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Quem é o Raikkonen que igualará o recorde de Barrichello na F1?

Jornalista italiano do Motorsport.com, Roberto Chinchero acompanhou toda a carreira do Homem de Gelo e revela detalhes do finlandês

Kimi Raikkonen, Alfa Romeo

Kimi Raikkonen, Alfa Romeo

Charles Coates / Motorsport Images

Campeão mundial de 2007 pela Ferrari e atualmente piloto da Alfa Romeo, Kimi Raikkonen deve igualar um recorde histórico da Fórmula 1 no próximo fim de semana, quando será disputado o GP da Rússia, em Sochi. 

Neste domingo, caso participe normalmente da corrida, o finlandês completará 322 largadas na F1, igualando a marca do brasileiro Rubens Barrichello. Por isso, o Motorsport.com separou algumas curiosidades sobre o 'Homem de Gelo', que ainda não definiu se segue na categoria.

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“É apenas um número, não significa muito para mim”, disse Raikkonen sobre a iminente quebra do recorde de Rubinho. Mas, para os milhões de fãs do finlandês, ainda será um marco para comemorar.

Até porque o 'Homem de Gelo' era visto de várias formas, exceto como um dos candidatos a se tornar o piloto com mais corridas de F1. Quando fez sua estreia na categoria no GP da Austrália de 2001, Raikkonen era encarado como um menino que 'chegou lá' por acaso.

Imune ao lado glamoroso da F1, o finlandês imediatamente se destacou por sua velocidade na pista e por uma atitude única com a mídia. Suas respostas monossilábicas e as frases inquietantes pronunciadas em um tom de voz baixo imediatamente chocaram a categoria. Espanto que gerou críticas de alguns. Um erro grave, porque ninguém no paddock é mais autêntico do que Raikkonen. Ele é simplesmente Kimi.

Falar? Não, obrigado

Os pais de Kimi entenderam com antecedência que ele não era exatamente 'só mais um'. Era 1981, em Espoo, a meia hora de carro da capital Helsinque. A criança, que estava prestes a completar três anos, não falava, por isso foi encaminhada a um especialista. Após um exame minucioso, a mamãe Paula recebeu a explicação: não há nada de errado. Aliás, os testes intelectuais são melhores do que a média, ele apenas... não quer falar.

Raikkonen sempre foi introvertido e sua paixão pela velocidade virou o passaporte para conhecer o mundo. Foi o começo de uma jornada que o levaria imediatamente para longe de sua Finlândia sem que ele soubesse uma única palavra sequer em inglês.

Mas Kimi não 'apenas' competiu em mais de 300 GPs. Também viveu uma vida que ele mesmo nunca sonhou em viver. Hoje, é personagem nos comerciais de TV da Alfa Romeo, de terno escuro e com sua esposa Minttu, que teve um papel crucial na vida do piloto.

Raikkonen 2.0

Em 2008, no aeroporto de Singapura, Raikkonen se deitou na esteira para verificar a bagagem de mão, causando pânico nos seguranças que viram um esqueleto passar pelos monitores. Mas o bon vivant deu lugar a um 'jovem de 40 anos', agora menos sujeito a aprontar.

Se Kimi ainda está na F1 e ruma para se tornar o piloto que disputou o maior número de corridas na história da categoria, isso também se deve à sua nova vida. Hoje, o Homem de Gelo é um marido e pai amoroso.

Muita coisa mudou, mas a paixão original pelos motores ainda está lá e provavelmente deve haver uma forte vontade de correr, já que ele continua a suportar as desvantagens que a vida na F1 acarreta. No caso dele, relações públicas e entrevistas com a mídia.

Que levante a mão quem, ao ver Raikkonen se aposentando da F1 pela primeira vez no fim de 2009, teria pensado em ver o finlandês disputando GPs regularmente em plena temporada 2020. E o piloto ainda tem a opção de renovar para 2021, quando fará 42 anos.

Mas, se Raikkonen virou um pai de família, a autenticidade segue intocada. Depois de quebrar um jejum de mais de cinco anos sem vitória, em 2018, foi questionado sobre como era 'redescobrir' o sabor do champanhe. O Homem de Gelo respondeu de forma sucinta: "É o mesmo champanhe que o segundo ou terceiro colocado também descobriram, então tem o mesmo gosto”.

Intolerante a ordens

Hoje, Raikkonen luta no fim do grid, mas isso importa pouco para seus torcedores. Basta uma comunicação via rádio para alegrar a torcida. Kimi tem algo que vai além e que o grande público claramente entendeu: personalidade. 

Mark Arnall, seu preparador físico de longa data, vem argumentando há anos que não há maneira de fazer com que o Homem de Gelo faça algo que ele não quer. E sempre foi assim, com pouquíssimos compromissos.

Em 2000, ele participou de sua primeira temporada completa em monopostos, mas também prestou serviço militar. Foi um grande ano, mas Raikkonen também ficou no topo da lista de punições no quartel (mais de vinte dias com sanções).

Apesar disso, os compromissos esportivos do jovem piloto lhe renderam licenças para os fins de semana. E após uma vitória em Donington pela Fórmula Renault 2.0, Kimi e um colega soldado se atrasaram na volta ao quartel e chegaram com um teor alcoólico um pouco alto. 

O que fazer?

Os dois tentaram pular o muro, mas foram avistados. Enquanto seu amigo estava sendo carregado na van, Raikkonen conseguiu completar o salto, cruzou uma vala, fugiu dos cães de guarda e alcançou sua unidade, jogando-se em uma cama todo sujo de grama. Obviamente, foi capturado e questionado, respondendo com franqueza: "Se você pensar bem, o que eu consegui fazer é exatamente o que estão ensinando aqui... Fui um soldado".

Desta vez, quando Raikkonen deixar a F1, será uma despedida definitiva. Não o veremos mais no paddock, simplesmente porque não desempenhará mais a única função que o interessa na F1: pilotar. Assim, o circo da categoria passará a ser um local de absoluto desinteresse. Natural para quem, às vezes, sequer sabe quem lidera o campeonato, pois isso já não lhe pertence mais. Ele ainda vai usar capacete, sim, mas longe dos circuitos da elite do esporte a motor.

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