentador trabalhar para a Ferrari. É uma marca legendária”, declarou Newey. “A época em que foi mais tentador foi em 1993 e 1997, quando fui da Williams para a McLaren. Foi uma decisão bem complicada”, prosseguiu.
“Meus filhos eram pequenos e não tinha ideia de como seria estudarem em uma escola na Itália. Se eu tivesse ido a uma equipe na Itália, como é o caso da Ferrari, iria para viver com minha família e isso influenciou”, continuou.
Essa proposta em 1993 não foi a primeira que a Ferrari fez a ele. Em 1985, de acordo com Newey, ele recebeu uma oferta para ser diretor de design para um novo projeto da equipe na Fórmula Indy. “Eles estavam considerando naquele momento. Então, tive uma visita secreta a Maranello, mas, no final, não chegaram a nada”, destacou.
O então jovem projetista era engenheiro de corridas de Bobby Rahal na equipe March da Indy. Conhecimento que valeria ouro para a Ferrari, mas o projeto não saiu do papel. Nesta época, Newey ainda não tinha resultados de destaque na F1.
1993: A segunda oferta da Ferrari
Oito anos depois, quando a Williams era campeã mundial com Nigel Mansell, teria Alain Prost em seu cockpit e a combinação Williams-Renault dominava a F1, as coisas eram diferentes. Jean Todt tomava as rédeas da Ferrari e fez uma oferta ao engenheiro, que logo rechaçou.
Em seu livro, Newey recorda: “Nos pegaram no aeroporto de Bolonha e nos levaram discretamente a casa de campo de Jean, onde Gerhard Berger nos esperava, entre outros. Jean queria um novo diretor técnica e oferecia condições muito atrativas, mas logo quis saber o que ele pensava de Michael Schumacher e queriam contratá-lo para 1996”.
Newey recusou a oferta e disse que o fator foi a lealdade a Ayrton Senna. “Seria um sacrilégio trabalhar com Michael tão pouco depois da morte de Ayrton. Schumacher era, sem dúvidas, um piloto a ser temido pelos rivais e provavelmente o melhor naquele momento, mas não tinha esquecido Ímola e as conversas com Ayrton, que, provavelmente, tinha se dado conta de algum truque de Schumacher”.
Michael Schumacher ser a razão pela qual Newey não acertou com a Ferrari parece irônico, mas o enfrentamente entre ambos se tornou uma rivalidade na F1. Primeiro quando Schumacher duelou com Damon Hill na Williams e depois no duelo contra Mika Hakkinen na McLaren, visto que ele foi para McLaren em 1997.
2014: salário astronômico para Newey
A tentativa mais pesada por parte da Ferrari teria sido em 2014. Em seu livro, o dirigente explica: “eles já tinham me cortejado antes, mas foram pesados. Fui para a Itália me reunir com Luca di Montezemolo, então presidente da Ferrari, na Toscana. Negociamos uma oferta muito generosa. Luca queria confiarme toda a marca Ferrari: carros esportivos e de competição”.
“Poderia ter disfrutado de um estilo de vida de uma estrela de cinema e com um salário incrível, muitos mais que o dobro do que recebia na Red Bull. A decisão foi muito difícil para mim. Passei muitas noites em claro, dando voltas em minha cabeça. A família, as diferentes culturas e formas de trabalhar, as possibilidade de êxito ou fracasso e suas consequências”, completou.
“No final, agradeci Luca e rejeitei. Por quê? Boa pergunta. Uma razão era a família, tinha de pensar nos filhos, cada um seguindo seu próprio caminho, e minha relação com Mandy. Tudo isso influenciou, mas no que diz respeito a trabalho, tudo se reduziu a uma constatação: não queria deixar a Red Bull, era minha casa depois de tudo”, pontuou.
Newey diz que Ferrari não é mais opção
Na entrevista a Sky, o engenheiro declarou que poderia ir para a Ferrari “se tivesse 20 anos a menos”. Ele destacou que hoje disfruta de liberdade dentro da Red Bull e que vai se aposentar por ali, ao menos quando o assunto é Fórmula 1.
Recentemente, Newey renovou seu contrato, que, provavelmente, deve ser seu último. “Tenho 64 anos e mudar de equipe dá muito trabalho, como se adaptar e assimilar os processo”, finalizou.
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