Burti se solidariza com morte de Hubert e relembra acidente em Spa
"Spa é fantástico para pilotar e para quem assiste, mas perigoso", disse o comentarista, que sofreu grave acidente no circuito em 2001
A morte do jovem piloto Anthoine Hubert após acidente em corrida da Fórmula 2 em Spa-Francorchamps, Bélgica, segue causando grande comoção no automobilismo. O francês de 22 anos se envolveu em fortíssima batida com Juan Manuel Corrêa na segunda volta da prova e não resistiu aos ferimentos. Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, Luciano Burti, comentarista da TV Globo que já sofreu grave acidente em Spa, analisou a fatalidade deste sábado.
O paulistano também falou sobre as características de segurança do tradicional circuito. Ex-piloto da Fórmula 1, Burti bateu com violência na pista belga em 2001, quando corria pela extinta Prost na categoria máxima do automobilismo mundial.
Relembre a carreira de Anthoine Hubert:
"Acho que a pancada do Hubert, por ser em T, acaba sendo a pior de todas, mas a minha também foi forte. Eu bati sem desacelerar, sem dissipar a energia. Bati de uma vez só e até hoje eu não sei como escapei, então é óbvio que isso veio na minha cabeça na hora que eu vi", revelou.
"Spa é um circuito antigo, fantástico para pilotar e para quem assiste, mas é perigoso, não tem jeito. O grande problema lá é a falta da área de escape. E não tem como mudar, por uma questão de relevo e espaço", ponderou o comentarista.
"São estradas, então não tem para onde ir. O exemplo é a própria curva Eau Rouge, não tem área de escape. Ali na Blanchimont, onde eu bati, ainda conseguiram melhorar a área de escape. Quando eu bati, praticamente não tinha. Depois da minha batida, até melhorou bastante".
"Não é perfeito, mas já é bem razoável. Se alguém bate forte lá hoje em dia, mesmo que o carro volte, ele não vai para o traçado, diferentemente da Eau Rouge. Esse é o grande problema lá, não é só a pancada. A batida forte, hoje em dia, os carros aguentam, o que não acontecia antigamente. O problema é que bate e volta para o traçado. Esse é o grande problema e foi o que aconteceu hoje, então é uma pena", lamentou.
"Na hora que eu vi, fiquei realmente triste. A gente nem conhece, mas é como se fosse um amigo que estivesse indo embora. Esse garoto infelizmente não teve a mesma sorte que eu, então fiquei realmente chateado. Todos os pilotos ficam muito chateados quando acontece algo assim, mas, para mim, tem esse peso por eu já ter sofrido o acidente lá, então ele vem na cabeça na hora, é impressionante", disse Burti.
"Óbvio que passa pela minha cabeça e eu penso: ‘como é que eu escapei daquela?’. É no mesmo circuito e mais ou menos na mesma gravidade. Mudou minha vida, né... Basicamente acabou a minha carreira na Fórmula 1 naquela pancada. Muita coisa mudou, mas para explicar tudo, talvez eu tenha que escrever um livro. Enfim, de qualquer modo, eu sobrevivi".
"É uma coisa que normalmente eu nem lembro. Desde que eu voltei a pilotar depois do acidente, não fico lembrando do acidente. É uma coisa que eu não fico lembrando, mas assim que eu vi a batida, foi a primeira coisa que veio à cabeça. Tô muito triste mesmo. É uma pena", completou.
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