EXCLUSIVO: Sette Câmara diz que negocia com equipes da F1, mas não descarta F-E e até outro ano de F2
Piloto brasileiro falou com exclusividade ao Motorsport.com Brasil sobre sua situação para o ano que vem
Desde 2018 sem um piloto na Fórmula 1, o Brasil tem sua chance mais próxima de voltar à principal categoria do automobilismo mundial nas mãos - e pés - de Sérgio Sette Câmara.
O mineiro de 21 anos está em sua terceira temporada na F2, principal categoria de acesso à F1, e é o piloto reserva da McLaren.
Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com Brasil, Sette Câmara falou sobre seu ano na F2, a possibilidade de ir para a Fórmula 1 - e até a Fórmula E -, a amizade com Lando Norris, a rotina de piloto e até sobre o programa de pilotos da Red Bull, do qual fez parte e recentemente teve mais uma mudança drástica de pilotos.
VEJA ABAIXO A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA
VEJA ABAIXO O TRANSCRITO DOS PRINCIPAIS TRECHOS
ANO NA F2
A maior dificuldade foi me adaptar à equipe. A Carlin e a DAMS são duas equipes de ponta, mas obtêm sucesso de forma diferentes. Uma é inglesa, outra é francesa. Eu me identificava bem mais com a forma da Carlin trabalhar. O ambiente da Carlin é bem mais leve, o carro encaixava como uma luva no meu estilo de pilotagem. Uma mistura que deu certo. Na Carlin eu sem muito esforço nos treinos já ficava entre os primeiros. E com a DAMS foi o contrário. No primeiro dia de pré-temporada, eu rodei. Havia anos não rodava sozinho num carro de formula. A gente foi melhorando, com o apoio da equipe. Foi uma progresso ao longo do ano. Espero que a gente chegue a um novo patamar nas próximas etapas. Busco melhorar e começar uma sequência boa.
Veja abaixo os resultados de Sette Câmara na F2 em 2019:
O TRABALHO COM A MCLAREN
O trabalho com a McLaren consiste em simulador e reuniões com engenheiros. No começo do ano eu pedi ajuda pra eles na questão de aquecimento de pneus. E tem a parte dos treinos na pista, que são poucos, porque na F1 hoje quase não se treina. Piloto de teste no máximo vai treinar dois dias, por aí. Acabei fazendo uma tarde no Bahrein, infelizmente andei pouco porque o carro quebrou. Mas não errei e acertei os procedimentos que tinha que acertar.
Veja como foi o teste de Sette Câmara com a McLaren em maio:
ONDE VAI ESTAR EM 2020?
Eu não sei, sinceramente. Tenho pessoas que trabalham pra mim, costumo estar informado dessas coisas, gosto de participar dessas decisões. No começo da conversa, não participo, porque eu foco no meu trabalho. Não sei de nada ligado à F1. A gente está começando a conversar pouco a pouco com algumas equipes, isso é normal, todos os pilotos de ponta da Fórmula 2 fazem isso. Não significa que vai dar em nada, mas eu espero que sim. E tentar estar na melhor categoria possível no ano que vem, seja na Fórmula 1, outra categoria, ou repetir outro ano de F2. Logicamente, não preciso nem falar, eu preferia estar na Fórmula 1 do que em qualquer outro lugar. É o ápice do automobilismo.
CONSIDERARIA A FÓRMULA E?
Gosto muito da F-E, mas sinceramente com a idade que eu estou, estou com 21 anos, acredito que eu preferia até repetir outro ano de F2, mesmo se tivesse um assento na Fórmula E. Espero que isso não seja necessário.
OS PROBLEMAS DO RELACIONAMENTO DA MCLAREN COM APETROBRAS TE PREJUDICARAM?
Não sei. Até onde sei, o approach da McLaren foi 100% independente. Eu tive o patrocínio da Petrobras em 2016, mas esse ano não, pode ser que tenha influenciado o pessoal da McLaren, mas não foi o que eles me falaram. Eu andei bem ao lado do Lando Norris, que é o pupilo deles, cheguei a estar lado a lado com ele no campeonato. Eu fiquei muito próximo e ninguém esperava isso. Eles viram e me chamaram pra ser piloto de teste. Por isso mesmo acredito que não muda muito. A Petrobras não foi a origem desse meu relacionamento com a McLaren.
AMIZADE COM NORRIS
A agenda dele é muito cheia, a minha também. Nós vivemos anos importantíssimos. Eu estou em anos decisivos, onde eu jogo meu futuro, então é importante. O Lando também. Começou bem, mas a gente já viu um monte de estrelas chegar e pifar e não fica. Ele sabe disso também. A gente mantém contato, mas pouco.
O QUE ACHA DE UMA POSSÍVEL IDA DA F1 AO RJ?
Eu não sou a melhor pessoa pra perguntar sobre isso. Depende do trabalho que será feito no Rio. As pessoas reclamam muito aqui em Interlagos da parte da segurança, mas no Rio parece ser complicado pela localização. Depende do trabalho, vai que fazem um baita trabalho. Tem pessoas mais bem informadas. Do lado do piloto, Interlagos é uma pista emblemática, é tipo Suzuka. Para os pilotos, a gente ia sentir falta. Mas tem outro lado também: os carros de Fórmula 1 estão tão rápidos hoje em dia, se não me engano ano passado virou 1min06s aqui? Está muito rápido, está tipo Red Bull Ring, virou uma pista extremamente curta. Isso fica um pouco repetitivo. Mas por outro lado é um circuito histórico, tem corridas boas, mas também tem a segurança, estrutura comparado com outros autódromos. Mas espero que quem esteja por trás disso tome as melhores decisões.
PROGRAMA DE PILOTOS DA RED BULL É INJUSTO?
Acho que certas vezes eles pecam com isso. É muito fácil pra mim falar como alguém que saiu, porque é conveniente. Mas a gente vê por exemplo o Bottas esse ano, agora ele entrou numa fase ruim, mas até então ele vinha mano a mano com o Hamilton no qualy, que é o momento em que o piloto mostra do que é feito. Mas pra isso acontecer, a Mercedes teve que ter paciência. Talvez a Red Bull tinha que ter esse lado da coisa, mas por outro lado eu entendo o que eles fazem. Se o piloto não tiver mostrando resultado, é obrigação deles dar aquela oportunidade para outros. Muitas vezes não fazer nada também é ser injusto. E foi assim que eu vi no ano que eu saí. Eu poderia reclamar, achando que foi injusto, que não me deram a chance, mas a verdade é que seria injusto me manter, eu não fiz por onde, eu não merecia outro ano nesse programa, posso até corrigir no futuro, mas naquele ano não merecia. Eles têm essa filosofia.
AUTOMOBILISMO VIRTUAL
Eu gosto dos simuladores. Esse jogo que eles (Verstappen e Norris) jogam é o iRacing, é o mais próximo possível de um simulador. É o destino dos pilotos. Eles querem brincar, mas não querem dar volta sozinho. Eu gosto de brincar ali, mas não sei como eles encontram tempo. Nos últimos meses eu nem pisei em casa, minha casa é um depósito. Eu chego pra trocar de mala e já saio para outro lugar. Na minha opinião, vai meio que pular a fase do kart. Infelizmente o kart vai dar uma caída com isso. Sair do simulador e ir pra F3, F2, acho que não.
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