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Prost sobre Senna: “sei de algumas coisas que nunca vou falar”

Tetracampeão do mundo abre o jogo em relação com ex-rival brasileiro e detalha personalidade “estranha e especial”

World Champion Alain Prost, Williams, and race winner Ayrton Senna, McLaren, during the post race press conference

A maior rivalidade de todos os tempos na Fórmula 1 parece estar para sempre destinada a ser a do brasileiro Ayrton Senna e do francês Alain Prost, durante os anos de 1988 a 1990, quando ambos disputaram o campeonato por três vezes seguidas, com confrontos dentro e fora das pistas.

No entanto, antes disso, Prost havia sido peça chave na chegada de Senna à McLaren, segundo o próprio francês diz. Falando ao podcast oficial da Fórmula 1, Beyond the Grid, no entanto, Prost diz que não se arrepende de tal feito, apesar da inimizade criada com Senna naquele momento.

“Ele era uma pessoa estranha e especial”, disse Alain. "Toda a semana me perguntam algo sobre Senna. O que tivemos foi grande".

“No meu caso, é muito fácil ler o que penso e falo. Era difícil julga-lo, porque você não conseguia sentar e falar. Uma vez eu o convidei para minha casa na Suíça quando estivemos no Salão de Genebra. Ele não falou uma palavra. Ele dormiu depois do almoço e fui para o salão e falei com um cara da Honda, que era meu amigo.”

“Expliquei o que aconteceu e ele disse: ‘não se preocupe, ele me disse que faria isso, porque não quer se tornar amigo seu. Ele vai lutar com você, ele não quer ser próximo’. É difícil quando você tem isso, mas você entende tudo. Mas só depois.”

Prost diz que ficou muito mais próximo a Senna após sua aposentadoria, no fim de 1993.

“Foi quando ele começou a falar. Ele falou de tudo o que passamos comigo. Ele me ligava uma ou duas vezes por semana e tínhamos conversas bem longas.”

“Ele queria que eu voltasse a correr. Quando testei a McLaren de motor Peugeot, ele falou: ‘você devia voltar’. E eu disse: ‘você quer que eu volte para chegar uma volta na minha frente. Pra que você quer que eu faça isso?’(risos). Mas nós falamos muito e eu entendi muito do lado humano, o que foi importante.”

“Não sei se dá para falar que éramos amigos, mas quando um cara como ele, muda completamente sua cabeça... quando fomos ao pódio em Adelaide (última prova de 1993), temos fotos e imagens legais disso. Naquele momento ele mudou completamente o jeito como me tratava. Alguns dias depois, ele me ligou – foi o primeiro que fez isso – e isso continuou depois durante o inverno.”

“Eu posso chamar isso de amizade, porque quando você começa a falar de vida profissional, vida pessoal, suas preocupações, os seus problemas... ele fez isso. E o que eu sempre disse: eu sei de algumas coisas que nunca vou falar. Até mesmo para a minha família, porque são segredos dele. Então, posso dizer que desta perspectiva, éramos amigos.”

“Mas não o encontrei muitas vezes. Ele não estava muito feliz com a sua vida e dentro da equipe também. Falava de achar que a Benetton estava ilegal, falou muito de segurança – algo que poucas vezes fez. Ele se tornou um tipo de pessoa... não fraca, mas diferente.”

Para Prost, Senna havia perdido um pouco o foco após a temporada de 1993.

“Ele me dizia que não conseguia se manter motivado com aqueles caras”, disse.

“Ele me disse alguns nomes (risos). O que era uma força antes se tornou uma fraqueza, mas ele continuava rápido e bom. Mas estava diferente.”

“Sua primeira motivação era me bater. Eu era o alvo. Quando ele perdeu essa motivação, esse alvo, ele tinha que encontrar um novo alvo. Ser só mais uma vez campeão do mundo, não era o suficiente. Foi o que senti. Ele tinha que encontrar objetivos na vida privada, e tudo estava confuso naquele momento.”

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