O que está por trás da oscilação do preço das ações da Aston Martin e da ligação com Toto Wolff
A confirmação do investimento bilionário de Lawrence Stroll deveria ser um momento de alívio para a empresa, mas foi seguido por um período de incertezas
Com o consórcio de Lawrence Stroll, Yew Tree, trazendo algum músculo financeiro para a Aston Martin, incluindo uma injeção de cerca de 1,7 bilhão de reais, e os acionistas aprovando um plano para uma equipe oficial da Aston Martin na Fórmula 1, deveria ter sido uma situação de vitória para todos os envolvidos.
Mas, nestes momentos de incerteza com uma pandemia global colocando pressão nos negócios, mesmo esses números não foram suficientes para levantar a escuridão.
No contexto de alerta da empresa que ela não tinha capital para sobreviver nos próximos 12 meses, mesmo com a participação de Stroll como futuro presidente executivo, a menos que mudasse de caminho e encontrasse ainda mais dinheiro, o mercado de ações deu seu veredicto sobre o que tudo isso significava.
Com o preço das ações negociadas em torno de 14 reais antes da Assembléia Geral que aprovou o Plano Stroll, as notícia de alerta de capital deixaram os investidores preocupados. Um dia depois, ela caiu rapidamente, cerca de quatro reais, antes de recuperar aproximadamente seis reais no dia seguinte.
Desde então, no entanto, as coisas pareciam ter se estabilizado em meio a sinais de menores turbulências nos mercados de ações mais importantes. Na manhã de quarta-feira, o preço das ações da Aston
Desde então, no entanto, as coisas pareciam ter se estabilizado em meio a sinais de muito menos turbulência nos mercados de ações mais amplos.
É claro que estes não são tempos fáceis para qualquer fabricante de automóveis, mas são os fabricantes de luxo que podem sofrer mais quando a economia começar a se recuperar.
No entanto, a Aston Martin se vê sob os holofotes mais do que as outras, porque está embarcando em um novo capítulo neste momento. Além disso, está colocando os holofotes em si mesma, porque, no momento em que alguns rivais podem estar questionando o momento e seu envolvimento com a F1, ela está aumentando sua presença.
Lawrence Stroll, Owner, Racing Point and Lance Stroll, Racing Point
Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images
Como parte do investimento original de Stroll, a Aston Martin vai retirar seu patrocínio master da Red Bull (que pode valer cerca de 130 milhões de reais) para a Racing Point a partir de 2021, que levará à equipe a trocar de nome para Aston Martin Racing.
Apenas um dia após a queda do preço das ações, Lawrence Stroll fez uma sessão de perguntas e respostas para deixar claro que o projeto da F1 continuaria como o planejado.
"Uma marca com o pedigree e a história da Aston Martin precisa estar competindo no nível mais alto do esporte a motor", disse. "Eu acho que esse é o momento mais excitante da história recente da Fórmula 1, e é incrivelmente animador para todos os investidores do esporte, e especialmente os fãs".
Ele acrescentou: "O holofote global da Fórmula 1 é o melhor que existe e vamos usar esse alcance para mostrar a marca da Aston Martin em nossos mercados chave".
Mas mesmo com a proposta original de dez anos, e quatro anos de comprometimento de patrocínio garantido, ainda existe a possibilidade de que não consiga escapar completamente das pressões financeiras que podem causar da empresa-mãe.
Se as finanças estiverem sob stress extremo, gastar 130 milhões de reais por ano em um projeto de F1 pode não ser visto como necessidade. É por isso que o sucesso dos negócios de carros de turismo da Aston e suas ambições na F1 não podem ser vistos isoladamente.
Stroll já havia cavado nos seus bolsos antes da erupção da pandemia do Covid-19. Além do plano de investimento mais amplo, em fevereiro, o Consórcio Yew Tree forneceu 355 milhões de reais em suporte de capital de giro a curto prazo.
A chave para o que acontece com o projeto da Aston Martin na F1 a longo prazo será o que Stroll é capaz de fazer com a parte financeira dos carros de passeio.
No curto prazo, a Aston Martin falou em empréstimos e outros instrumentos financeiros para passar pelos próximos 12 meses. Mas precisará de um plano melhor a longo prazo.
Um boato que circula há vários meses é que Stroll havia abordado Toto Wolff, chefe da Mercedes, para usar suas habilidades de gerenciamento, que ajudaram a Mercedes a vencer seis títulos duplos consecutivos na F1. Houve até boatos de que Wolff poderia ser o novo CEO da Aston Martin.
Mas, nos últimos dias, Wolff deixou claro que sua prioridade é fechar um contrato para continuar na Mercedes. Ele negou os rumores sobre ter um papel formal na Aston Martin ou assumir qualquer investimento "estratégico" na equipe.
