Nasr 'treinador' de Kvyat e Sainz Jr? Confira história curiosa
Se já é difícil ver um piloto de F1 treinando outro, imagine treinar dois. Sim, aconteceu em 2009. Quem conta história que envolve Felipe Nasr, Daniil Kvyat e Carlos Sainz Jr. é Oleg Karpov
Felipe Nasr, Carlos Sainz Jr. e Daniil Kvyat, todos na F1 atualmente - representando Sauber, Toro Rosso e Red Bull, nesta ordem - já se encontraram no passado, em uma situação totalmente diferente: o brasileiro foi o 'treinador' do espanhol e do russo, que substituiriam ele e Daniel Juncadella na equipe Eurointernational, que disputava a Fórmula BMW Europeia com apoio da Red Bull, para a temporada 2010.
No ano anterior, Nasr dominou o campeonato - apenas em duas das 16 etapas o piloto terminou abaixo do segundo lugar - e conquistou o título.
Em 2010, entretanto, o brasiliense estava de mudança para a Fórmula 3 britânica e Juncadella a caminho da GP3, então Antonio Ferrari, chefe da Eurointernational, precisava de novos pilotos para o time e avisou Dr. Helmut Marko, consultor da Red Bull, que Kvyat e Sainz Jr. eram os escolhidos dele para integrar a equipe.
"Eu disse a Dr. Marko: 'Estes (Kvyat e Sainz Jr.) são os pilotos com quem quero contar'. Tinha um sentimento especial pelos dois, o mesmo que senti quando escolhi Nasr", disse. Marko concordou com as indicações, mas Ferrari optou por colocar a dupla na pista de testes antes da decisão final.
Varano – onde tudo começou
O teste da dupla que integraria a Eurointernational aconteceu no autódromo Riccardo Paletti, em Varano, na Itália, no segundo semestre de 2009. Quando Kvyat e Sainz Jr. chegaram à pista, não eram os únicos pilotos presentes: Nasr também estava no circuito, a pedido de Ferrari, para ser o 'treinador' da dupla.
"Sim, eu me lembro daquele dia. Antes disso, Ferrari veio até mim e disse: 'Há dois garotos muito talentosos, vindos do kart, que vamos testar em Varano'. Então ele me perguntou se eu poderia comparecer ao teste e ajudá-los com algumas orientações, já que seria a primeira vez de ambos em monopostos. Os dois a que ele se referia eram Daniil Kvyat e Carlos Sainz Jr. Hoje estamos juntos na F1, o que faz eu me sentir um pouco velho", disse.
"Na época, fui o professor deles por ser mais experiente, mas ficou claro ali mesmo que os dois eram muito talentosos, então estou feliz porque eles chegaram à F1", afirmou.
"Colocaram um calço no assento dele"
"Lembro-me, quando andamos pela primeira vez, estávamos muito distantes do ritmo de Felipe. Eu ainda vejo claramente o tempo dele, ele foi dois segundos mais veloz do que nós. 'Meu Deus, sou péssimo!', pensei". Felipe completou cerca de 200 voltas ele e conhecia o carro muito bem. Eu e Daniil estávamos dando o máximo e, aos poucos, chegamos lá", disse Sainz Jr.
Um dia de atividades esteve longe de ser o suficiente para o russo e o espanhol acompanharem o ritmo do melhor piloto da Fórmula BMW Europeia, mas foi o bastante para mostrar para o futuro chefe o potencial da dupla.
"A única coisa de que me lembro é que os dois eram muito magros. Eu não conseguia ver os dois pilotando um monoposto, especialmente Daniil, que parecia um menino de 12! Colocaram um calço no assento dele, caso contrário ele sequer enxergaria a pista. Além disso, um monoposto é muito mais exigente do que um kart, você se cansa mais rápido. Mas eles se adaptaram bem e evoluíram", afirmou o brasileiro.
Calos e dor
Ao falar do calço no assento, Kvyat mostrou bom humor. "Não me lembro de nada disso! Eu era muito magro, mas o assento era normal. Acho que Felipe estava sonhando. Mas, sim, ele nos ajudou demais. Monopostos são bem diferentes de karts, então ele nos ensinou o básico", disse o russo.
Como reduzir, como frear, como atacar as zebras, etc. As orientações dele foram de grande valia. Então, se precisar de qualquer conselho agora, ele pode me procurar", afirmou, entre risadas.
O piloto, hoje na Red Bull, relembra o quanto o teste foi exigente, fisicamente falando. "Eu fiquei bem cansado naquele dia. Fiquei com calos nas mãos por causa do volante e da troca de marchas. Sentia dores no corpo inteiro, mas a sensação ao final do dia foi boa, pois a equipe me disse que eu tinha feito um bom trabalho", completou.
Recorde
"Quando levamos um piloto para Varano pela primeira vez, ele dificilmente faz tempos abaixo de 1min13s. Sempre pensávamos: se o piloto chegasse a 1min12s5, teria feito um bom trabalho. No dia em que Sainz e Kvyat estiveram lá pela primeira vez, ambos registraram voltas na casa de 1min09s. O recorde, naquela época, pertencia a Robert Wickens, hoje no DTM: 1min07s47. Então eu liguei para o Dr. Marko e relatei: 'É isso, esses dois são especiais'.", disse Ferrari.
Meses depois de acertarem com a Eurointernational, tanto Sainz Jr. como Kvyat voltaram a Varano para tentar superar o recorde estabelecido por Wickens e ambos conseguiram. O espanhol registrou 1min07s26, enquanto o russo cravou 1min07s13, marca que jamais foi batida.
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