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Michelin diz que poderia “recriar guerra de pneus” na F1

Fabricante francesa diz que é possível ter mudança mesmo se ela estivesse como fornecedora única na categoria

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A Michelin afirmou que poderia oferecer aos fãs da F1 os benefícios de uma guerra de pneus mesmo como fornecedora única caso os dirigentes da categoria decidam que esse é o caminho a seguir.

A fabricante francesa manteve um olho próximo nos desenvolvidos da F1 desde que ela deixou a categoria, ao fim de 2006, mas recentemente optou por não entrar na concorrência para o fornecimento de pneus de 2020 a 2023 por não ter gostado do que foi oferecido.

A Michelin deixou claro que os custos de produzir pneus para rodas de 13 polegadas para apenas um ano, aliado à exigência de compostos de alto desgaste, não se encaixava com a política de sua empresa.

Ao refletir em sua decisão e no que poderia fazer a Michelin mudar de ideia no futuro, seu chefe de automobilismo, Pascal Couasnon, sugeriu que o interesse real da Michelin na F1 seria em entregar algo diferente.

Couasnon acredita que o sucesso que a Michelin teve na MotoGP, onde há uma variedade de escolha de pneus, ajudou a deixar as corridas imprevisíveis, o que mostra o que a F1 deveria ter no futuro.

“A F1 é boa hoje? Essa seria minha pergunta”, disse Couasnon, em entrevista exclusiva ao Motorsport.com.

“O esporte e a fabricante [de pneus] teriam de arriscar. Olhe a MotoGP: levamos três tipos de pneus para a frente e a traseira, e os pilotos podem escolher. Então, você termina a corrida com três combinações diferentes no pódio.”

“O melhor elogio que já recebemos dos jornalistas é que a Michelin recriou a guerra de pneus com apenas uma única fornecedora, e é isso que adoraríamos fazer na F1.”

“Não vamos nos esquecer das corridas de endurance, por exemplo. Nos GTs, entregamos pneus específicos para cada carros, porque há diferenças entre Ferrari, Porsche, Aston e Corvette. E ninguém reclama, porque trabalhamos duro para dar o melhor pacote possível, então todos podem lutar. Essa é a filosofia que gostaríamos de trazer à F1.”

Michelin tyre

Michelin tyre

Photo by: Gold and Goose / LAT Images

Couasnon disse que a decisão da FIA em impor pneus para rodas de 13 polegadas por uma única temporada, em 2019, e a determinação de pneus de grane desgaste deixou sua empresa sem alternativa a não ser retirar sua candidatura.

“Quando fomos informados dos elementos básicos da proposta, nós olhamos e rapidamente vimos que poderia haver sérios obstáculos”, disse Couasnon.

“Obviamente, o primeiro deles era o fato de que teríamos de iniciar um desenvolvimento de rodas de 13 polegadas [para 2019], o que não fazia sentido. Isso traria muito custo a algo sobre o qual a Michelin tinha uma posição muito clara.”

“Orçamentos são restritos e precisamos garantir que usamos o dinheiro em algo que seja útil para o automobilismo, mas também útil para o carro do amanhã. Então, esse era um obstáculo muito sério para começar.”

“Mesmo assim, ficamos encorajados com o fato de que a F1 levou em consideração a proposta da Michelin [de pneus para rodas de 18 polegadas] que fizemos em 2010 e que nós conseguimos implementar na Fórmula E.”

Além do problema com a dimensão das rodas, Couasnon deixou claro que sua empresa não está confortável com o tipo de pneu de alto desgaste que a FIA quer ter.

“O segundo problema em termos de filosofia era ter pneus de grande desgaste, e, novamente, era algo ao qual não éramos favoráveis: gastar recursos técnicos e dinheiro para algo que não é útil para o motorista do amanhã.”

“A Michelin quer usar a tecnologia para ajudar o show. Não estamos dizendo que, tudo bem, é a tecnologia pela tecnologia e não importa.”

“Vemos isso na Fórmula E, no endurance, que é possível ter uma briga, um bom show, com ótimos pneus. A chave é desenvolver um pacote que ajude o piloto a mostrar seu talento e lutar.”

“Não acreditamos que os pneus de desgaste para construir uma estratégia artificial seja o melhor caminho para ir com os pneus.”

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