Questionado sobre as especulações de seu futuro na Mercedes, ele falou ao jornal austríaco Osterreich: "Na maioria das histórias sobre isso, as pessoas somam 1 + 1 e transformam o resultado em 3".
"Qual é o meu status atual? Minha participação na Mercedes é sólida, meu contrato acaba apenas no final de 2020 e estamos em boas discussões sobre o que ainda queremos fazer juntos. Estamos discutindo. Mas isso foi deixado de lado pelo corona. Neste momento, todos temos problemas maiores para resolver - problemas humanos na empresa".
Toto Wolff, Executive Director (Business), Mercedes AMG
Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images
Ele acrescentou: "Não vou me tornar o CEO da Aston Martin, e não vou fazer um investimento estratégico".
Mas não fazer um investimento estratégico ou ter um papel formal não impede Wolff de se envolver financeiramente em uma escala menor.
Ele e Stroll são bons amigos e fontes já indicaram que um investimento pessoal pode estar nos planos. Mas um acordo desses não seria em uma escala que mudaria a situação da Aston Martin.
Enquanto um envolvimento pessoal de Wolff com outra empresa do ramo seria incomum considerando seu foco na Mercedes, não representaria um conflito de interesses, então não impactaria com suas chances de ficar na montadora alemã.
A Daimler já é uma acionista da Aston Martin, tendo feito um acordo em 2013 de 5% das ações (sem direito de voto) em troca de fornecimento, para sua próxima geração de carros, motores de alta performance e componentes eletrônicos.
A Daimler é, nesse momento, a maior fornecedora da Aston Martin, e, como confirmado no prospecto da Aston na semana passada, tem um veto sob qualquer parceria futura de investimento.
"Os vários acordos que regem o relacionamento de fornecedor entre a Daimler e a Aston Martin Lagonda impõem certas restrições que têm como efeito limitar a capacidade do Grupo de obter investimentos de determinados concorrentes estratégicos da Daimler ou de outras partes restritas, sem o consentimento da Daimler", diz o documento.
"Se certos concorrentes estratégicos da Daimler adquirirem participação ou certas partes restritas adquirirem uma participação especificada na Companhia sem o consentimento da Daimler, a Aston Martin Lagonda ou a Daimler poderão notificar por pelo menos três anos que os principais acordos operacionais que regem os acordos comerciais e de fornecimento entre a Daimler e o grupo será encerrado".
Isso significa efetivamente que, caso exista algum plano de investimento extra - que envolva Wolff ou não - só pode acontecer com a bênção da Daimler.
Outro rumor recente é que o ex-CEO da Lotus, Dany Bahar, também apresentou um plano de investimento para Stroll, que ajudaria a transformar a Aston Martin. Rumores indicam que uma das ideias de Bahar era atrair patrocinadores chineses e afastar a Aston Martin do foco em produção de carro e mudar a direção para máquinas mais exóticas.
É difícil determinar quanto desse plano é verdadeiro, mas Bahar se recusou a comentar sobre qualquer envolvimento em potencial que ele possa ter, e a Aston Martin também não comentou sobre o assunto.
Em um mundo que muda rapidamente, que também enfrenta um desafio sem precedentes, é difícil para qualquer empresa ter certeza sobre qual será o seu futuro em algumas semanas, quanto mais meses e anos.
Os carros de estrada ou as operações de F1 da Aston Martin não estão alheias a isso, razão pela qual ainda enfrenta obstáculos consideráveis em curto e longo prazo.
Mas, para Stroll, que obteve sucesso comercial com várias empresas, incluindo Tommy Hilfiger e Michael Kors, as atuais dores de cabeça de curto prazo não o desviam de sua ambição a longo prazo.
"Estou comprometido com a Fórmula 1 e tenho uma visão a longo prazo, e esta é apenas uma pausa temporária na jornada", disse ele.
Aston Martin logo
Photo by: Alexander Trienitz
GALERIA: Os carros da Force India / Racing Point na F1
VÍDEO: Por que a Aston Martin voltará para a Fórmula 1 em 2021
PODCAST: Há vida feliz fora da Fórmula 1?
Faça parte da comunidade Motorsport
Join the conversationCompartilhe ou salve este artigo
Principais comentários
Inscreva-se e acesse Motorsport.com com seu ad-blocker.
Da Fórmula 1 ao MotoGP relatamos diretamente do paddock porque amamos nosso esporte, assim como você. A fim de continuar entregando nosso jornalismo especializado, nosso site usa publicidade. Ainda assim, queremos dar a você a oportunidade de desfrutar de um site sem anúncios, e continuar usando seu bloqueador de anúncios.