Coluna do André Negrão: Indy, o desafio técnico
As 500 Milhas são uma corrida de longa duração daquela categoria. E isso muda tudo
Pessoal, vou dividir essa coluna em duas partes. Uma para esta sexta-feira (28) e outra para amanhã (29), véspera da disputa das 500 Milhas de Indianápolis. Isso por que tem muita coisa legal pra falar.
Então, vamos lá: como se trata de uma corrida de longa duração em termos de provas de Fórmula Indy, achei interessante comentar aqui algumas diferenças e similaridades entre essa prova e as etapas do Campeonato Mundial de Endurance, que eu disputo pela equipe Alpine.
Logicamente, a diferença básica é o layout das pistas. Ovais como o de Indianápolis permitem velocidades médias e, na maior parte dos casos, velocidade máximas maiores do que os traçados mistos.
Em termos de pilotagem, o desenho das pistas determina que os ovais tenham uma filosofia muito mais centrada na velocidade máxima do carro, enquanto os traçados mistos tendem a possuir foco na combinação aceleração/frenagem/retomada + aderência.
Como os mistos podem conter muitas curvas para ambos os lados, setores de baixa velocidade e até subidas e descidas, não é possível atingir as mesmas médias de velocidade dos ovais.
Dessa forma, a reaceleração nos mistos é especialmente fundamental. Nos ovais, de outro lado, com suas retas longas e poucas curvas, um foco constante é a busca pela velocidade máxima. Isso mostra como, apesar de estarmos falando do mesmo esporte, a lógica, a estratégia e os objetivos são particularmente distintos entre esses tipos de traçado.
Um ponto comum e fundamental nas 500 Milhas e nas corridas do Mundial de Endurance é a estratégia de combustível. As pessoas geralmente imaginam que fazemos o pit stop para trocar pneus e, sempre, colocar gasolina. Mas isso não é 100% verdade, por que nem sempre o consumo de combustível “casa” com o de pneus. E aí começa o jogo de xadrez.
No WEC, nós geralmente usamos um jogo de pneus para dois stints. Mas em Le Mans, um jogo pode durar até quatro stints. Tudo isso varia em função do tipo de pneu usado (temos os duros, médios e macios), da temperatura ambiente (de noite, em Le Mans, por exemplo, o asfalto está mais fresco) e também depende demais do que acontece durante a corrida (um safety car muda todos os cálculos).
É por isso que temos no box profissionais totalmente dedicados à estratégia. Embora as decisões sejam tomadas pelo engenheiro e o piloto, somos abastecidos com dados dos fornecedores de pneus em relação à combinação tipo de asfalto x condição climática daquela pista.
E também somos constantemente informados pela engenharia de motor da equipe, que monitora os níveis de consumo de combustível. Cruzando essas duas fontes com a previsão do tempo, conseguimos fazer uma projeção do que vamos fazer nas próximas voltas. Não adianta fugir da escola, todo bom piloto precisa de uma pitada de matemático também.
Amanhã vou falar sobre a Indy 500 do ponto de vista da pilotagem. Aguardo vocês e obrigado pelo apoio.
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